Consumismo

Por que meu filho sempre me pede um brinquedo novo? Por que minha filha quer mais uma boneca se ela já tem uma caixa cheia de bonecas? Por que meu filho acha que precisa de mais um tênis? Por que eu comprei maquiagem para minha filha se ela só tem cinco anos? Por que meu filho sofre tanto se ele não tem o último modelo de um celular? Por que eu não consigo dizer não? Ele pede, eu compro e mesmo assim meu filho sempre quer mais. De onde vem este desejo constante de consumo?”

Este documentário reflete sobre estas questões e mostra como no Brasil a criança se tornou a alma do negócio para a publicidade. Dirigido pela cineasta Estela Renner e produzido por Marcos Nisti, o documentário promove uma reflexão sobre como a sociedade de consumo e as mídias de massa impactam na formação de crianças e adolescentes.

 

 

“(…) Georgie Swann lê duas revistas de moda por semana e ‘passa horas no quarto experimentando suas roupas favoritas e sua enorme coleção de sapatos e bolsas’. (…) Bem, o leitor poderá pensar que há muitas mulheres iguaizinhas a Georgie, que não vê novidade alguma nessa notícia – não fosse o fato de que Georgie tem apenas dez anos. (…) Pode-se dizer que a marca de nosso tempo é uma progressiva diluição da linha divisória entre atos de consumo e o resto de nossas vidas. Não vamos mais às compras para obter um ingrediente que falta na sopa que queremos fazer, nem para substituir o par de sapatos desgastado que não tem mais conserto; hoje temos outras razões bem menos triviais e mais sublimes para não deixarmos de frequentar as lojas por muito tempo. Todos os caminhos levam às lojas – pelo menos é o que ouvimos dizer, dia sim e outro também, a todo momento (…)”.

(Zygmunt Bauman)

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

2 Comments

  1. Acho que a publicidade agressiva que vemos hoje não pode ser considerada como (única) origem do consumismo infantil exarcebado. O marketing é uma ferramenta fundamental para o comércio, que não pode deixar de existir. Por outro lado, a figuras exemplares para a criança,originalmente, são os pais e parentes próximos; responsáveis por ela em geral. Esses sim deveriam ensinar e demonstrar que o real bem estar não está contido no próximo modelo de determinado produto, e sim em boas relações inter-pessoais, que constroem nossa personalidade. O importante é indicar os limites, enquanto uma legislação que impede ou regula a publicidade destinada ao publico infanto-juvenil é desenvolvida.
    Apesar da pressão diária sofrida pela criança, esses valores passados pelos pais tenderiam ao amadurecimento conforme a idade avança, e o jovem adulto compreenderia a fragilidade e futilidade do mundo prometido pelos anúncios.

  2. Nunes, primeiramente obrigado pela colaboração.
    É certo que a família desempenha um papel fundamental na formação da criança. O problema é que devido ao "pouco tempo" com a família, a mídia acaba tendo um papel bem significativo nessa formação. O ideal seria ser diferente, mas essa é a vida real.

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