Superestrutura e ideologia: tomando como exemplo as ideias difundidas sobre o Programa Bolsa Família

Por Cristiano das Neves Bodart
Primeiramente é bom iniciar dizendo que poucos realmente conhecem o programa, mas quase todos tecem críticas a ele, sejam elas boas ou más. Tais opiniões nos possibilita pensar e repensar sobre as relações destacadas por Marx, no século XIX, entre superestrutura e ideologia.

 

Extraí de uma postagem na rede social facebook que solicitava espontâneas opiniões a respeito do programa (perguntando o que pensavam dele) alguns trechos escritos por internaltas em forma de comentearios.

Alguns comentários colaboram para demonstrar alguns juízos de valores que evidenciam parte das ideias que predominam na sociedade brasileira.A proposta desse texto não é argumentar entorno desse tema, antes deixarei o leitor a tirar suas próprias conclusões. A proposta é pensar a relação entre superestrutura e ideologia. Para isso, vamos a trechos selecionados dos comentários (notem que estão afinados com diversas charges que se espalham pela internet):

 
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– “[…] Acredito que de cada dez beneficiários, nove votaram no PT”.
– “Voto cabresto!”
– “Na minha opinião o bolsa família não ajuda em nada o que é 70 hoje em dia? Nada! ainda mais com tanto imposto. […] Em vocês do bolsa familia deveria existir uma distribuição de cestas básicas” (sic).
– “Como os antigos diziam, não adianta dar o peixe e sim ensinar a pescar”.
– “É preciso ensinar o povo pescar e não dar o peixe pronto. […] Quem luta para ganhar seu próprio pão sabe quanto custa cada migalha assim como eu” (sic).
– “É notável a dependência que as pessoas criam em torno do benefício”.
– “É uma maneira de manter os pobres dependentes de uma mísera esmola mensal com a qual o governo os manipula através da política do medo… medo de perder a pequena renda que ljes é oferecida… (sic)”
– “Eu acho que devia era ter emprego e profissionalizaçao, não esmola” (sic).
– “se fizessem do jeito certo seria bom mas desse jeito não estimula o beneficiado a trabalhar e nós que pagamos caro” (sic).
– “é simplismente uma forma do malandro ficar em casa coçando saco o dia inteiro ao invés de procurar um emprego” (sic).
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Seriam as charges as formadoras de opinião da classe média ou estas reflexo de suas opiniões? Seria uma construção conjunta/simultânea?
Marx estava certo que a superestrutura é a responsável pela formação das ideologias?

 

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

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