Político x técnico

“Acho que governo não se faz com família nem com amigos. Pode-se fazer amigos no governo: os ministros, muitos dos quais eu antes não conhecia, tornaram-se meus amigos. Mas levar alguém para o governo só porque é amigo? Não. Para o governo devem ir pessoas qualificadas pelas condições culturais, pela tradição, pela educação, pela probidade, e assim por diante”. ( Frase de Ernesto Geisel in D’ARAÚJO; CASTRO, 1997, p. 270-271).

Embora não concordo com muitas das opiniões de Ernesto Geisel em relação à política, sinto o dever de afirmar que – em relação a sua citação acima – tem toda a razão.
É triste ver nosso governo com uma folha de pagamento inchada devido a favores de amigos ou aliados. Para cada amigo contratado é necessário mais uma contratação (para fazer o que o “amigo” deveria fazer).

A situação é ainda pior a nível local, onde muitas prefeituras não têm recursos. Não se faz um bom governo só com boa vontade. As vezes o Secetário de Obra, por exemplo, é até uma pessoa de boa índole, mas de conhecimento muito limtado. Nesse contexto surge um outro problema: as ações serão ineficazes e consumirá o pouco recurso existente. Essa tem sido a realidade de minha cidade desde sua emancipação. Para ser secretário de alguma Secretaria em minha cidade – assim como na maioria dos município – basta subir em um palanque. Estudar e se qualificar não é o caminho lógico em meu município – possivelmente no seu ocorre o mesmo.

Como afirmou Geisel: “Para o governo devem ir pessoas qualificadas”.

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

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