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Interdisciplinaridade da Sociologia no Ensino Médio

Interdisciplinaridade da Sociologia no Ensino Médio: uma reflexão necessária

Por Leonardo Vinícius Xavier de Souza*

 

O convite ao pensamento lógico científico não se refere à construção deste apenas sob um ponto de vista. O formato disciplinar nas escolas, que é comum ainda nos dias atuais, induz o aluno a raciocinar as disciplinas de forma isolada. De que forma isso acontece? Geralmente o estudante aprende a pensar em uma disciplina por prova; cada matéria tem um horário específico e cada conteúdo é visto de forma separada. São as normas organizacionais do ensino que se aproxima do tradicional. No entanto, o aprendiz tende a não adquirir o hábito de inter-relacionar os conteúdos. Não raro, muito do que é estudado em uma disciplina parte de concepções que vem de outras disciplinas para se consolidar numa única disciplina.

 

Em se tratando da Sociologia, uma de suas funções durante o ensino médio é incentivar a formação de um pensamento crítico e apontar para a importância de uma prática reflexiva. Isso deve estar claro também para o estudo de outras disciplinas.

 

Na vida prática do estudante, sendo bom aluno ou não, é facilmente compreensível para si mesmo que não é necessário ser nenhum físico para entender que existe uma força de atrito que determina a intensidade do impulso da aceleração empregada em determinado objeto para seu deslocamento. Do mesmo modo, não se necessita da confirmação de um químico para constatar os estados sólido, líquido e gasoso da água.

 

De qualquer forma, se este estudante não souber nada em uma prova de matemática ou história, por exemplo, vai tentar resolve-la da forma mais lógica possível. A partir do pouco que se lembra, ou da experiência vivida em outros ambientes que não se referem à escola.

 

Na atualidade as provas do ENEM já vêm num formato mais próximo da interdisciplinaridade da Sociologia . Isto é, não se considera tanto disciplinas como Física, Química, entre outras, mas, valoriza as áreas do conhecimento. Logo, uma questão de que é própria da Biologia, pode fazer referência a uma questão anterior que é própria da Química e vice-versa.

 

Assim, a proposta interdisciplinar tem como objetivo mostrar ao aluno a possibilidade de relacionar diversos conteúdos de forma a dar sentido ao seu cotidiano. Compreendendo a história através da criação de fórmulas matemáticas, compreendendo a formação de um pensamento social e científico próprio da Sociologia através da leitura de obras artísticas (como pinturas, esculturas, entre outros). Ou mesmo conseguindo visualizar processos de criação da Química partindo de concepções filosóficas.

 

Ao longo da leitura de materiais didáticos mais recentes torna-se perceptível a inclusão de fórmulas, diagramas, concepções oriundas de outras disciplinas que nos remetem ao pensamento sociológico. Por quê? Para que se torne claro ao aluno a possibilidade de um enfoque multidisciplinar. Para que se compreenda que a dinâmica interdisciplinar é saudável e que o mundo científico funciona dessa maneira.

 

A A disciplina possui papel intrínseco em sua aplicação no contexto de interdisciplinaridade da Sociologia. Pois serve de ponte entre algumas disciplinas tradicionais do ensino médio. Como por exemplo: Existem fatos sociais que a História não consegue explicar e dados que a Geografia não alcança. Formas de pensamento que a Filosofia não se interessa em mensurar, apenas discutir como atividade de pensamento bem conduzida. Mas não há preocupação sobre a veracidade dos fatos, o que é próprio da Sociologia. Assim, os que sofreram privação aos estudos da Sociologia do ensino médio, principalmente antes dos anos de 2008/2009 (quando a disciplina se torna obrigatória no Estado) tendem a ter maior dificuldade de compreender o objetivo de se estudar as disciplinas de humanas em geral. A não ser que tal aluno possua gosto e aptidão pela por este campo disciplinar.

 

Outro aspecto da proposta interdisciplinar é apontar para a utilidade das disciplinas na vida cotidiana do aluno. Como afirma Rubem Alves: “O ensino serve para dar prazer à vida.” Logo, se não há prazer no estudo, se não há avanço e aplicação prática, pra quê estamos estudando? Fica a pergunta como reflexão para alunos e professores.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, Maria Cristina Castilho. SOCIOLOGIA Introdução à ciência da sociedade. São Paulo, Editora Moderna, 2009. MORTIMER, Uriel. Profissão docente de Sociologia: contribuição na construção emancipatória dos sujeitos. https://www.fns-brasil.org/site/_artigo_sind_sp_profissao_docente.asp. FNS BRASIL, 2008. POMBO, Olga. Práticas interdisciplinares. Sociologias, Porto Alegre, n. 15, 2006. SPOSITO, Marília Pontes. Uma perspectiva não escolar do estudo sociológico da escola. São Paulo, USP, 2011.

* Bacharel em Ciências Sociais pela PUC/MG; licenciando em Sociologia pela UNIMES/SP; Diretor do Departamento de Comunicação e Imprensa do SINDS/MG (Sindicato dos Sociólogos de Minas Gerais) e professor do ensino médio.

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