Zoo Humano, vulgo Big Brother Brasil

Por Cristiano Bodart

Homens
e mulheres são enclausurados para espetáculo. Para que outros observem seus instintos, suas interações, harmonia e conflito. 
A expressão “Zoo Humano” descreve originalmente uma prática do período
imperial, onde pessoas eram expostas em ocasiões públicas em um ambiente
reconstituído. A ideia era proporcionar entretenimento a partir da curiosidade
do homem branco em relação a negros africanos ou colonos italianos e com isso
os enclausuradores enriqueciam com o show da “vida recriada” em ambientes fechados.

Para
uns o Zoo Humano era um espetáculo, para outros,

os enclausurados uma situação
deplorável. Os espectadores poderiam observar o comportamento atípico
reproduzido pelos reclusos, assim como as crises provocadas pela reclusão. Tal reclusão,
além de usada como espetáculo, é uma prática antiga usada para castigar
criminosos ou escravos, portanto situação humilhante. Tal espetáculo deplorável
foi praticada até a II Guerra Mundial.

Em
pleno século XXI parece que a prática volta a cena. A busca por lucro faz com
que o Zoo Humano retorne a existir.
A
história parece repetir-se…
Homens
e mulheres são enclausurados para espetáculo. Para que outros observem seus instintos, suas interações, harmonias e conflitos.  A expressão “Zoo Humano” descreve agora as
prática dos reality shows, onde
pessoas são expostas publicamente em um ambiente reconstituído, geralmente em uma
casa, como ocorre com o “Big Brother Brasil”. A ideia é proporcionar
entretenimento a partir da curiosidade do telespectador em relação a sedentos
por dinheiro e com isso, as emissoras de TV enriquecem com o show da “vida
recriada” em ambientes fechados.
O
curioso é que o Zoo Humano, ou “Big Brother Brasil”, como queiram,  é visto como para muitos um espetáculo. Para
outros, os enclausurados, uma chance de virar herói, de sair da “antiga dura
vida real”. Mas no final quem lucra de fato são os “novos colonizadores da vida
alheia”. Nesse novo Zoo Humano os (tel)espectadores podem observar o
comportamento típico reproduzido pelos reclusos, assim como suas crises
provocadas pela reclusão… as mais deploráveis cenas da intimidade humana. Pior
que tal situação parece ainda ter vida longa…
E
você, vai comprar ingressos para o Zoo Humano? Ou melhor, vai dar uma espiadinha?

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

5 Comments

  1. Sem dúvida alguma!
    E para piorar a situação,as pessoas querem participar desse Zoo humano! Antigamente era uma situação mal vista, destinadas aos "excluídos socialmente", porém, atualmente,tornou-se uma busca competitiva. A opção de ser "enjaulado" é um desejo e não mais uma obrigação.

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