Compras pela internet

Imagem: https://www.blogbrasil.com.br

Hoje recebi um e-mail de um leitora do blog, a  Karina, me fazendo uma pergunta muito interessante: De que maneira essa nova forma de compra (compra pela internet) afeta a sociedade?
Embora não seja meu campo de estudo venho por meio do blog levantar algumas questões iniciais para que aqueles que se sentirem a vontade colaborarem por meio de comentários.
Primeiro gostaria de dizer que trata-se de um tema muito interessante.
Segundo, acredito que deveria delimitar melhor a dimensão dos impactos sobre a sociedade, pois de outra forma fica muito amplo e consequentemente sujeito a muitas análises e ao mesmo tempo corre o risco de deixar outras questões passarem desapercebidas.
Mas tentarei delimitar alguma coisa.
Aspectos culturais:
O acesso a produtos anunciados pela rede mundial de computadores colabora, juntamente com

outros fatores do processo de globalização, tem contribuído para a (re)criação uma cenário cultural marcado por maiores trocas culturais. Produtos de várias regiões do globo são espalhados com maior facilidade. Tal realidade cria três situações aparentemente antagônicas: i) a homogeneização da cultura, via os produtos destinados a massa (uma vez que produtos vendidos em esfera planetária tendem a ser produzido em massa, propagandeado, vendido e consumido); ii) a possibilidade de reafirmação das identidades locais, ao buscarem projetar seus produtos tipicamente locais sobre o restante do mundo; iii) a criação de novas características culturais (novas configurações identitárias) propiciadas pela fusão de culturas (contatos culturais).

Aspectos econômicos:
Os impactos econômicos sobre a sociedade se manifestam de diversas formas (maior dificuldade de fiscalização referente aos impostos, origem dos produtos, etc.). Dentre elas gostaria de citar uma em particular: há uma redução nos preços (final) dos produtos ofertados os consumidores. A Internet possibilita reduzir custos com o setor de vendas, propicia uma maior oferta de produtos e reduz os custos de acesso (transporte e tempo) para aqueles que não têm oferta desses produtos próximos a suas casas.
Um aspectos negativo é a ampliação de desrespeito aos direitos dos consumidores (produtos de qualidade inferior aquela propagandiada, a não entrega dos produtos, etc.).
Aspectos de sociabilidade:
Há uma redução nas relações sociais. A prática de sair ao mercado e (re)encontrar pessoas ou até passear com a família se esvazia. A relação passa a ser reduzida a homem e máquina.
Migração da confiança. O vendedor ao não ter contato direto com o comprador avalia-o com base em seu cartão de crédito: a confiança na pessoa é reduzida nesse contexto 
Aspectos Políticos:
O comércio é um ato político. De um lado o vendedor buscando maximizar seus ganhos e do outro o consumidor buscando reduzir seus custos. 
No comércio online não existe a possibilidade da disputa política intrínseca ao modelo tradicional de comércio. O preço é fixo, não havendo a possibilidade de negociação.
Aos leitores deixo alguns breves apotamentos… quais suas colaborações a essa discussão (comente se desejar).

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

Deixe uma resposta