Violência contra crianças no Brasil: musica da banda facção central

Uma temática de grande importância para tratar nas escolas é a violência, especialmente a violência contra crianças.

“Uma pesquisa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP constatou um aumento de 36% nos casos de maus-tratos infantis no primeiro semestre deste ano, em relação a 2009” (Jornal do Brasil, 14 de nov. de 2010).

Questões para discutir?

  • Qual, ou quais seriam as causas do aumento da violência infantil em São Paulo?
  • Estariam os pais demasiadamente estressados devido ao padrão de vida que o capitalismo tem nos imposto?
  • A valorização do material, que tem substituído em grande escala a emoção, o afeto e a atenção, estariam desnaturalizando o sentido antes existente de família? Os pais estariam desacostumando  a dar afeto aos seus filhos?
  • A crescente taxa de mães solteiras e de casamentos desestruturados estariam ligada a esse fato?

Dica de Música:
 “Eu não pedi pra nascer” de Faccção Central
(Obs. a música não é recomendada para crianças por conter dois “palavrões” e por ser uma história muito pesada – confira na letra abaixo).

Pode baixar a música (em formato Mp3) em: https://www.ziddu.com/download/12537115/FacaoCentralEunopedipranascer.mp3.html

Minha mão pequena bate no vidro do carro

No braço se destacam as queimaduras de cigarro
A chuva forte ensopa a camisa, o short
Qualquer dia a pneumonia me faz tossir até a morte
Uma moeda, um passe me livra do inferno,
Me faz chegar em casa e não apanhar de fio de ferro
O meu playground não tem balança, escorregador
Só mãe vadia perguntando quanto você ganhou
Jogando na cara que tentou me abortar
Que tomou umas cinco injeções pra me tirar
Quando eu era nenê tento me vender uma pá de vez
Quase fui criado por um casal inglês
Olho roxo, escoriação, p… , que foi que eu fiz?
Pra em vez de tá brincando tá colecionando cicatriz
Porque não pensou antes de abrir as pernas,
Filho não nasce pra sofrer, não pede pra vir pra Terra.

(Refrão 2x)

O seu papel devia ser cuidar de mim, cuidar de mim, cuidar de mim
Não me espancar, torturar, machucar, me bater, eu não pedi pra nascer

Minha goma é suja, louça sem lavar,
Seringa usada, camisinha em todo lugar
Cabelo despenteado, bafo de aguardente `
É raro quando ela escova os dentes
Várias armas dos outros muquiadas no teto
Na pia mosquitos, baratas, disputam os restos
Cenário ideal pra chocar a UNICEF,
Habitat natural onde os assassinos crescem
Eu não queria Playstation, nem bicicleta
Só ouvir a palavra “filho” da boca dela
Ouvir o grito da janela “A comida tá pronta”,
Não ser espancado pra ficar no farol a noite toda
Qualquer um ora pra Deus pra pedir que ele ajude
A ter dinheiro, felicidade, saúde
Eu oro pra pedir coragem e ódio em dobro
Pra amarrar minha mãe na cama, pôr querosene e meter fogo

(Refrão 2x)

Outro dia a infância dominou meu coração,
Gastei o dinheiro que eu ganhei com um album do Timão
Queria ser criança normal que ninguém pune,
Que pula amarelinha, joga bolinha de gude
Cansei de só olhar o parquinho ali perto,
Senti inveja dos moleque fazendo castelo
Foda-se se eu vou morrer por isso,
Obrigado meu Deus por um dia de sorriso
À noite as costas arderam no couro da cinta,
Tacou minha cabeça no chão
Batia, Batia, me fez engolir figurinha por figurinha
Espetou meu corpo inteiro com uma faca de cozinha
Olhei pro teto e vi as armas num pacote,
Subi na mesa, catei logo a Glock
Mãe, devia te matar, mas não sou igual você,
Em vez de me sujar com seu sangue eu prefiro morrer….

(Refrão)

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

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