Estudo Errado, de Gabriel o Pensador*

Estudo Errado
Estudo Errado

Que tal discutir na aula o tema Educação se utilizando de uma música como ponto de início da discussão?  A seguir apresentamos a letra da música Estudo Errado, de Gabriel o Pensador, e alguns pontos possíveis de serem desdobrados em uma discussão. Recomendamos que o professor se aproprie de base teórica para direcionar as discussões.

Estudo errado (Gabriel, o pensador)

Eu tô aqui pra quê?
Será que é pra aprender?
Ou será que é pra sentar, me acomodar e obedecer?
Tô tentando passar de ano pro meu pai não me bater
Sem recreio de saco cheio porque eu não fiz o dever

A professora já tá de marcação porque sempre me pega
Disfarçando, espiando, colando toda prova dos colegas
E ela esfrega na minha cara um zero bem redondo
E quando chega o boletim lá em casa eu me escondo

Eu quero jogar botão, vídeo-game, bola de gude
Mas meus pais só querem que eu vá pra aula! E estude!
Então dessa vez eu vou estudar até decorar cumpádi
Pra me dar bem e minha mãe deixar ficar acordado até mais tarde
Ou quem sabe aumentar minha mesada

Pra eu comprar mais revistinha (do Cascão?)
Não. De mulher pelada
A diversão é limitada e o meu pai não tem tempo pra nada
E a entrada no cinema é censurada (vai pra casa pirralhada!)
A rua é perigosa então eu vejo televisão
(Tá lá mais um corpo estendido no chão)

Na hora do jornal eu desligo porque eu nem sei nem o que é inflação
– Ué não te ensinaram?
– Não. A maioria das matérias que eles dão eu acho inútil
Em vão, pouco interessantes, eu fico pu

Acesse a letra completa aqui

Alguns aspectos para orientar a análise da música:

1ª parte: Indaga sobre a importância de estudar.
2ª parte: É efetuada uma critica à falta de consciência política.
3ª parte: Destaca a falta de orientação dos alunos em relação à importância das matérias.
4ª parte: Critica o método alienante do Sistema de Educacional. Não existe um “porquê” de aprender, mas sim um “dever” de aprender.
5ª parte: Crítica a falta de relação, pelo menos aos olhos do aluno, entre conteúdo e mundo extra-escolar.
6ª parte: O critica o processo de mercantilização do ensino.

Determinantemente o Sistema de Ensino deve ser repensado e nesse contexto a Sociologia é de suma importância.

 

 

 

*Originalmente publicado em 28 de fevereiro de 2009, tendo sido o primeiro post do Blog café com Sociologia.

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

5 Comments

  1. Gabriel O Pensador, o considero um grande crítico da atualidade..o sistema de ensino brasileiro é alienante.. não injeta no aluno o pensamento crítico..são fórmulas..macetes e decorebas para passar no vestibular..O "EU" crítico do aluno é inibido..sufocado por aulas chatas,assuntos antigos…o bom seria ensinar o passado sim..e relacionar com a atualidade..

  2. Adorei a música do Gabriel o Pensador, pois ela nos faz refletir sobre a escola que temos e a escola que queremos ter para nós e para os nossos filhos. Sendo este "nós", primeiramnte na condição de alunos, depois como pai de alunos e talvez até mesmo como professores desta escola.

    Mas quem é o aluno que fala na música? Será que o que ele quer é possível de se realizar no ambiente escolar? E o que quer quer aprender afinal? E de quem é a culpa pela escola ser com é hoje? Será que existe(m) culpado(s)?
    Os governos se omitem, mas a população (comunidade) também se omite das responsabiliades para com os alunos e seus filhos. Há registros de discursos que nos falam claramente que a existência dos Governo é muito conveniente a sobrevivência do homem em sociedade, pois dessa forma ele pode ser bem menos incomodado. E estes mesmos discuros também afirmam que isso ocorre apesar da maioria dos governos serem muito incovenientes, mas quando menos inonveniente menos pior o governo.

    Mas retomando a música do Gabriel, como será que os alunos se veem nela? E os professores? Será algum professor seria capaz de levava para ser trabalhada em sala de aula? O que os alunos acham dela? O que a pessoas (os pais) acha do que é dito na letra?

    Rodrigues, A. L., Vitória,ES-Brasil.

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