Cada grupo social e político debate soluções para tal crise. Enquanto um grupo enfocam-se em questões estruturais: valorização dos profissionais da educação, investimento público, universalização, garantia da estrutura escolar, aumento do número de professores, redução de alunos por turma, redução do desvio de função de professores; outros grupos enfatizam na questões estritamente curriculares, dentre os quais propõem uma escola sem partido, livre do que eles chamam de doutrinação marxista ou uma escola sem partido, atribuindo o fracasso escolar à uma escola engajada ideologicamente. Um dos casos mais recentes foi o indeferimento de uma proposta que utilizou como método o materialismo histórico-dialético, método como qualquer outro que cuja orientação está vinculada a uma ideologia.
1- Neutralidade do conhecimento: Reflexão etimológica
certa”, de ORTHO , “reto, verdadeiro, correto”, mais DOXA, “opinião,
elogio”, de DOKEIN, “aparentar, parecer”.
“Com a incorporação da filosofia à teologia, na Idade Média, ortodoxia passou a ser usada no sentido de absoluta conformidade com a doutrina religiosa (isto é, com os ensinamentos professados pela Igreja Católica). Mas esse é o sentido etimológico da palavra dogmatismo (dogma = verdade inquestionável; + sufixo ismo = princípio, doutrina) que tem o preciso significado de estar em conformidade com os pontos fundamentais e indiscutíveis de uma doutrina religiosa determinada, daí o significado de doutrina e que é professada pelos que admitem, como verdade inquestionável, como um ato de fé, um conjunto de explicações (verdades).” (Lombardi, 2012, p. 69)
ideias (ortodoxa) e ao mesmo tempo atribuir-lhe um caráter
inquestionável e universal (dogma). Como era a igreja quem monopolizava o ensinamento (doutrina), todas essas palavras passaram a se aproximar no campo semântico.
2-Neutralidade do conhecimento: Reflexão epistemológica/sociológica
Karl Heinrich Marx, sob alegação que seu engajamento politico compromete a cientificidade dos resultados analisados uma vez que o conhecimento é neutro, ou seja, beneficia toda a humanidade em igual medida.
Progresso pra quem? |
em sua obra “As aventuras de Karl Marx contra o Barão de Münchhausen” argumenta que o marxismo foi a primeira corrente de pensamento a analisar o desenvolvimento histórico como forma de explicar as mazelas sociais, até então tidas como discurso pretensamente neutro e desvinculado de ideologias.
A omissão é também um partidarismo. |
3-Neutralidade do conhecimento: Reflexão pedagógica
4-Neutralidade do conhecimento: Reflexão histórica
“[…]assegurasse autêntica ordem democrática,
baseada na liberdade, no respeito à dignidade da pessoa humana,
no combate à subversão e às ideologias contrárias às tradições
de nosso povo”
Neutralidade do conhecimento: Algumas reflexões finais:
Caderno de atividades. “História do Brasil Império e República” livro utilizado nos 7ºs anos do Ensino Fundamental nos Colégios Militares. |
Por isso, a escola sem partido está muito mais pra escola antimarxista do que uma escola preocupada com a pluralidade de concepções pedagógicas.
BRASIL, 1968. Ato institucional Número 5.
Disponível em
<https://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/AIT%205-1968?OpenDocument>Acesso:
maio de 2014
LOMBARDI, José Claudinei. Embates marxistas: apontamentos sobre a pós-
modernidade e a crise terminal do capitalismo. Campinas, SP: Librum, Navegando,
2012.
LÖWY , Michel. As aventuras de Karl Marx contra o Barão de Münchhausen. São Paulo: Editora Cortez, 1994.
SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 11. ed. rev. Campinas: Autores Associados, 2011.
WEBER, Max. O sentido da neutralidade axiológica das ciências sociológicas: In: Três tipos de poder e outros escritos, Lisboa, Tribuna da História, pp.145-192)
Sem querer ser chato mais já sendo, deem uma olhada nos meus comentários lá no facebook sobre a publicação, por favor. Bom se, de repente, postarem muita coisa e ficar difícil de achar, eis: "Muito bom! Não sei é editável, mas há um "dos" a mais em "Todavia, é necessário desconfiar dos dos discursos travestidos de neutralidade". É corrigível? Grato," "na vdd, há um bocado a mais… não é querendo ser chato nem nada.. não to falando a toa ou dizendo q estão errados. Só querendo ajudar Algumas partes que notei: "Reflexaõ pedagógica", "socio-econônica", "advetivo", "detacamos", "Revolução indistrial", "atualizade", "pespectiva", "humandiade", "popror", "dicussões", "neutraldiade", "pretenssamente", "aos ensinamentodo marxismo", "nazi-facistas", "civil-miltar". É isso"
Gabriel, suas contribuições são absolutamente bem vindas. Postei uma versão não revisada do texto. Seus comentários são muito bem vindos. Algumas coisas inclusive não tinha sido percebidas. Obrigado Gabriel 🙂 Muito gentil da sua parte.
Haha, de nada. É que gostei do texto/da ideia e decidi publicar. Mas é que há sempre aqueles chatos que nem considerariam o conteúdo (ótimo, por sinal) da publicação pq iam ficar mais atentos aos erros. Continue o bom trabalho!
