Identidade em tempos de homogeneidade, pensar nesse tempo atualmente tem sido um grande desafio para diversos profissionais das ciências humanas.
Por Cristiano Bodart
O resgate histórico local tem três consequências diretas: proporciona o auto-reconhecimento, fortalece a identidade da comunidade e nos dá acesso à curiosidades que envolveram nossos antepassados e à nós mesmos.
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Nota-se que o tema “identidade” é o “papo do momento”. Ao contrário do que parece, a identidade tornou-se centro de muitas conversas por estar ameaçada. Nos afirma o sociólogo Zygmunt Bauman que:
[…] você só tende a perceber as coisas e colocá-las no foco do seu olhar perscrutador e de sua contemplação quando elas se desvanecem, fracassam, começam a se comportar estranhamente ou o decepcionam de alguma forma.
A identidade dos grupos sociais parecem estar imersa nessa situação apontada por Bauman. As ameaças de homogeneidade provocada pelo processo de globalização que nos impõe uma cultura única, à urbana euro-americana, tem, paralelamente, nos levado a buscar meios para resgatar nossas raízes, muitas das quais parecem já estar descoladas no presente.
[…] Frente a fragilidade e a condição eternamente provisória da identidade, o desafio é grande e, ao mesmo tempo, gratificante e repleto de curiosidades que envolveram nossos antepassados ou a nós mesmos.
Em tempos modernos, a identidade de um povo, de uma comunidade e/ou de um grupo, parece ser um “porto” em meio ao “mar de mudanças” e, consequentemente, de desconhecimento e incertezas. Resgatar a cultura local parece ser construir um “porto seguro” para tantos “navios à deriva”, levados pelos “ventos e marés” da globalização.
*Esse texto foi publicado originalmente na minha coluna no Portal 27. Este é parte do texto publicado no referido portal de forma integral.
São interessantes as reflexões sobre identidade, e, dentre as apresentadas, acredito que a identidade também é afirmada em meio a uma heterogeneidade cultural, como no caso do nosso Brasil, em que mesmo frente a todo um processo global, mediado mais ou menos pela ruptura de fronteiras comunicacionais, tem-se o local; as raízes que se manifestam através das nossas peneiras culturais, que fazem com que mesmo, frente a uma pluralidade, faz-se escolhas, pelas que mais se identificam com a moral do grupo vigente, com o sentimento de pertencimento a este grupo. Apesar de se buscar uma homogeneidade, esta é uma ilusão, posto que a pluralidade faz-se presente, no caso brasileiro, e, como esta diversidade passa a ser a norma, então a identidade também passa a ser fundada na heterogeneidade, embora, esta termine por "homogeneizar na heterogeneidade" a identidade deste grupo… Assim, por mais que se encontre o terceiro elemento, o outro que chama o grupo a uma reflexão sobre sua prática, posto que ninguém questiona o igual, é o diferente que chama o grupo a uma reflexão, ainda assim, a peneira cultural irá dizer o que será internalizado pelo grupo e o que será refutado….Estratégias que o grupo irá criar para sobreviver… como o bambu, se não pode confrontar, então desviar, é a melhor estratégia… E, isto também são pontos identitários. Obrigada!
Universo Sócio-Antropológico, muito bem colocado suas questões, as quais vêm para enriquecer o texto acima. Obrigado pela colaboração.