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Sou professor e não quero me tornar obsoleto!

Por Roniel Sampaio Silva

Este texto tem como objetivo discutir uma
proposta, afastando-se um pouco de uma abordagem sociológica, destacando aspectos
relacionam a profissão docente e as condições de prestação de serviço de banda
larga no país.
Mesmo com todos os avanços na área de
telecomunicações, a insatisfação relativa aos serviços de banda larga no Brasil
tem se ampliado a cada dia. Mesmo com a abertura do mercado, a criação de agências
reguladoras, a proposta de criação da InternetBrás e as promessas de
barateamento do serviço, ainda não alavancamos o setor, que tem suas condições
ainda mais agravadas em muitas partes da nação, sobretudo na Região Norte.

Paralelo a isso, em situação igualmente crítica,
ou pior, encontra-se o professor brasileiro, principalmente aquele cujo patrão
é o Estado. A situação docente é, como todos sabem, caótica: baixos salários, falta
de estruturas, carência de estímulos para aperfeiçoamento acadêmico e didático,
a quase inexistência de pesquisa, alunos desmotivados e indisciplináveis,etc.
Como se não bastasse, o professor, que deveria
ser o profissional mais “antenado”, quase sempre não tem acesso, por
deficiência do setor de comunicações e por falta de condições financeiras
adequadas, a Internet, muito menos a uma Banda Larga de qualidade.

Pensando nestes dois cenários – das
telecomunicações e o da docência – quero propor que se coloque a categoria dos
docentes no grupo de prioridade para o acesso ao serviço de internet. Tal prioridade
dar-se pelo fato de o país ainda não ter competência para expandir o serviço de
banda larga em boa parte do território nacional, em especial a região norte. Cabe
destacar que além dessa região, em muitos lugares o serviço ainda é de péssima
qualidade.

Antes de nos tornamos obsoletos, se já não o
somos, façamos algumas reflexões.

A quem interessa uma restrição do serviço de
internet? Seria esta estagnação decorrente de um medo desta ferramenta se
popularizar e comprometer os grandes meios de comunicação uma vez que na web há
possibilidade das informações serem refutadas no momento da sua transmissão? O
acesso a internet interessa as grandes editoras, as quais são constantemente
apontadas como integrantes de esquemas políticos? Tais questões nos leva a
compreender porque em pleno século XXI os professores e as escolas vivem, de
certa forma, a margem do mundo digital.

O professor é criticado por não acompanhar as
grandes mudanças proporcionadas pela tecnologia da informação, sendo apontado
como um profissional que caminha para a condição de obsoleto. Nessa crítica, o
professor, ver-se indefeso por não ter condições de acompanhar as mudanças e as
informações do mundo. Passou da hora do Estado criar e implantar uma política
eficaz de incentivo ao professor à ter acesso à informações por meio de auxílio
financeiro para compra de livros, revistas, internet e TV por assinatura. Porque
ainda não o fizeram? Será que estão esperando que a internet deixe de ser um
instrumento político e politizador, para se resumir a um nicho de temas fúteis,
tais quais outros meios de comunicação em massa?

Prioridade à informações aos professores, por
favor! Mas antes que todos nós, professores, nos tornamos ainda mais obsoletos
frente a um mundo que não passa pela escola ou pela nossa casa.

O cicerespaço, interconexão com os computadores do planeta, tende a tornar-se a proncpal ingraestrutura de produção, transação e gerenciamentos econômicos[…]Será o mediador essencial da inteligência coletiva da humanidade. Qualquer política de educação terá que levar isso em conta.
(Levy, 1999:169)

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