Por um Estado forte e soberano

Estatísticas relacionadas as questões sociais deixam claro, quando não apontam, a inviabilidade da coexistência da Globalização ao Neoliberalismo, principalmente em países em desenvolvimento.
O crescente desequilíbrio social, a ampliação do Exercito de Reserva e a exclusão de uma grande parcela da população no mundo do consumo, acarretou um profundo descontentamento com governos Neoliberais, como foi o governo FHC, aqui no Brasil. Esse fenômeno contribuiu de forma significativa para o êxito dos Partidos dos Trabalhadores (PT) e muitos outros pelo mundo, como a vitória de Morales e de Chaves na América Latina, sem mencionar o avanço do partido socialista na Europa. A questão central não seria a busca do povo por um Estado menos liberal e mais atuante na área social?
Embora, aqui no Brasil, o povo desconheça a doutrina keynesiana, parece-me que é rumo a ela que o povo está fitando seus olhos, mesmo que turvamente.
As políticas liberalizantes das décadas de 80 e 90 contribuíram para a nossa vulnerabilidade econômica, mediante as crises internacionais. Torna-se necessário e vital a economia brasileira se estabelecer de forma sólida e apresentar um crescimento contínuo, porém, o caminho traçado até aqui tem sido rumo a dependência de investimentos especulativos que fogem do país a partir da mínima possibilidade de crise. Quando isso ocorre são as classes desfavorecidas que mais sofrem: o governo amplia a taxa de juros para incentivar investimentos externo e o peso dos preços dos produtos caem sobre o mercado interno.
Queremos uma economia independente, com menor vulnerabilidade! Temos muito o que aprender com a China. Lá sim preza-se pelo fortalecimento do mercado interno e isso é sinônimo de ampliação do poder de compra da população. Eles têm um Estado forte, nós um Estado refém das políticas Neoliberais, pouco atuante, que limita-se por muitas vezes a tomar medidas que apenas ampliam nossos problemas, quando muito “empurra com a barriga”.
A (re)eleição de Lula parece ter ocorrido devido a uma busca de um novo posicionamento político, pelo menos, pelo que tudo indica, era a intenção do povo.

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

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