Entenda a diferença entre cultura popular, de massa e erudita

cultura popular

Na sociologia, a cultura popular é um conjunto de práticas, crenças, valores, artefatos e simbolismos compartilhados por um grupo de pessoas e que são comuns ao seu dia a dia. A cultura popular é considerada uma forma de resistência cultural e pode ser oposta à cultura erudita ou cultura oficial, que é promovida pelo Estado ou pela elite econômica e cultural.

A cultura popular pode incluir música, dança, arte, literatura, filmes, programas de televisão, jogos, esportes, brincadeiras e outras atividades que são amplamente compartilhadas e apreciadas por uma grande parcela da população. Ela também pode incluir práticas e crenças religiosas, rituais, celebrações, festas e tradições populares.

A cultura popular é importante porque reflete as experiências, os interesses e as preocupações dos indivíduos e grupos que a compartilham. Ela também pode ser um meio pelo qual as pessoas expressam sua identidade e se conectam com outras pessoas que compartilham os mesmos interesses e valores. Além disso, a cultura popular pode ser um meio pelo qual as pessoas critiquem e resistam às normas e valores dominantes da sociedade.

Normalmente as pessoas não costumam entender direito as diferenças entre cultura de massa, popular e erudita, assim, acabam usando os conceitos de forma equivocada em discussões ou textos acadêmicos e escolares, que porventura podem fazer.

Assim, diferenciar esses termos é essencial para saber enquadrá-los em cada tipo de demonstração cultural. Ademais, é perfeitamente normal que algum tipo de confusão possa vir a ocorrer, por isso que estamos publicando esse artigo.

O primeiro passo é compreender os motivos pelos quais precisamos fazer essa separação de termos culturais. Cada expressão cultural é feita por uma pessoa ou grupo de pessoas que estão envolvidas em uma determinada parcela da sociedade.

Essas demonstrações acabam por revelar algum tipo de vivência que cada uma dessas separações vive e acredita ser a melhor maneira de expor aquilo que tem em mente. Deste modo, temos os três tipos de produções artísticas.

A cultura de massa, cultura popular e cultura erudita, cada uma delas expressando e atuando em um setor da sociedade. Não existe nenhuma melhor ou pior, mas cada tipo expressa algo que é vivenciado em distintas realidades vividas por cada pessoa ou grupo.

Em geral, algumas são mais preparadas justamente por ter um respaldo técnico maior, mas isso não significa que são mais populares ou que consigam expor perfeitamente aquilo que estão tentando passar.

Diferentemente de uma fabricante de etiquetas adesivas, por exemplo, cada expressão cultural tem como objetivo transmitir algum tipo de mensagem para o maior número de pessoas possíveis.

Assim, a interpretação que cada um desses grupos fará perante a produção artística será diferenciada pela maneira como cada parte da sociedade entende aquele determinado tema ou expressão.

Neste artigo abordaremos os seguintes aspectos da cultura de massa, erudita e popular, são eles:

  • Para quem são feitas?
  • Como são feitas?
  • Como são recebidas?
  • De onde que vieram?

Entender esses pontos é essencial para fazer um melhor enquadramento de cada um dos milhares de conteúdos aos quais somos submetidos diariamente, bem como que fazem, ou não, parte de nossas vidas cotidianas.

Entenda o que é a cultura de massa

É importante começarmos pela cultura de massa, pois é a que mais se afasta de uma criação artística. Podemos substituir o termo por “cultura pop”, ou seja, algo que cai fácil no gosto da maioria das pessoas.

Sabe aquela sensação de ter escutado uma música ou visto algum filme que parece ser muito parecido com outro que já vimos ou ouvimos? Com a explosão das mídias sociais, cada vez mais esse tipo de sensação está presente em nossas vidas.

Um produto feito para a massa ou que seja pop, é normalmente consumido por quase todos os públicos de diferentes classes sociais e idades. Seja em uma escola pública ou em empresas terceirizadas de limpeza e conservação.

A sua criação tem o único e exclusivo objetivo de vender o máximo possível. E é importante dizer que isso não significa que seja algo ruim ou errado, afinal a produção desses itens costuma ser totalmente industrializada, o que acaba dando oportunidade para muitas pessoas.

Exemplos claros de filmes de romance entre vampiros ou filmes de super heróis mostram que as produções para a cultura de massa têm como objetivo trazer o maior número de pessoas a consumirem aquele produto cultural.

A indústria cultural e a cultura de massa

O termo indústria cultural foi criado na escola de Frankfurt, na Alemanha, por Max Horkheimer, sendo que ganhou o mundo após a Segunda Guerra Mundial e com o início da Guerra Fria.

É necessário entender que o principal meio de controle social vem das produções culturais e o controle midiático. Deste modo, é como se as indústrias criassem e fizessem a publicidade de seus próprios produtos para que a população os consumisse.

Deste modo, você padroniza os meios de produção cultural e faz com que as pessoas consumam apenas um tipo de produto, e o mais importante, não percebam que estão sendo influenciadas por isso.

Trata-se, então, de uma fórmula concreta e extremamente eficiente de vender algum tipo de produto, discurso e ideal, pensando que a maioria das pessoas não estão interessadas em saber como, para ou por que essas produções são lançadas.

