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Tabu significado: conceito em uma perspectiva freudiana

tabu significado

o tabu significado é um enigma internalizado. A palavra “tabu” desperta curiosidade e fascinação. Sua origem polinésia e a complexidade de seus significados tornam este conceito um dos mais intrigantes na história da humanidade. Amplamente explorado por antropólogos, psicólogos e historiadores, o termo evoca um universo de proibições, sacralidade e temor que transcendem culturas e épocas. Neste artigo, exploraremos o significado de tabu, suas origens, aplicações e influência nas sociedades humanas. Acompanhe esse texto sobre o assunto na perspectiva de Freud.

A Origem e o Significado do Termo “Tabu”

“Tabu” é um termo que surgiu nas regiões polinésias e que, por meio de explorações europeias, foi incorporado ao vocabulário ocidental. Sua tradução direta é um desafio, uma vez que o conceito polinésio original não possui equivalentes perfeitos em línguas ocidentais.

De forma simplificada, o tabu refere-se a algo que é simultaneamente “sagrado” e “proibido”. Esse duplo significado revela a ambivalência emocional que o conceito carrega: o tabu pode ser venerado, mas também temido. Para os polinésios, o oposto de tabu é “noa”, que significa algo comum ou livre de restrições. Assim, o tabu define limites simbólicos e práticos em relação a pessoas, objetos ou atos considerados especiais ou perigosos.

O Tabu em Diversas Culturas

Embora o termo seja polinésio, a ideia de tabu é universal. Muitas culturas, tanto antigas quanto contemporâneas, têm conceitos semelhantes. Os antigos romanos, por exemplo, utilizavam o termo “sacer” com significado semelhante, enquanto os gregos tinham “ayos” e os hebreus “kadesh”. Esses termos refletem uma relação entre o sagrado e o proibido, indicando que o tabu é uma construção cultural recorrente.

Na África, na América e em regiões da Ásia, existem sistemas de proibições que podem ser comparados aos tabus polinésios. Em Madagascar, por exemplo, certas árvores, animais e mesmo locais são considerados tabus e devem ser evitados ou tratados com rituais específicos. Essas práticas estendem-se às relações sociais e à organização simbólica das comunidades.

Características Principais do Tabu

O tabu pode ser entendido em três dimensões principais:

  1. Caráter Sagrado ou Impuro: Pessoas, objetos ou atos considerados tabus possuem uma essência especial, frequentemente associada ao “mana” — uma força mística ou poder sobrenatural que influencia o mundo.
  2. Proibição Resultante: Essa essência especial implica restrições. Tocar, usar ou mesmo olhar para um objeto tabu pode ser perigoso.
  3. Consequências da Violação: A violção de um tabu é vista como algo que desencadeia punições automáticas, sejam elas espirituais, sociais ou psicológicas.

Tipos de Tabus

De acordo com o antropólogo Northcote W. Thomas, os tabus podem ser classificados em:

  1. Tabus Naturais ou Diretos: Resultam do “mana” inerente a uma pessoa ou objeto. Por exemplo, reis ou sacerdotes são frequentemente considerados tabus devido ao seu poder espiritual.
  2. Tabus Comunicados ou Indiretos: Impostos por uma figura de autoridade, como um sacerdote ou chefe. Um exemplo seria a proibição de entrar em certos territórios considerados sagrados.
  3. Tabus Intermediários: Combinam elementos dos dois primeiros tipos, como a restrição temporária de caçadores antes de uma expedição.

O Papel do Tabu na Sociedade

Os tabus desempenham funções importantes na organização social e simbólica. Entre seus principais objetivos estão:

Tabus e Religião

Embora estejam associados às religiões, os tabus são frequentemente anteriores a elas. Wilhelm Wundt, em seus estudos, sugeriu que os tabus representam o sistema de leis não escritas mais antigo da humanidade. Antes mesmo do surgimento de deuses ou sistemas religiosos organizados, os tabus já regulamentavam a vida em sociedade.

O tabu também difere de proibições morais ou religiosas. Enquanto estas são baseadas em ordens divinas ou códigos éticos, os tabus se impõem por si mesmos, sem justificativas claras ou racionais. Sua força reside na aceitação coletiva e na crença em suas consequências automáticas.

A Transmissibilidade do Tabu

Uma característica marcante do tabu é sua transmissibilidade. Objetos ou pessoas considerados tabus podem “contaminar” outros através do contato. Essa ideia é comparável à eletricidade: uma carga poderosa que, ao ser liberada, pode causar destruição. Por isso, é comum que violações de tabus sejam seguidas por rituais de purificação ou expiação.

Tabus Modernos

Apesar de serem frequentemente associados a sociedades primitivas, os tabus ainda estão presentes nas sociedades contemporâneas. Assuntos como sexualidade, morte, política e religião frequentemente carregam elementos de tabu. Esses temas podem gerar desconforto, sendo evitados em conversas ou tratados com restrições culturais.

Na era digital, tabus também emergem em novos contextos, como a privacidade de dados e a exposição nas redes sociais. A cultura de cancelamento, por exemplo, pode ser vista como uma forma moderna de imposição de normas sociais e tabus coletivos, onde determinados comportamentos, opiniões ou associações são rapidamente condenados pela opinião pública. Funcionando como uma ferramenta de regulação social, essa cultura estabelece limites sobre o que pode ser dito ou feito em espaços públicos e digitais, muitas vezes sem a necessidade de mediação institucional. Por exemplo, figuras públicas que expressam opiniões consideradas ofensivas ou contrárias a valores amplamente aceitos enfrentam boicotes econômicos e exclusão social quase imediata. Esses fenômenos ilustram como o cancelamento age como um tabu moderno, preservando valores coletivos enquanto silencia divergências, ao custo, em alguns casos, de limitar a liberdade de expressão e o debate aberto.

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