Rituais de Iniciação

Top 5 rituais de iniciação

Os ritos de passagem estão presentes desde o início da história da humanidade, em muitas culturas eles são extremamente importantes para a formação cultural e social de uma pessoa, mas algumas dessas cerimônias são assustadoramente perigosas e já causaram a morte de crianças e adultos.
As luvas de formigas, Sateré-Mawé (Amazônia)
Dentre os rituais indígenas de iniciação um dos que mais se destaca é o das formigas tocandeiras, da tribo Sateré-Mawé. Para provar sua força e coragem o índio deve colocar as mãos dentro de luvas preenchidas com formigas tocandiras vivas que foram capturadas no dia anterior, ele não deve gritar tentar não demonstrar sofrimento. A ferroada da tocandira é conhecida por ser uma das mais terríveis entre os insetos, a dor que ela causa é comparada a um tiro de arma de fogo e o iniciado pode ter náuseas, vômitos e arritmia cardíaca. Após algum tempo as luvas são retiradas, mas a prática ainda será repetida outras 19 vezes ao longo dos meses antes que eles sejam considerados homens de verdade.
Cirurgias nos genitais para os membros da tribo Okiek (Quênia)
A tribo Okiek possui um ritual semelhante para meninos e meninas que irão entrar na idade adulta. Os meninos são circuncidados e as meninas extirpadas. Após isso ocorre um período de reclusão que dura 24 semanas onde os jovens (14 até 16 anos) não podem entrar em contato com adultos do sexo oposto. O corpo dos participantes é pintado para que eles se pareçam com animais selvagens e a iniciação só se completa quando cada jovem viu e segurou o instrumento usado para produzir o som da fera mística que os assombra durante o tempo de reclusão. Todo o ritual é perigoso, uma vez que as cirurgias são realizadas sem anestesia com instrumentos comuns e sem esterilização.
Saltando para a morte na ilha de Pentecoste (Vanuatu)
Em uma pequena ilha do Oceano Pacífico um antigo rito de passagem se transformou em atração turística. Os homens sobem em uma torre de madeira com aproximadamente 30 metros de altura semelhante a um andaime, amarram cipós nos tornozelos e saltam, chegando a uma velocidade de até 72 quilômetros por hora e em alguns casos encostando levemente a cabeça no chão. Os meninos só são autorizados a participar após serem circuncidados aos 7 ou 8 anos de idade e para começar podem saltar apenas de uma torre menor. No dia anterior ao pulo os participantes são proibidos de fazer sexo. Os cipós utilizados na cerimônia não são elásticos e um erro de cálculo na hora de medir o comprimento pode acabar resultando em ossos quebrados ou até mesmo na morte.
Circuncisão nos homens do povo Xhosa (África do Sul)
Assim que o menino tem a oportunidade de se tornar um homem ele é levado até uma barraca isolada que será a sua casa por várias semanas. No local um “cirurgião” sem qualquer preparação médica ajuda o rapaz a realizar ele mesmo à circuncisão, ou seja, a cortar o próprio prepúcio, a pele em excesso do pênis. Durante a recuperação eles só comem alimentos sólidos e evitam água a qualquer custo, uma vez que urinar é extremamente doloroso. O maior medo é das infecções e doenças sexualmente transmissíveis já que a mesma lâmina é usada por várias pessoas.
Uma iniciação com muito sangue (Papua-Nova Guiné)

Em Papua-Nova Guiné o povo Matausa acredita que se um garoto não completar sua iniciação ele sofrerá as conseqüências para o resto de sua vida. Ele nunca será considerado um homem de verdade, não será aceito como marido e jamais sentirá a honra de ser um guerreiro. O processo começa aos sete anos, quando os meninos são separados de suas mães e isolados em uma casa com outros homens. Para limpar o corpo os garotos devem ingerir cana para estimular a defecação e deslizar dois finos bastões de madeira abaixo de suas gargantas para induzir o vômito várias vezes, esvaziando todo o estômago. Depois uma coleção de paletas é inserida no nariz para causar um sangramento e expelir as más influências. Para finalizar eles devem suportar dezenas de facadas na língua. Durante todo o processo os jovens aprendem que a purificação é feita para livrá-los das impurezas das mulheres, pois só assim serão homens.

Da Primeira Comunhão Católica ao Bar Mitzvah judaico e os bailes de debutantes todos nós passamos por rituais de iniciação para nos tornarmos adultos, mesmo que sejam pouco evidentes, mas nenhum se compara aos que foram citados nesse artigo. Esses cinco ritos envolvem sangue e grandes perigos, mas acima de tudo envolvem o desejo de se fazer parte da sociedade, mesmo que isso possa lhes custar à própria vida.
E você, até onde iria para ser considerado adulto?

Fernando Williams.
Fontes: Amazônia de A a Z, Revista Náutica, Portal G1, GUS (em inglês) e os vídeos apresentados nesse artigo.
Créditos: https://fernandowilliams.com/

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

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