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Goffman e o interacionismo simbólico – Segunda parte


Por Cristiano Bodart
 
Obras em questão: 
1967 – “Os ritos de interação”.
1971 – “Relações em Público”.
Goffman utiliza-se em sua obra “Os ritos de Interação”, o conceito de cerimônias – ritos. Para ele cada situação é coordenada por cerimônias, que seria o respeito a face (valor social reivindicado pelo valor social, pela linha de ação).
Goffman afirma que é necessário que o ator demostre amor próprio e respeito pelo outro (agir por consideração). Ou seja, preservação da própria face e consideração pela face do outro. Um ato qualquer de desrespeito ao ritual pode profanar e injuriar a si, ao outro e a/ou a todos. (destruindo seu amor próprio e o respeito pelo outro).
Na ideia de “face” não há dimensão psíquica. Esta depende da representação e da interpretação dos atores. A face também não está na superfície (também não está no interior), ela emerge das interpretações e das representações.
“A identidade está à flor da pele, à flor da pele dos outros” – é aquilo que aparece a partir do fenômeno da interpretação, dependendo sempre do outro.
Afirma que é a partir dos jogos das insinuações (de aparências) que “identificamos” a face do outro.
Para ele, o jogo só ocorre se existe o engajamento (investimento de energia) dos atores que permitem a interação. É possível ter um maior ou menor engajamento na interação de co-presença.
Interações não-focalizadas: encontro fortuito, entre pessoas desconhecidas – não há um grande engajamento dos indivíduos, embora possa a vi, a posterior, ter um engajamento. Por não haver um nível de engajamento, a regra não é tanto o amor próprio e o respeito, mas a “desatenção civil” (essa marcada por diversas técnicas). Seria a desatenção civil como uma indiferença (uso de uma técnica para não se engajar, havendo o reconhecimento do outro).
Quando ocorre um incidente (o ato de atrapalhar a interação), é preciso reestabelecer a ordem. Assim, torna-se necessário “as trocas reparadoras”, tornando-se necessário o reconhecimento da ofensa, que é uma espécie de acordo. Geralmente se repara quando o ofensor demostra o apreço à regra, buscando demostrar o reconhecimento do erro e a exaltação da regra (retomando sua adesão à regra).
Para Goffman, a interação social estaria baseada nas cerimônias de preservação da face e trocas reparadoras .
A proximidade do Goffman com o Durhkeim:
  • Num mundo sacramentalizado o indivíduo passa a ser o elemento último – sacramentação do indivíduo (nesse contexto o indivíduo pelo ser profanado – ritos que corromperiam a sacramentado).
  • Goffman, seguindo Durhkeim, dá um peso muito grande ao indivíduo.

Primeira Parte        Terceira Parte

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

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