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Cooperativismo Brasil

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O cooperativismo Brasil? O Cooperativismo no país tem uma longa história, tendo suas raízes no movimento operário do final do século XIX e início do século XX. Desde então, o cooperativismo tem crescido significativamente no país, e hoje é uma importante alternativa para a promoção do desenvolvimento econômico e social, bem como para a inclusão de grupos excluídos da economia formal.

O termo cooperativismo é frequentemente confundido com o termo associativismo, porém, são conceitos distintos. Enquanto o associativismo se refere à união de indivíduos em prol de um objetivo comum, sem necessariamente serem cooperados, o cooperativismo envolve a organização de indivíduos que compartilham os mesmos interesses econômicos em uma cooperativa, que é uma organização autônoma de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas necessidades e aspirações econômicas, sociais e culturais em comum, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente controlada.

Segundo o sociólogo José de Souza Martins, o cooperativismo é uma forma de economia solidária, que se contrapõe à lógica do capitalismo, baseada na competição e no lucro individual. Para ele, as cooperativas são uma forma de resistência à exploração do trabalho humano e às desigualdades sociais.

Outro autor que discute o cooperativismo no Brasil é Paul Singer, economista e professor da Universidade de São Paulo. Singer destaca que o cooperativismo é uma alternativa de organização econômica que permite a inclusão de grupos marginalizados no mercado, como agricultores familiares e pequenos empreendedores. Segundo ele, as cooperativas são capazes de gerar emprego e renda, além de promover a igualdade e a justiça social.

Outro autor que pode ser citado é o sociólogo Ricardo Antunes, que destaca o papel do cooperativismo na luta contra a precarização do trabalho e a exploração dos trabalhadores. Para ele, as cooperativas podem ser uma alternativa à terceirização e à informalidade, desde que sejam organizadas de forma democrática e solidária.

O cooperativismo no Brasil tem se desenvolvido em diferentes setores da economia, como a agricultura, a indústria, o comércio e os serviços. Um exemplo de cooperativa bem sucedida é a Cooperativa de Trabalho dos Catadores de Materiais Recicláveis de Belo Horizonte (Cooperativa Minas Brasil), que surgiu em 2002 como uma iniciativa de trabalhadores que coletavam materiais recicláveis nas ruas da cidade. Hoje, a cooperativa é responsável pelo recolhimento de cerca de 40% dos resíduos recicláveis de Belo Horizonte, e conta com mais de 1.200 cooperados.

Outro exemplo de sucesso é a Cooperativa dos Produtores de Leite de Minas Gerais (CPLMG), que reúne mais de 3.000 produtores rurais e é responsável por cerca de 30% da produção de leite do estado. A cooperativa permite aos produtores uma maior participação na gestão do negócio, além de oferecer serviços de assistência técnica e qualificação profissional.

Apesar dos benefícios da iniciativa, após o sucesso de algumas cooperativas no Brasil, o cooperativismo ainda enfrenta alguns desafios, como a falta de incentivos governamentais e a falta de acesso a crédito e tecnologia. Além disso, é preciso superar preconceitos e estigmas associados ao cooperativismo, muitas vezes visto como uma alternativa inferior à empresa privada.

Outro desafio é garantir a democracia interna nas cooperativas, garantindo que todos os cooperados tenham voz e voto nas decisões e que a gestão seja transparente e eficiente. Para isso, é fundamental uma educação cooperativa que estimule a participação e o engajamento dos cooperados.

Apesar dos desafios, o cooperativismo tem se mostrado uma alternativa viável para a promoção do desenvolvimento econômico e social no Brasil. Além de gerar emprego e renda, as cooperativas promovem a inclusão social e a igualdade, possibilitando a participação de grupos excluídos no mercado e na vida econômica do país. Além disso, o cooperativismo é uma forma de resistência à lógica do capitalismo, que prioriza o lucro individual em detrimento do bem-estar coletivo.

Em suma, o cooperativismo no Brasil é uma forma de economia solidária que se contrapõe à lógica do capitalismo, promovendo a inclusão social, a igualdade e a justiça. Apesar dos desafios, as cooperativas têm sido bem-sucedidas em diversos setores da economia, como a agricultura, a indústria, o comércio e os serviços, e representam uma alternativa viável para a promoção do desenvolvimento econômico e social no país. É fundamental que o cooperativismo seja valorizado e incentivado, garantindo a democracia interna e a participação dos cooperados nas decisões, e que sejam superados os preconceitos e estigmas associados ao movimento cooperativista.

Para finalizar, é importante destacar a importância da educação cooperativa na consolidação do movimento no Brasil. A formação dos cooperados e gestores é fundamental para a gestão eficiente e democrática das cooperativas, além de contribuir para a disseminação dos princípios e valores cooperativistas na sociedade.

Dessa forma, o cooperativismo no Brasil é uma alternativa viável e promissora para a promoção do desenvolvimento econômico e social, desde que seja valorizado, incentivado e pautado nos princípios democráticos e solidários. É preciso reconhecer os avanços já alcançados e os desafios ainda existentes para que o movimento cooperativista possa cumprir seu papel transformador na sociedade brasileira.

Para isso, é necessário que os governos, as empresas e a sociedade como um todo reconheçam a importância do cooperativismo e promovam políticas públicas e ações que incentivem e fortaleçam o movimento, garantindo assim o seu papel na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Referências:

ALMEIDA, João Carlos de. O cooperativismo e a economia solidária no Brasil: uma análise crítica. Revista de Economia Política, vol. 28, nº 1 (109), janeiro-março/2008.

FERRAZ, João Carlos. Cooperativas e desenvolvimento local: um estudo de caso no nordeste do Brasil. Tese de doutorado, Universidade Federal do Ceará, 2008.

SINGER, Paul. Economia solidária como estratégia de desenvolvimento. Estudos Avançados, vol. 21, nº 61, São Paulo, 2007.

ABRAMOVAY, Ricardo. Paradigmas do cooperativismo: da solidariedade à eficiência. Estudos Avançados, vol. 23, nº 66, São Paulo, 2009.

SANTOS, Boaventura de Sousa. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência. São Paulo: Cortez, 2002.

 

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