O Deputado Izalci (PSDB-DF), juntamente com outros parlamentares, parece estar comprometido com o ataque ao desenvolvimento do pensamento científico-crítico da escola pública brasileira.Ainda em 2013 o referido deputado protocolou o Projeto de Lei 6003/2013 que tinha por finalidade excluir as disciplinas de Sociologia e Filosofia do currículo do Ensino Médio. Apesar de arquivado o Projeto de Lei não há garantias que não possa voltar à tona, sobretudo nesse contexto político do país.
A mais nova peripécia do deputado é atacar várias disciplinas de uma vez por meio da limitação de conteúdos que, segundo ele, são atentados à vulnerabilidade intelectual dos alunos. Nesse bojo, aparece o projeto “Escola sem Partido” (PL 867/2015) ou “Escola de Partido Único”. Trata-se de uma iniciativa cujo objetivo é censurar professores. Tal projeto de lei parte de suposto assédio ideológico dos professores sobre os alunos, que segundo os defensores do projeto ocorre de forma intensa, sistemática e frequente.
Além de ser uma classe desvalorizada, o professor agora é visto como um “manipulador de mentes vulneráveis”, segundo esse parlamentar. Os idealizadores do escola “Sem Partido” apostam que apenas os professores que “preparam para o mercado” de trabalho e que ensinam a não questionar as organizações são dignos de atuar como professor.
O deputado Izalci (PSDB-DF) é o mesmo que já denunciamos aqui no blog por tentativa de tirar Sociologia e Filosofia anos atrás. Ele não desistiu de atentar contra ao desenvolvimento do senso crítico dos alunos e agora quer amordaçar a escola e os professores.O deputado não compreende que doutrinar é justamente o que ele está tentando fazer: permitindo espaço apenas para “o pensamento único”, não crítico, o que fere os princípios científicos. Ideologia, e o deputado não compreende isso, é impor uma ideia de um grupo sobre os outros, calando os contrários. Quanto os princípios que regem tais práticas é religiosa, vemos que o problema é ainda maior, pois nos aproximamos à Idade das Trevas.
A Sociologia, senhor deputado, busca promover o desenvolvimento de duas “formas de ver o mundo” pelos alunos: desnaturalizado e com estranheza. A primeira compreendida como a capacidade de entender que os fenômenos sociais não são um dado da natureza, e sim construções sociais, portanto passíveis de serem contestados e modificados. Isso incomoda, não é? O segundo, compreendido como a capacidade de questionar, de estranhar, de não olhar para o mundo como algo óbvio, familiar, mas de forma crítica, questionadora. Estaria a preocupação do nobre deputado relacionada ao fato de que suas “velhas ideias” não passariam no crivo do pensamento crítico?
Fontes:
https://www.escolasempartido.org/o-papel-do-governo-categoria/539-dia-historico-projeto-de-lei-que-institui-o-programa-escola-sem-partido-e-apresentado-na-camara-dos-deputados
https://m.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/05/1770390-estados-debatem-vetar-ideologia-em-sala-de-aula-alagoas-ja-aprova-projeto.shtml
https://m.congressoemfoco.uol.com.br/noticias/%E2%80%9Cescola-sem-partido%E2%80%9D-acirra-polemica-na-educacao/
Implantação do programa Escola “sem partido”
https://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=1050668
Tentativa de retirada da sociologia e filosofia
https://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=585581
Nossa reflexão sobre o assunto
https://cafecomsociologia.com/2014/06/a-neutralidade-do-conhecimento-e-da.html