Nota-se claramente (sobretudo nos últimos dias) uma imbricação entre fofoca e o desejo de fazer justiça; algumas vezes com as próprias mãos. Trata-se de um efeito produzido por diversos fatores. Mas dentre eles, destaca-se a influência da grande mídia brasileira, especificadamente alguns programas televisivos.
Notoriamente o brasileiro sofre uma constante tentativa de ser “programado” para cuidar da vida alheia. Na verdade, isso não é um fim, mas um meio encontrado pela grande mídia televisiva de conseguir audiência e engrossar sua receita; isso sim, seu objetivo final.
Reparem os programas de TV por um instante. Observe a sua estratégia de “fidelizar” o público. O que notamos é um aproveitamento da curiosidade inerente ao homem para “prende-lo” aos programas transmitidos. Nesse quesito a novela e programas como o BBB são expert. A ideia, em síntese, é aguçar a curiosidade do telespectador e despertar o interesse pela vida alheia. Ao acompanhar a vida alheia passamos a emitir juízos de valor sobre os comportamentos observados, definindo o que é certo e o que é errado, com quem o personagem deve ou não namorar, quem deve ser preso ou absolvido, quem deve sofre ou ser feliz e, ainda, quem deve viver ou morrer.
“Aprendemos”, além de ser fofoqueiros, a ser juízes. Juízes forjados no sofá e por meio de “representações distorcidas da vida real”. O pior que nosso comportamento espelhado por tais programas passam a ser reproduzidos em nosso cotidiano, que é bem real. Do “preparo” de um fofoqueiro e julgador da vida alheia para desejar amarrar alguém em um poste e aplicar a ele a “justiça” é um pulo.
Certamente não é o objetivo-fim dos programas de TV criar fofoqueiros ou justiceiros, mas na busca pela maximização de suas receitas vale de tudo. O que importa são os fins, os meios são apenas meios e nada mais.