Origem da Palavra Trabalho

Origem da palavra Trabalho

A palavra “trabalho” tem sua origem no vocábulo latino “Tripallium” – denominação de um instrumento de tortura formado por três (tri) paus (pallium). Desse modo, originalmente, “trabalhar” significa ser torturado no tripallium.

Quem eram os torturados? Os escravos e os pobres que não podiam pagar os impostos. Assim, quem “trabalhava”, naquele tempo, eram as pessoas destituídas de posses.

A partir daí, essa ideia de trabalhar como ser torturado passou a dar entendimento não só ao fato de tortura em si, mas também, por extensão, às atividades físicas produtivas realizadas pelos trabalhadores em geral: camponeses, artesãos, agricultores, pedreiros etc. Tal sentido foi de uso comum na Antiguidade e, com esse significado, atravessou quase toda a Idade Média.

Só no século XIV começou a ter o sentido genérico que hoje lhe atribuímos, qual seja, o de “aplicação das forças e faculdades (talentos, habilidades) humanas para alcançar um determinado fim”.

Com a especialização das atividades humanas, imposta pela evolução cultural (especialmente a Revolução Industrial) da humanidade, a palavra trabalho tem hoje uma série de diferentes significados, de tal modo que o verbete, no Dicionário do “Aurélio”, lhe dedica vinte acepções básicas e diversas expressões idiomáticas. (Pesquisa de Augusto Nivaldo Trinos.In Revista “Educação e Realidade”).

 

Breve história sobre os sentidos do trabalho

Na Roma antiga, o trabalho era considerado a atividade de escravos e estrangeiros. Os romanos valorizavam atividades intelectuais como filosofia, literatura e artes sobre a atividade física. Na concepção romana, o trabalho manual era secundário e inconsistente com o ideal de que os cidadãos romanos deveriam se dedicar à atividade intelectual e política. Os escravos eram responsáveis ​​pela maior parte do trabalho na Roma antiga, incluindo atividades rurais e urbanas. O trabalho escravo era visto como natural e inquestionável, e a vida escrava era marcada pela exploração e violência.

Na Idade Média, o trabalho assumiu um novo significado e significado. Com o advento do feudalismo, a sociedade foi dividida em senhores feudais que detinham poder político e econômico e servos que produziam alimentos e produtos materiais. Nesse período, o trabalho passou a ser visto como uma obrigação moral e religiosa, e a vida servil foi marcada pela submissão e pelo trabalho árduo. A Igreja Católica também promove a valorização do trabalho, defendendo-o como forma de servir a Deus e alcançar a salvação.

No capitalismo, o trabalho ganha uma nova dimensão e passa a ser visto como forma de produção de valor e riqueza. Com o advento das fábricas e a expansão da produção em massa, o trabalho deixou de ser uma atividade realizada em pequenas comunidades e passou a ser uma atividade em larga escala realizada nas fábricas. O trabalho também passou a ser pago por meio de salário, e a jornada de trabalho passou a ser controlada e regulamentada por lei. O trabalho não é mais visto como uma obrigação moral, mas agora é visto como um meio de subsistência e ascensão social. No entanto, o fenômeno do trabalho explorador continua no capitalismo, insegurança no trabalho, direitos trabalhistas reduzidos e exploração do trabalho nos países em desenvolvimento.

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

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