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Democracia, corrupção e omissão: texto e atividades

Corrupção na democracia
Corrupção na democracia

A corrupção é um problema que afeta muitos países, incluindo aqueles com governos democráticos. A corrupção na democracia se refere à ilegalidade ou má conduta por parte de funcionários públicos ou políticos que abusam de suas posições de poder para beneficiar a si mesmos ou a outros, geralmente em troca de dinheiro ou outros benefícios.

Corrupção na democracia

A dica de leitura e reflexão (ou ainda, dica de uma aula) é ler o fragmento do texto sobre Corrupção na democracia, de Marcia Tiburi, e a partir dele refletir algumas questões importantes.

Segue fragmento do texto e sugestões de questões para reflexão:

Por que somos corruptos?

A máxima “o poder corrompe” é a bandeira que cobre o caixão no qual velamos a política. Ela é primeiro desfraldada por aqueles que pretendem evitar a partilha do poder que constitui a democracia. Ela é aceita por todos aqueles que se deixam levar pela noção de que o poder não presta e, deste modo, doam o poder a outros como se dele não fizessem parte. Esquecem-se que a falta de poder também corrompe, mas esquecem sobretudo de refletir sobre o que é o poder, ou seja, ação conjunta.
Democracia é partilha do poder. É o campo da vida comum, a vida onde todos estamos juntos como numa mesma embarcação em mar aberto. Partilhamos o poder querendo ou não, mas podemos fazê-lo de modo submisso ou democrático, omisso ou presente. Estamos dentro da democracia e precisamos seguir suas conseqüências. Democracia é também responsabilização pelo contexto em que vivemos: pelo resultado das eleições, pela miséria, pelo cenário inteiro que produzimos por ação ou omissão. Mas não nos detivemos em escala social para entender o que a democracia é e, por isso, falta-nos a reflexão que é capaz de orientar o seu sentido, bem como o sentido do poder e da política.
[…] É nosso dever hoje reavaliar a experiência brasileira diante da política. A compreensão da política como campo da profissão, por definição, corrupta, é ela mesma corrompida e corrupta. Ela destrói a política, cujo significado, precisamos hoje, refazer. Esta é a ação política mais urgente. Acostumamo-nos ao pré-conceito de que política é apenas governabilidade e deixamos de lado a ideia fundamental de que a política é projeto de sociedade da qual participam todos os cidadãos. Reclusos em nossas casas, acreditamos que a esfera da vida privada está imune ao político. Esquecemos que o pessoal é também político, não como espetáculo, mas como lugar de relação e modelo da esfera macroscópica da sociedade. […] Na omissão praticamos a anti-política. Toda anti-política que seja omissão e não crítica é corrupção da política por ser corrupção da ação. A mais urgente das ações políticas na atualidade, além da punição dos que transformaram nossa governabilidade em prostituição da ação, é refazermo-nos como políticos no verdadeiro sentido.
Este artigo é fragmento do artigo que foi publicado em Zero Hora de 30 de abril de 2006, na Coluna Tema para Debate.

Questões para reflexão:

1.   1.  Quais as consequências do desinteresse da sociedade pela política?
2.  É possível não nos envolvermos com a política?

3. Corrupção existente hoje na política brasileira é culpa apenas dos políticos profissionais?

 

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Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

3 Comments

  1. Acredito que um problema é toda a construção histórica que o brasileiro tem em relação ao poder. O poder aqui quase sempre foi associado ao inimigo. A cultura cristã de que deve-se viver de modo humilde, acrescido a origem exploratória do Brasil, fez a sociedade ver o poder como algo naturalmente ruim e fruto de corrupção.
    E essa construção perdurou pela ditadura, e posteriormente, por governos com grandes escândalos de corrupção, que fluem em todas as esferas, do representante do cidadão, ao servidor público.

    O Estado é visto apenas como um ser que alimenta ladrões, preguiçosos e vagabundos, onde todos são corruptos. Com isso, as pessoas tendem a se afastar do poder político, e cada vez mais formam uma voz ruidosa nas ruas e nas redes sociais, onde o ser apartidario é o grito ressonante.

  2. É necessário reagir a este determinismo histórico, que os corruptos querem nos encarcerar. Jamais a corrupção será justificada. Muito menos procurando dados históricos ou religiosos. Somos seres inteligentes para reagir a esta mentira. Mentira que os corruptos querem fazer perpetuar no Brasil. Se eu trabalho honestamente para ganhar meu pão de cada dia, não existe argumento que justifique que outros não o façam. Reage Brasil.

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