Abolição dos Direitos

escravid%C3%A3o

Ano de 1888, Lei Áurea. Era abolido a escravidão. O negro agora estava livre. Livre para ir a qualquer lugar; ou talvez a lugar nenhum.
Liberto da opressão física e encarcerada dentro do abismo subumano da sociedade. Abismo que até hoje muitos estão em sua parte mais profunda. Ficaram sem o direito de ter; de ter direito.
Direito, palavra por muitos desconhecida, pois esses perderam esse direito e passaram a viver fora dos “direitos” que regem a sociedade. Foram chamados então, de ladrões; ladrões daquilo que a sociedade um dia tomou deles. Tiram dos “normais” a tranqüilidade que também, em uma época passada lhe foi tirada.
Pobres negros, literalmente pobres!
Libertos do trabalho não remunerado se depararam com um novo mundo, o do salário baixo, do cruel mundo do desemprego.
Se antes o seu trabalho lhe proporcionava apenas o direito de comer; hoje aqueles que conseguiram conquistar um trabalho, o seu salário não passa de sua mísera subsistência.
Abolição… da senzala para a favela.
Eram apenas mão-de-obra negra. E hoje são algo mais?
São sobre tudo os que mais sofrem com a discriminação. Chamados foram de marginais. Até parece que eles escolheram esta situação.
Realmente, marginais são; isso porque uma elite de hoje que chamamos de burguesia, os lançou a margem do desenvolvimento humano, social, político e econômico.
Estão à margem, vendo a história passar como um rio. E ao mesmo tempo, de fora desse processo, se vêm estagnados.
Século XXI, direitos humanos. É agora dado o direito aos homens. Os homens agora possuem direitos!
Direitos…direitos… Quais direitos?
Talvez, direito de viver a mesma história, direito de ser escravo do sistema. Direito de ser excluído, de estar, ou melhor, permanecer à margem do desenvolvimento humano, social, político e principalmente econômico.
Abolição … Abolição…
Abolido do que?
Do direito de ter o mínimo direito.
Pobres negros, literalmente pobres!
(BODART, Cristiano das Neves. É Cientista Social)

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

Deixe uma resposta

Categorias

História do Café com Sociologia

O blog foi criado por Cristiano Bodart em 27 de fevereiro de 2009. Inicialmente tratava-se de uma espécie de “espaço virtual” para guardar materiais de suas aulas. Na ocasião lecionava em uma escola de ensino público no Estado do Espírito Santo. Em 2012 o Roniel Sampaio Silva, na ocasião do seu ingresso no Instituto Federal, tornou-se administrador do blog e desde então o projeto é mantido pela dupla.

O blog é uma das referências na temática de ensino de Sociologia, sendo acessado também por leitores de outras áreas. Há vários materiais didáticos disponíveis: textos, provas, dinâmicas, podcasts, vídeos, dicas de filme e muito mais.

Em 2019 o blog já havia alcançado a marca de 9 milhões de acessos.

O trabalho do blog foi premiado e reconhecido na 7º Edição do Prêmio Professores do Brasil e conta atualmente com milhares de seguidores nas redes sociais e leitores assíduos.

Seguimos no objetivo de apresentar aos leitores um conteúdo qualificado, tornando os conhecimentos das Ciências Sociais mais acessíveis.

Direitos autorais

Atribuição-SemDerivações
CC BY-ND
Você pode reproduzir nossos textos de forma não-comercial desde que sejam citados os créditos.
® Café com Sociologia é nossa marca registrada no INPI. Não utilize sem autorização dos editores.

normas
Previous Story

Aula de Sociologia – Primeira semana

multidao
Next Story

Reflexão em torno do objeto de estudo da Sociologia

Latest from Sem categoria

Lado yang?

Por  Karla Cristina da Silva* Eu não quero ser Yin muito menos Yang… Tirar a paz? Desequilibrar o mundo? Tanto faz… Foi Pandora quem abriu
Go toTop

Don't Miss