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Ensinar história e a lei “Escola sem partido”

Flavio leite costa

Por Fávio Leite Costa*

Não tenho problema em discutir com meus alunos os mais variados temas. Na verdade, isso se faz necessário para que eles se identifiquem como sujeito histórico.Talvez um dos problemas esteja justamente aí. Os alunos se identificarem como sujeito histórico. É a partir dessa identificação que eles começam a construir conceitos básicos, incluindo um chamado “cidadania”. É como sujeito histórico que eles identificam qual a situação deles como classe social e onde eles fazem diferença socialmente e culturalmente.

Falar sobre I Guerra Mundial e mostrar a influência das políticas imperialistas do século XX não é assédio ideológico, é explicar processo histórico. Mostrar que os avanços tecnológicos desse período também causaram malefícios à humanidade não é constranger o aluno que acredita que o desenvolvimento cientifico só traz benefícios, é uma mera constatação.

Discutir distribuição e concentração de renda nos processos históricos não é assédio ideológico. É uma simples constatação do que foi o Brasil das décadas de 1970 e 1980, ou uma breve “olhada” no mapa mundial, identificando quem são considerados países desenvolvidos e não desenvolvidos.

Abordar temas relacionados à questão racial, nos dias de hoje, é ir além da mera discussão sobre a escravidão negra no Brasil Colonial. Esse tema se relaciona diretamente aos problemas de assassinatos de negros norte-americanos por policiais brancos, ou a dados de acesso à educação pública superior no Brasil atual.

Pensar uma sociedade sem homofobia e sem conceitos machistas não é transformar alunos em um “exército de gays”, é mostrar que homossexuais e mulheres são seres humanos como qualquer outro e que tem o direito de viver em uma sociedade que não os agrida e que possibilite os mesmos direitos que aos demais. Isso se faz importante principalmente quando vemos os dados sobre violência contra homossexuais e mulheres no país.

O mais interessante de tudo isso! Como levar a reflexão dos temas aqui mostrado, e uma infinidade de outros, sem o contraditório? Sem ter alunos que questionem se posicionem sejam a favor ou sejam contra? Sem ter alunos que em determinados momentos vejam que sua concepção de mundo está muito aquém do que trabalhamos em sala? Sem ter pessoas que irão confundir o trabalho do educador com “assédio ideológico”?

NÃO PRECISAMOS DE LEI DE MORDAÇA.
NÃO PRECISAMOS DE UM ESTADO FASCISTA QUE RETIRE DO PROFESSOR SUA AUTONOMIA.
Eu voto NÃO!

Se você concorda com o texto, clique no link abaixo e vote contra a PL 193/2016 que institui o programa escola sem partido.
https://www12.senado.leg.br/ecidadania/visualizacaomateria?id=125666

* Graduado em História pela Universidade Estadual de Maringá, Mestre em Educação pela Universidade Federal de Rondônia e docente do Instituto Federal de Rondônia.

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