Coerência político-partidária

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Por Felipe Augusto Ferreira Feijão

Novamente se inicia um período de campanha política. Num momento fundamentalmente marcado por um processo incerto no que diz respeito ao futuro do País, emergem em cena, os candidatos a prefeitos e a vereadores com suas campanhas, com seus discursos, com suas propostas, e com seus acordos entre si. Diante desse cenário, se faz oportuna a averiguação de coerência política que estabelece enquadramentos que tangem desde ideologias até circunstâncias temporais ou condicionadas devido a estruturações partidárias internas.

Em meio a essa averiguação de coerência, ganha espaço como colocação subsequente o debate acerca da perca de sentido e de ideal dos partidos políticos. A observação da conjuntura nacional oferece-nos uma constatação que descamba, indubitavelmente, num pessimismo de não mais ofertar à politica a credibilidade precisa para que o desgaste do sistema seja ao menos regrado. De fato, o número inflamado de partidos existentes, por vezes vazios de respaldos históricos ou sociais, representa que a manutenção desse sistema resulta num condicionamento que dialoga com a situação atual.

E o mais fundamental nessa questão partidária, é o quase completo esvaziamento ou esquecimento do sentido e do ideal dos partidos. Dos resquícios resultantes de posturas divergentes historicamente, o desgaste da politicagem mostra seus generosos reflexos numa banalização da razão de ser e de militar dos partidos. E nessa averiguação, faz bem dizer que, a partir do momento em que acontecem uniões temporárias não condizentes com os alicerces basilares em um sentido idealista, respaldado por uma identificação tipicamente histórica e social, que visam aparentemente pura e simplesmente vantagens grupais ou pessoais não esclarecidas, é preciso adotar um posicionamento crítico sobre tal ocorrência e buscar numa visão otimista compreender as reais motivações para a formação dessa incoerência.

A coerência política dessa forma deveria ser mais prezada e receber mais atenção por parte dos personagens envolvidos na formulação de uma incoerência visando algo que não se esclarece de forma simples, mas se aproxima a justificativas proveitosas, posto que o esquecimento do testemunho partidário parece generalizado. Faz-se necessário, diante desse desacordo, uma união capaz de estabelecer uma coerência básica regente de agrupamentos que se assemelhem no discurso e na ação dos unidos.

Para que isso aconteça, uma vez que parece ser algo esquecido, é preciso uma readequação da estrutura que mantém essas circunstâncias no sentido de proporcionar ao cenário político uma nova forma, ou seja, não serão tímidas mudanças, embora possuam determinada importância, que irão respaldar o sistema de algo que deveria ser observado. Perante o enorme descrédito da política, dos políticos e dos partidos, a coerência uma vez sendo observada e efetivada, representaria um passo significativo numa tentativa de preservar os resquícios de um jeito de fazer política em extinção.

*Estudante de Filosofia – Faculdade Católica de Fortaleza

 

Indicamos também o artigo “Coerência partidária nas elites parlamentares latino-americanas”, de Leticia M. Ruiz Rodríguez e Mercedes García Montero publicado na Revista Opinião Pública em 2002. Disponível AQUI

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

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