Reflexão sobre o ENEM ai… e agora José?

 

Por Cristiano Bodart

 

O Exame Nacional do Ensino Médio/ENEM é uma preocupação para muitos jovens que sonham cursar o Ensino Superior em um Universidade Pública ou conseguir uma bolsa de estudos em uma instituição privada. Esses passam quase todo o Ensino Médio pensando no ENEM, buscando preservar na memória tudo que os professores mencionam nas aulas para que os “x” sejam marcados nos lugares corretos.

O terceiro ano do Ensino Médio é para muitos um tormento, por um lado a ansiedade de fazer a prova do ENEM, por outro o medo de não obter uma nota suficiente para alcançar seu objetivo. Fim de ano… e agora José… o ENEM está ai…

Por outro lado há aqueles que não estão tão preocupados com a inclusão no Ensino Superior, sobretudo em instituições de qualidade. Para esses há coisas mais importantes:

seus bolsos. Em síntese, estão “ENEM ai” para isso.  Não estou falando dos educandos vitimados pela Educação Básica de péssima qualidade, me refiro aos nossos políticos que não estão “ENEM ai” para a sociedade. A maior prova disso é a existência do próprio ENEM.

Frente a incapacidade de ofertar a todos os cidadãos o acesso à universidade (porque não é prioridade), cria-se provas de seleção. Tais provas possuem um mecanismo ideológico capaz de lançar ao jovem a culpa de não conseguir entrar no Ensino Superior. Assim, o ENEM e seus correlatos são, na prática, um instrumento de culpabilizar o jovem por não entrar na universidade, camuflando a realidade histórica de nosso país, marcado por políticos não estão “ENEM ai”… e agora José?

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

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