Intolerância gerando intolerância: reflexão sobre tempo de redes sociais

Intolerância gerando intolerância…

É sintomático o grau de intolerância que marcar a sociedade contemporânea. Movimentos e ações que supostamente criticam e lutam contra a intolerância repletos de ações intolerantes, agressivas e cheias de ódio. Movimentos que, em defesa de um grupo injustamente atacado, atacam veemente outros grupos. Como lutar contra a intolerância sem tolerância? Parece que a mesma arma de defesa tem sido usada para ataque!

Dias atrás li em um dos muros de São Paulo um grafite a frase “gentileza gera gentileza”, mas parece que na prática cotidiana a “intolerância tem levado à intolerância”.

Um caso que me chamou atenção foi a repercussão no Facebook de o caso ocorrido em Camaçari, onde dois irmão gêmeos que andavam abraçados teriam sido confundidos com homossexuais e agredidos por um grupo de rapazes. Um dos gêmeos morreu no local com vários golpes de pedra no crâneo.

A repercussão no Facebook é apenas um exemplo do que vem ocorrendo na sociedade. Um usuário criou uma imagem repudiando a ação, o que seria louvável, se não fosse a forma com que repudiou. A imagem possui um texto marcado pela intolerância religiosa. O pior é que tal postagem acabou sendo compartilhada por outros usuários da rede social, o que evidencia que muitos pensam e agem da mesma forma.

A postagem apontaria a religião como a raiz desse mal, porém o caso ocorrido não apresenta nenhum indício de ligação com a religião. Segue abaixo a imagem de intolerância e link para a cobertura jornalística do fato ocorrido.

Intolerância, gerando, intolerância…

Notícias jornalísticas ligadas ao acontecimento:
https://www.tribunahoje.com/noticia/31544/brasil/2012/06/28/abraco-de-irmos-acaba-em-ataque-homofobico-e-morte.html
https://www.tribunahoje.com/noticia/31544/brasil/2012/06/28/abraco-de-irmos-acaba-em-ataque-homofobico-e-morte.html

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

5 Comments

  1. De onde vem o pré-conceito contra homossexuais, que antes da disseminação das leis bíblicas não era considerado um crime e nem repudiado de forma tão veemente, quando não esdruxula?

  2. Carlos, desculpe, mas foge de meus conhecimentos. Teria que ser um bom historiador para te responder.

    Mas posso lhe adiantar que explicar o preconceito apenas com foco na religião (que parece estar em sua cabeça apenas a Cristã) não é o caminho mais adequado. O preconceito é fruto de uma visão etnocentrica, e pode ser motivado pela cultura que um determinado indivíduo possui, independente de ser ele religioso ou não. Vide o caso acima e outros casos em países onde a população possui outra religião ou não tem nenhum.
    As atitudes preconceituosas não são exclusivas dos países cristãos.

    Espero ter ajudado, mesmo não podendo te afirmar quando e onde surgiu a perseguição aos homossexuais.

  3. Eu acho que reduzir a homofobia a questão religiosa é uma analise redutora e simplista.Afinal este percepção é resultante das polêmicas recentes travadas entre grupos religiosos ( primeiros com os católicos e agora os evangélicos) com os grupo GLBT e reforçada pela mídia

    A homofobia também tem raízes no machismo, fomos criado em uma sociedade patriarcal,com uma divisão de papéis sexuais clara, onde homem não pode ter trejeito femininos e mulher tem que ser feminina e educada. Onde o homem tem que ser o macho que pega várias fêmeas.O homem potente e viril é valorizado muito mais do que aquele que tem trejeito mais delicados.Isso é machismo
    Na antiguidade havia sim homofobia, mas não da mesma forma que temos hoje por se tratar de um contexto social e histórico diferente. Em Roma relações homossexuais eram somente permitidas entre os homens, mas ainda assim o PASSIVO era era visto como "submisso" e portanto, mal-visto, pois os romanos tinham preconceito com "submissos" como por exemplo os escravos.

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