Espaço virtual e comunicação: espaço de liberdade ou de libertinagem?

O mundo virtual tem sido demasiadamente utilizado. Frente a tal tendência é comum observarmos em sites e blog (que incoerência) textos que criticam ferozmente tal comportamento social. Os argumentos são variados, predominando àquele que afirma ser o mundo virtual uma armadilha para a desumanização do homem, isso por falta do contato físico e do calor humano proporcionado por este.
Buscando não entrar em questões de julgamento de valor (se é que isso é possível), gostaria apenas de levantar uma questão, no mínimo, curiosa.
O uso dos espaços virtuais de comunicação não estaria tornando possível a existência de um espaço onde o superego (o superego é formado a partir das identificações com os genitores, dos quais o indivíduo assimila as ordens e proibições, assumindo o papel de juiz e vigilante, formando uma espécie de auto-consciência moral) pode ser deixado de lado, onde o indivíduo pode se expressar sem a coerção social das normas e regras de condutas?
Não seria esse “abandono do superego” um dos motivos de tantas traições via internet, assim como casos de assédio sexual, mentiras e falsas identidades?
Longe de efetuar qualquer afirmativa, busco aqui registrar algumas inquietações.

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

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