Lagartas, protestos, greves e borboletas: o que podemos aprender?

Por Roniel Sampaio Silva

 

As lagartas são bichos pouco apreciados pelas pessoas. Elas são criaturas desajeitadas, asquerosas, horrendas, famintas – geralmente não são toleradas. Ainda que em reduzido número, é comum serem combatidas perseguidas e mortas pelos algozes da esperança, pessoas que as enxergam como ameaça. Tais pessoas não vislumbram ali uma borboleta em potencial, apenas a asquerosa, horrenda e repugnante lagarta.
Quando as pessoas no geral – sobretudo os algozes da esperança – visualizam uma exuberante borboleta a voar, é como se a encantadora criatura voadora tivesse surgido do além, do nada, perfeita ali pairando majestosa sob o firmamento. Porém aquela criatura é resultado de um processo, resultado do sacrifício da asquerosa e repugnante lagarta.
Com base na fábula é possível fazer analogia com os momentos de convulsão social como greves e protestos. Muitos destes momentos foram duramente repreendidos, assim como as lagartas, mas foram a partir deles que conquistamos direitos, respeito e empoderamento.
É necessário reconhecer a importância das lagartas pra ter oportunidade de um dia apreciar a exuberância das borboletas.Como diz uma música de Accioly Neto “A lagarta rasteja até o dia em que cria asas.

Roniel Sampaio Silva

Mestre em Educação e Graduado em Ciências Sociais. Professor do Programa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – Campus Campo Maior. Dedica-se a pesquisas sobre condições de trabalho docente e desenvolve projetos relacionados ao desenvolvimento de tecnologias.

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