Guerra no Rio de Janeiro

Segue a matéria do Jornal Nacional do dia 30/11/2010

“Policiais seguem buscas por armas, drogas e traficantes no Alemão

Policiais continuam fazendo a chamada operação pente-fino em todas as favelas do Conjunto do Alemão. Já há várias prisões de criminosos, mas os chefes do tráfico permanecem foragidos.

Nesta terça-feira (30), policiais encontraram mais armas e drogas no Morro do Alemão, e 10 mil alunos voltaram às aulas.

Ruas cheias, ponto de ônibus lotado e um trabalhador levando a filha, com uniforme escolar. Depois de cinco dias, 31 creches e escolas voltaram a funcionar normalmente. “Está tranquilo, graças a Deus. A gente vê pela televisão a padaria fechada e dá até tristeza. Agora, vou lá agora, pela primeira vez, comer pão quentinho”, diz um homem.
Tratores derrubam barricadas do tráfico. Em uma caçamba de lixo, policiais descobriram um fuzil, maconha e um transmissor. Segundo a polícia, o gari tinha sido obrigado por criminosos foragidos a retirar o material da favela. Em um barraco, mais sete fuzis e muita droga estavam em tonéis enterrados.
Policiais continuam fazendo a chamada operação pente-fino em todas as favelas do conjunto e percorrem área de difícil acesso à procura de armas, drogas e dos criminosos que dominavam essa região. Já há várias prisões, mas os chefes do tráfico permanecem foragidos.
Um morador relatou à Rádio CBN que PMs teriam recebido mais de 70 quilos de ouro para deixar escapar os principais traficantes. “Essa denúncia ainda está um pouco vaga, mas nós também já iniciamos a apuração. Então, toda denúncia que chegar é apurada. Procuramos reunir para punir os autores ou o autor do desvio de conduta”, declara o corregedor da Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, Giuseppe Vitagliano.
Moradores também contaram à polícia que bandidos fugiram por uma rede de esgotos em obras, como mostrou nessa segunda-feira (29) o Jornal Nacional. Segundo a denúncia, os traficantes teriam obrigado operários a construir túneis.
“O traficante conhece o território dele. Ele sabe por onde aquele esgoto passa. Ele conhece melhor do que a própria polícia. Evidentemente, se ele estiver acuado, ele vai usar esses caminhos para fugir da polícia, não há participação de funcionários, não há qualquer escuta telefônica, não há qualquer investigação que aponte isso”, ressalta o chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Allan Turnowski.
À tarde, foi descoberta outra saída de esgoto. Segundo investigadores, moradores viram bandidos sair por ali.
Nesta quarta-feira (1), a polícia vai implodir o que restou de uma casa na Vila Cruzeiro, favela vizinha, ocupada antes do Alemão. Na parede, há buracos, por onde traficantes observavam tudo e atiravam contra os policiais.
A polícia do Rio informou que 124 criminosos foram presos e que as operações de busca vão continuar.

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

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