Entenda o que é a cultura erudita

Muito se fala que a cultura Erudita é criada somente por pessoas da elite intelectual. Falar dessa maneira parece soar algo meio pejorativo e distante, por isso precisamos entender a origem da expressão ‘Elite’, para então compreendermos a cultura erudita.

Há muito tempo não existia câmeras e sequer empresas que fizessem a instalação de alarme ou de transmissões. O que se tinha eram cartas e livros, sendo que as pessoas passavam informações umas para as outras deste modo.

Esses escritos foram passados de pessoas para pessoas, e ensinados de pais para filhos, até serem criadas as escolas artísticas e universidades. Deste modo, antigamente, existia uma parcela da população que detinha de todos esses conhecimentos e criavam arte.

As produções artísticas eram muitas e variadas, mas somente podiam ser consumidas por pessoas que pudessem pagar pelo preço. A palavra Elite no contexto social, que infelizmente foi deturpado anos depois, vem das pessoas que detinham o conhecimento.

Esse modelo ajudou muitas produções a atingirem níveis de excelência enormes além de construir e desenvolver tudo o que temos hoje como padrão para se criar uma música, peça de teatro, escultura, acessórios pet atacado e afins.

Esse modelo de expressão gerou enorme influência no mundo todo, principalmente no ocidente, onde a grande maioria dos países foi colonizado por europeus.

É equivocado dizer que apenas aqueles que atendiam o padrão europeu eram vistos como uma expressão de arte. O maior exemplo disso foi com o compositor Carlos Gomes (1836-1896), criador do incrível trabalho mundialmente famoso, O Guarani.

Existe o fato de que grandes compositores, cientistas e artistas europeus como Leonardo da Vinci, Pablo Picasso, Beethoven e Mozart foram conhecidos graças à influência colonial e imperial, muitas obras deles são utilizadas em uma empresa de advocacia ou restaurantes.

Vale a pena destacar que o imperador Dom Pedro II é conhecido por investir fortemente na arte e na ciência do Brasil. Esse investimento gerou pessoas como Machado de Assis, Monteiro Lobato, Heitor Villa Lobos, Santos Dumont e André Rebouças.

Mais cedo ou mais tarde toda pessoa que quiser desenvolver a mais perfeita obra de arte deverá passar pelos estudos preservados pela cultura erudita. Atualmente, com a explosão de outros tipos de expressão artística, ela é consumida por um público bem menor.

Em geral, a maioria das pessoas já ouviu diversos trechos das músicas eruditas que são usadas em canções para cestas natalinas e outros fins.

Entenda o que é a cultura popular

A sociedade é capaz de criar suas próprias obras, sem a necessidade de que ninguém a ensine, e foi assim que a cultura popular surgiu. Por meio de pessoas curiosas em aprender algo a mais e dispostas a transmitir uma mensagem, criaram suas próprias artes.

É importante diferenciar a cultura de massa da cultura popular, pois a cultura popular não foi criada para vender, mas para transmitir alegria, tristeza, rancor, medo e outros sentimentos que envolvem as obras de arte.

A capoeira, por exemplo, é um exemplo de luta e dança criada por pessoas escravizadas e, posteriormente, utilizada por milhões de brasileiro. O samba é um outro exemplo de cultura popular, assim como o carnaval e o axé.

A cultura popular está no conhecimento de todos, seja em um fretado para empresas ou no restaurante mais caro do país. Diferentemente da cultura de massa, que é praticamente imposta, ela transcende as diferenças sociais e passa a ser parte da vida das pessoas.

A cultura popular se mistura com a crença das pessoas, a linguagem, a moral seguida por todos que se transformam em hábitos e até tradições. Ela também foi passada de geração em geração. O interessante é que ela não foi escrita, mas vivida por todos.

Podemos ficar aqui dando diversos exemplos da cultura popular brasileira, como as músicas folclóricas, moda de viola, Bossa Nova. As festas? Temos Carnaval, Festa Junina, Bumba meu Boi e outras.

Considerações finais

Cada uma dessas culturas que explicamos ao longo do artigo exercem funções diferentes na sociedade. É possível curtir todas elas consumindo o que você mais gosta, mas sem perder tempo com discussões de qual é melhor, pois não existe resposta.

Hoje, a cultura erudita utiliza das criações populares, assim como a cultura popular também utiliza da cultura erudita. Por trás de todo grande palco, existem pessoas que precisam levar comida para casa, o que torna um negócio para a cultura de massa interessante.

Já pensou um carnaval seja no Rio de Janeiro, Bahia ou São Paulo sem uma montagem de estruturas metálicas para carregar todos? Sem uma logística e uma organização?

 

Agora que já entendemos a influência que cada uma dessas culturas e como cada uma age em nossas vidas, é possível consumir aquelas que melhor atendem aos nossos gostos pessoais.

Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.

Roniel Sampaio Silva

Mestre em Educação e Graduado em Ciências Sociais. Professor do Programa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – Campus Campo Maior. Dedica-se a pesquisas sobre condições de trabalho docente e desenvolve projetos relacionados ao desenvolvimento de tecnologias.

2 Comments

  1. Ótimo artigo
    Sugestão: ao invés do termo “escravo” seria importante dizer “pessoas escravizadas”

Deixe um comentário

Your email address will not be published.

Sair da versão mobile