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Reforma social: ciência e arte*

A ideia de reforma social corresponde à consciência de que para tudo existe explicação, que a ciência talvez seja o melhor caminho para resolver os nossos problemas, e que, apesar de criarem a sociedade, os homens não o fazem segundo as condições que eles mesmos estabelecem — ou seja, produzem a vida sodai, mas as estruturas que criaram reproduzem-se praticamente sem a intervenção de forças ou agentes externos. Para ser considerado viável, algo que pode ser aplicado ostensiva ou potencialmente à realidade, um projeto de reforma tem de ser traduzido pelo menos em um dentre três domínios metacientíficos, cada qual com suas estratégias ou orientações de pesquisa:

Na época do lluminismo — movimento intelectual que, nos séculos XVII e XVIII, celebrava a razão e as virtudes humanas de compreensão do universo e a capacidade de mudar a realidade visando o bem comum —, a ideia de reforma tinha um sentido aristocrático, autoritário (que se refletia, por exemplo, na crença — ainda vigente hoje em dia — na educação como instrumento para diminuir ou abolir diferenças, baseada por sua vez na razão como fonte de todo o conhecimento). A partir da segunda metade do século XIX. No entanto, inclusive como reação aos anseios revolucionários gerados com as “abomináveis ideias francesas”, o desenvolvimento científico galvanizou a intelectualidade, a produção artística, e em particular a literatura realista e naturalista, cujas características são:

No entanto, as correntes literárias reformadoras apresentam diferenças importantes:

Realismo Naturalismo
Documental, apoiado em observação e análise Experimental, apoiado em testes

 

Acumula evidências; fotografa a realidade, para dar impressão de existência Concebe experiências, para chegar a conclusões não acessíveis somente por observação

 

Arte desinteressada, impassível Arte engajada, que denuncia e se preocupa com as mazelas sociais

 

Seleciona os temas e tem aspirações estéticas Detém-se nos aspectos mais torpes, degradantes

 

Reproduz a realidade, interior e exterior, por meio de análise psicológica

 

Centra-se em aspectos exteriores, manifestos, em gestos, discursos e ambientes

 

Interpretação obliqua, deixando as conclusões ao leitor

 

Interpretação direta, diagnóstico tira conclusões, cabendo ao leitor aceitar ou rejeitá-lo

 

 

Preocupação com o estilo

 

A denúncia fica no primeiro plano

 

*Fonte: PRESSLER, Charles A.; DASILVA, Fabío B. Sociology and interpretation. Albany: State University of New York Press, 1996. p. 130. ANDRADE, Fernando Teixeira de, 1 Literatura I, livro n. 20, São Paulo: Cered, s/d in SCURO, Pedro. Sociologia: ativa e didática. São Paulo: Editora Saraiva, 2004.

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