Muito bom! Parabéns pelo texto 🙂
Professor Raniel, mil desculpas, mas eu acho que o senhor não entendeu nada. Lutar por uma escola não-doutrinal, não coaduna em nada com uma pretensa "neutralidade axiológica" da Sala de Aula, mas sim, o fato do estudante estar refém do discurso político engajado do professor. Encucar crianças e jovens é covardia. Responda: quantos alunos tendem a debater professores inflados em suas verdades absolutas, levando em conta que os docentes são os donos das "notas"? Outra coisa,o senhor realmente concorda que um professor, principalmente exercendo função pública, pode dar preferência a uma matriz ideológica, ou científica, em detrimento de outras; em Sociologia, por exemplo, existe algum paradigma dominante? Confundindo não doutrinação com neutralidade, e neutralidade com neutralidade axiológica, dá-se, por conseguinte, a falsa intuição de que o professor pode aderir ao mais rasteiro discurso panfletário sem se preocupar com a imoralidade desse ato.
Penso que o busílis se concentra no fato de ter atingido principalmente o coração dos progressistas. Gostaria de ver se um professor de filosofia com fumos de pastor conservador e criacionista não seria botado pra fora da escola em poucos instantes. Ninguém, garanto!, levaria em conta "se o professor não pode pensar por si e nem ter um projeto de sociedade".
Manoel, com base em que vocês afirmam que existem uma doutrinação ideológica na escola? Quais as pesquisa científicas sérias afirmam isso?
Posso responder as suas reflexões?
1- Sim, existe, mesmo que tenha perdido parte de sua força – o que não considero uma vitória dos militares. Vamos lá, me apresente cinco grandes intelectuais que não sejam marxistas, socialistas, neomarxistas, neosocialistas, no qual tivemos a honra de lê-los exaustivamente na nossa graduação. Faça uma pesquisa rápida na biblioteca central de sua universidade e veja a quantidade de livros publicados em período ditatorial e que propagavam a ideologia marxista ou congeneres… Sempre digo que se existem intelectuais brasileiros e estrangeiros que não sejam progressistas, esses são esquecidos nas cadeiras obrigatórias, e quando muito, lembrados nas eletivas.
2- Bom, o combate ao positivismo e ao funcionalismo se expõe com clareza em todos os manuais de Ensino Médio que conheço. O senhor já refletiu sobre o fato dos chamados "três porquinhos" da Sociologia serem expostos nesses manuais na seguinte ordem: Durkheim, Weber e Marx. Veja, a ordem desrespeita o desenrolar histórico dos pensadores e suas respectivas teorias. Claro, Marx deveria aparecer primeiro, mas é mais reconfortante para o escritor de manuais progressista pôr o "grande libertador" por último, para soar como "verdade definitiva", ou o vencedor do devir científico. Os outros temas elencados pelo senhor são menos tratados como representativos em um construto político-ideológico, mesmo que de fato o sejam.
3- Desculpe-me, mas vejo que o tema tem total ligação com a "qualidade" em todos os aspectos.
4- Eram ideias como essa, qual seja a de que existe liberdade de pensamento para todos no âmbito educacional, que surgiram monstrengos como a Educação Moral e Cívica, e a sua vingança intelectual automática travestida de disciplina, a O.S.P.B. Tais liberdades criam corporativismos intelectuais nocivos à democracia pedagógica, e tornam pais, alunos e comunidade escolar reféns da ideologia do governo de ocasião, ou da elite acadêmica que define o que é ou não mainstream intelectual. Isso ocorrera e ocorre justamente por conta de não existir, ao contrário, liberdade nenhuma. Vamos lá, me apresentem, por exemplo, um único livro texto de Ciências Humanas que não trate o Neoliberalismo como algo abominável, destruidor e perverso. Ah, aproveitem e observem que não existe um único manual para Ensino-Médio onde o autor tenha apresentado na bibliografia do mesmo, a leitura de um autor clássico dessa vertente, em seu original. Estranho não?! Para Marx, o original ou seus asseclas, para os "direitistas", seus comentadores e antípodas.
"O ensino será ministrado com base nos princípios da liberdade – de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber – e do pluralismo de ideias de de concepções pedagógicas".
Constituição Federal, art. 206, II e III
Todo resultado oriundo das ciências humanas o qual mexa com os preconceitos, visão de mundo das pessoas ou cujas conclusões são diferentes do que elas gostariam, prontamente, serão acusados de manipulação ideológica.
Em síntese, neutralidade é o que eu defendo, "contaminação ideológica" é o que os outros defendem.
Primeiramente obrigado por expor sua opinião.
Vou me ater, por falta de tempo, a uma afirmação sua. É a seguinte:
"O senhor já refletiu sobre o fato dos chamados "três porquinhos" da Sociologia serem expostos nesses manuais na seguinte ordem: Durkheim, Weber e Marx. Veja, a ordem desrespeita o desenrolar histórico dos pensadores e suas respectivas teorias. Claro, Marx deveria aparecer primeiro, mas é mais reconfortante para o escritor de manuais progressista pôr o "grande libertador" por último, para soar como "verdade definitiva", ou o vencedor do devir científico. "
Penso que não conhece todos os manuais, pois muitos deles não segue essa sequência. Se eu fosse organizar uma sequencia eu a faria na seguinte ordem: Durkheim, Weber e Marx ou Durkheim, Marx e Weber. Em síntese, eu colocaria Durkheim para iniciar os teóricos por conta dele ter dado origem a uma organização metodológica científica para a Sociologia. Em outros termos, seria primeiro justamente por sua grande importância na introdução do que é Sociologia. Começar com Marx sem antes lançar as bases da Sociologia não vejo ser o melhor caminho. Uso Marx posteriormente ao tema de origem da Sociologia e seu objetivo: entender a sociedade da época. Dito isto, posso usar Marx ou Weber para explicar como se explicava os fenômenos sociais de suas respectivas épocas (embora o escopo temporal será o mesmo: desenvolvimento da sociedade moderna-capitalista). É isso!