Bagunça sincronizada

Bagunça sincronizada é um termo utilizado para descrever a ação de um grupo de pessoas que realiza uma atividade aparentemente caótica, mas que é executada de forma sincronizada e coordenada. Geralmente, essa atividade é realizada com música e coreografias, e pode envolver movimentos corporais, instrumentos musicais ou objetos diversos. A bagunça sincronizada pode ser vista como uma forma de expressão artística e cultural, que busca romper com as normas e padrões estabelecidos pela sociedade. Ao realizar movimentos aparentemente caóticos, o grupo desafia as expectativas dos espectadores e cria uma nova forma de interação social.

Além disso, a bagunça sincronizada também pode ser vista como uma forma de resistência e contestação política. Ao ocupar espaços públicos e realizar suas atividades de forma sincronizada e coordenada, o grupo questiona a ordem estabelecida e reivindica o direito à expressão e à liberdade. No entanto, a bagunça sincronizada também pode gerar controvérsias e críticas, especialmente quando realizada em espaços públicos sem autorização ou quando interfere na rotina das pessoas. Por isso, é importante que os grupos que praticam a bagunça sincronizada estejam atentos às regras e normas que regem a utilização do espaço público, de forma a evitar conflitos e garantir a segurança de todos.

 

Por Karla Cristina da Silva* 

Das paredes econômicas e da pouca proteção acústica, dá para escutar a respiração cansada da cidade. Algo comemora um nascimento, um noivado, um novo emprego… Os carros buzinam escandalosos. As pegadas pesadas na calçada. O solo parece engolir os passos dos homens máquinas… Um vai, outro vem… Com seus hardwares fisicamente esculpidos e softwares minuciosamente programados. Todos iguais nas diferenças, singulares idênticos. Estranhos conhecidos. As sirenes, os latidos, os miados, misturam-se aos murmúrios dos zombies tecnológicos. Nas mãos, a extensão de seus softhardwares ou será hardsoftwares? É certo que não precisam gastar um único kcal. Singulares idênticos. O fechar de portas comerciais. O avião rasante. Pés, pés, pés nas escadas, nas beiradas das portas, sem saber se apertam a campainha ou se correm para longe, para nunca mais voltar… Um resquício de humanidade: indecisão. Sábia indecisão! Pequenas vozes ao longe, brincadeiras, gritos infantis de quem ainda não entrou no jogo da desumanização. Um tilintar de taças… Algo comemora uma alegria… Genuína? Ensaiada? Programada? Ai de quem ousa questionar a imensa linha de montagem: Trabalhe, ganhe, consuma e obedeça às regras! Provavelmente será acusado de pane no sistema. Vai traste! Vai ser reprogramado! Conserta-te e anda! Incongruência… Pois que a salvação está na resistência. No silêncio íntimo das paredes econômicas, habitam alguns softwares ligeiramente desconfigurados, prestando atenção na bagunça sincronizada, ouvindo atentamente a respiração dos pulmões cansados da cidade. Ainda há esperança!

*Bagunça sincronizada . Karla Cristina da Silva é psicóloga formada pela Faculdade Pitágoras de Ipatinga.

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

2 Comments

  1. Linda observação, hoje em dia a correria nos faz mais centrados naquilo que exercemos. Deixamos as ideias de lado e aceitamos a realidade presente. Gostei muito de sua publicação, continue assim… Meus Parabéns!!! Rafael Júnio da Silva

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