Porque a jornalista Rachel Sheherzade, âncora e comentarista do Jornal do SBT virou símbolo da extrema direita conservadora no Brasil? As respostas me parecem bem simples: pelas ideias propagandeadas em rede nacional, e o pior: trata-se de “doença” grave e contagiosa. Doença* facilmente diagnosticada em seus representados.
A jornalista do SBT, Rachel Sheherazade, me parece ser a “cara” e “porta-voz” de parcela significativa da burguesia brasileira, aquela que defende que “bandido bom é bandido morto”. Nota-se isso até a partir de uma rápida visita ao seu blog, onde encontraremos algumas coisas sensatas, outras bastante incoerentes e muitas opiniões que dão inveja a neonazistas. Destaco algumas delas para posteriormente comentá-las:
- “O Estado é omisso. A polícia, desmoralizada. A Justiça é falha. O que resta ao cidadão de bem, que, ainda por cima, foi desarmado?
Se defender, claro!
O contra-ataque aos bandidos é o que eu chamo de legítima defesa coletiva de uma sociedade sem Estado contra um estado de violência sem limite” (SHEHERAZADE, 04/02/2014).
- “Lei é Lei! Tem que ser cumprida, aplicada, obedecida. E o juiz deve ser o primeiro a se curvar diante dela.
Além do mais, o Judiciário não é o foro certo para levantar e defender bandeiras, como a legalização. Quer legislar, Meritíssimo? Deixe a toga! Eleja-se deputado, e tente mudar as leis” (SHEHERAZADE, 29/01/2014).
- “Restaurando-se a igualdade entre os condenados – ricos e pobres, pretos e brancos, políticos ou não – restaura-se a paz” (SHEHERAZADE, 17/12/2013).
- “Foi justamente a violência, o caos urbano que forçou o consumidor a abandonar o comércio de rua, as praças públicas, os cinemas, teatros, restaurantes e migrar para espaços fechados e vigiados. Mas, agora, até esse refúgio foi violado! O que fazer? Fechar os olhos? Fingir que não há perigo nos “rolezinhos”, como fizeram os shoppings para ofuscar a propaganda negativa?
Devemos defender o direito dos arruaceiros de se reunir em locais privados, sem prévia autorização, tumultuando a ordem pública, espalhando o medo, afastando as famílias, intimidando os frequentadores? Ou só vamos tomar providência quando os arrastões migrarem das periferias para os shoppings de luxo?” (SHEHERAZADE, 16/12/2013).
No primeiro item destacado, nota-se que para a referida jornalista a justiça pode ser feita com as próprias mãos, ignorando todo o histórico do Estado de Direito. No segundo, cobra-se o rigor da lei? Ora, é ou não para seguir a lei senhorita Sheherazade? Se assim for qualquer indivíduo tem o direito de ser julgado por um tribunal e não ser linchado por populares.
No item 3, nota-se que a ideia é a mesma aplicada na ditadura militar, onde presos políticos devem ser tratados como presos comuns. Mas isso não vai de encontro o que a jornalista algumas vezes (em estado sóbrio) argumentou em prol da democracia e da liberdade de expressão? Isso não ameaçaria os que não concordam com a atual situação política do país, podendo esses ser tratados como qualquer outro criminoso, como ocorria nos Anos de Chumbo?
Por fim, no quarto item nota-se a preocupação da jornalista com suas compras; apenas com quem está incluído no mundo do consumo. A frase irônica de que “devemos defender o direito dos arruaceiros de se reunir em locais privados, sem prévia autorização, tumultuando a ordem pública, espalhando o medo, afastando as famílias, intimidando os frequentadores?” deixa claro que os jovens da periferia já estão errados e cometendo crime antes de fazê-los, assim como eles não têm o direito de estar nesses espaços… nem mesmo parecem ter famílias. Diferentemente é seu pensamento quando o sujeito não é da periferia, mas um jovem branco rico, famoso e vivendo apenas uma fase difícil de sua vida. Coisa bem diferente do “marginalzinho” amarrado no poste.
A Jornalista me parece sofrer da síndrome da superficialidade da compreensão da realidade social agravada pela incoerência aguda contagiante. Cuidado que a doença pega! Lembre-se a jornalista é apenas uma das hospedeiras da doença. Torcemos para que ela possa se curar e não transmitir a doença a mais ninguém.
O “ministério da sensatez” adverte que radicalismo faz mal aos neurônios. Evite neuroses!
*termo usado em sentido figurativo para designar a falta de compreensão da realidade social.