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Goffman e o interacionismo simbólico – Terceira parte

 
Obra em Questão: “Frame Analysis: An Essay on the Organization of Experience” (1974)
 

Nessa obra os quadros passam a ser objetos de estudo de Goffman – os fenômenos ocorrem dentro do quadro (Frame).
 
As experiências cotidianas são entendidas como construções da realidade – enquadramento e a vida social entendida como um conjunto de enquadramentos. É uma dimensão cognitiva e social.
 
Para compreender a realidade torna-se necessário compreender o quadro. O quadro estrutura o modo de interpretação e de engajamento.
 
Os indivíduos precisam compreender o quadro para não agir de forma que venha dessacramentar a face do outro.
 
O quadro seria uma forma interior que organiza a experiência – aponta um compromisso com a estrutura. A realidade não surge do nada. Goffman faz, nesse sentido, uma concessão à importância da estrutura.
 
 
Obra:
“A ordem da interação” (L’ordre de l’interation)
 
Tece um crítica aos interacionistas simbólicos. Apresenta um quadro síntese de suas teorias.  Insiste que a Sociologia deve investir nos estudos das relações face a face.
 
Retoma os dispositivos evidentes e não evidentes, as vulnerabilidade do indivíduo na interação, mas por outro lado, as interações nos permitem receber afetos transmitidos por parte dos outros. Existe fatores (frames) que nos levará a agir de uma dada forma, caso queiramos participar da cerimônia de interação.
Trabalha a questão da performace, as ocasiões sociais que podem ter micro-ocasiões dentro da ocasião maior. As ocasiões direcionariam as ações dos indivíduos.
 
Trabalha o ordem de interação e sua relação com a ordem social (a ordem da interação pode criar riscos à ordem social).  O micro não determina o macro, nem este determina aquele. O que há é uma inter-relação entre as duas dimensões. Desta forma, tece uma crítica a etnometodologia (por ignorar a ordem social).
 
Ele defende a ideia de que podemos tomar as situações – vida cotidiana – (micro-sociologias) como objeto de análises. Aquelas que são estão postas como obvias, porém marcadas por uma ordem da ação complexa.

Primeira Parte      Segunda Parte

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

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