Sirio Lopez Velasco – Entrevista do filósofo exclusiva

O filósofo Prof. Dr. Sirio Lopez Velasco respondeu gentilmente esta breve entrevista por email.  
Café com Sociologia: Professor, qual sua formação e quais as atividades profissionais o sr. destacaria em sua carreira?

Sirio Lopez Velasco: Sirio Lopez Velasco, uruguaio-brasileiro, nasceu em Rivera, em 1951. Casado, dois filhos. Em 1985 doutorou-se em  Filosofia na Université Catolhique de Louvain (Bélgica), na qual também recebeu o diploma de “licencié” em Lingüística e foi coordenador do Seminário de Filosofia Latino-americana entre 1983 e 1985 (primeiro Seminário de doutorado criado por discentes nessa Universidade fundada em 1425); em 2002 realizou pós-doutorado em Filosofia no Instituto de Filosofia do Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC, Madri, Espanha), com bolsa da CAPES. Desde 1989 é professor titular de Filosofia na Fundação Universidade Federal de Rio Grande (FURG em Rio Grande, RS) onde ajudou a criar o Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Educação Ambiental (primeiro em 1994 com Mestrado e desde 2006 também com Doutorado), o primeiro na área no Brasil a ser reconhecido pela CAPES.Currículo Lattes de Sirio Lopez Velasco

Café com Sociologia: Quais as principais publicações/pesquisas realizadas?

Sirio Lopez Velasco:
Publiquei os seguintes livros:

“Reflexões sobre a Filosofia da Libertação” (1991),
“Ética de la Producción” (1994),
“Ética de la Liberación” Vol. I [“Oiko-nomia”] (1996),
” Ética de la Liberación” Vol. II [Erótica, Pedagogía, Individuología] (1997),
“Ética de la Liberación” Vol. III [Política socioambiental ecomunitarista] (2000),
“Fundamentos lógico-lingüísticos da ética argumentativa” (2003),
“Ética para o século XXI. Rumo ao ecomunitarismo” (2003),
 “Ética para mis hijos y no iniciados “(2003),
“Alias Roberto – Diario ideológico de una generación” (2007), e
“Introdução à educação ambiental ecomunitarista” (2008),
“Ecomunitarismo, socialismo del siglo XXI e interculturalidad” (2009),
“Ética ecomunitarista” (2009),
 “Ucronia” (2009), e
“El socialismo del siglo XXI en perspectiva ecomunitarista a la luz del socialismo real del siglo XX” (2010).
Sirio Lopez Velasco: O socialismo do século XXI em perspectiva ecomunitarista deve incluir: a) uma ética fundadora de três normas básicas que nos exigem, respectivamente, lutar para realizar a nossa liberdade individual de decisão, exercer essa liberdade em buscas de respostas consensuais com os outros, e preservar-regenerar uma natureza humana e não humana saudável, b) uma economia ecológica e solidária, sem patrões e que respeite os “5R”: refletir, recusar, reduzir-reutilizar-reciclar os recursos e resíduos, usando energias limpas e renováveis (como a solar, eólica, das marés, geotérmica e da biomassa), c) uma educação ambiental problematizadora, praticada na educação formal e não formal, e inspirada de Paulo Freire e Demerval Saviani, d) uma política de todos, com predomínio da democracia direta, participativa e protagônica, embasada no poder de decisão real dos cidadãos organizados na base, e) uma comunicação simêtrica em mãos do povo, que supere o atual monopólio dos grandes meios de comunicação detentados por uma oligarquia que também controla o poder econômico, político, militar e cultural, e, f) uma erótica da libertação, do prazer compartilhado no respeito às três normas éticas fundamentais e que supere a condenação da masturbação, o machismo e a homofobia.
Café com Sociologia: Por que essa proposta? Em que se diferencia das experiências vivenciadas até o presente?
Sirio Lopez Velasco: Essa proposta permite simultaneamente o desenvolvimento de indivíduos universais solidários com o desenvolvimento dos outros, e respeitosos dos equilibrios ecológicos na aplicação do lema “de cada um segundo sua capacidade e a cada um segundo sua necessidade”. As experiências socialistas vividas na Europa falharam na aproximação a esse lema, no desenvolvimento da liberdade dos cidadãos livremente associados e na necessária conduta ecológica, ao tempo que praticaram uma educação bancária (e não problematizadora), tolheram a liberdade de informação-discussão-expressão-imprensa-comunicação-viagem, acabaram substituindo a democracia direta pelo poder imperial de uma cúpula partidária, e impediram o floirescimento da erótica da libertação.


Entrevistador: Cristiano das N. Bodart 
Data da entrevista: 19 de dezembro de 2010.

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

1 Comment

Deixe um comentário

Your email address will not be published.

Sair da versão mobile