Autor: Roniel Sampaio Silva

  • Discurso de casamento

    Discurso de casamento

    Discurso de casamento.  Hoje mais um é ritual de passagem para uma pessoa melhor, mais sábia, tolerante e mais forte. Todo ritual de passagem é ao mesmo tempo transformador e doloroso. Hoje, diante de todos vocês, celebramos não apenas um casamento, mas um compromisso profundo e duradouro. Este é um dia que marcará a nossa história, um dia em que nos entregamos completamente um ao outro, prometendo compartilhar todas as alegrias e desafios que a vida nos reserva.

    Neste ritual de passagem, reconhecemos que o amor é uma jornada contínua, repleta de transformações e desafios. Como duas almas que se encontraram, estamos dispostos a abrir mão de nossas antigas rotinas, certezas e solidão em prol de um futuro juntos, construído sobre alicerces sólidos de amor, respeito e compreensão.

    Sabemos que, como seres humanos, podemos tropeçar ao longo do caminho, mas é a beleza desse compromisso que nos segura quando a estrada se torna acidentada. Nossas vidas podem ser marcadas por altos e baixos, mas o que importa é que enfrentaremos esses desafios de mãos dadas, fortalecendo nosso vínculo a cada obstáculo superado.

    Hoje, nesta data especial, prometemos que cada dia será uma página em nossa história, uma história que estamos escrevendo juntos. Cada momento, seja ele repleto de alegria ou desafios, será lembrado como parte dessa incrível jornada que é o nosso amor. Nossos corações estão cheios de gratidão por termos encontrado um ao outro, por termos escolhido o amor verdadeiro e por estarmos aqui, diante de todos vocês, compartilhando este momento inesquecível.

    Nossa jornada juntos está apenas começando, e não há dúvida em nossos corações de que o amor que compartilhamos nos guiará para um futuro brilhante e cheio de alegria. Estamos emocionados e abençoados por termos escolhido um ao outro para compartilhar o resto de nossas vidas, e mal podemos esperar para ver onde essa jornada nos levará. Obrigado a todos por estarem aqui para testemunhar este momento tão significativo em nossas vidas.

    Obrigado a todos e todas por presenciar este Discurso de casamento.

  • hipótese de pesquisa: noções fundamentais

    hipótese de pesquisa: noções fundamentais

    Uma hipótese de pesquisa é uma pedra angular no processo de investigação científica. Ela serve como um guia para direcionar a pesquisa e fornece uma base sólida para a coleta e análise de dados. No entanto, entender a verdadeira natureza de uma hipótese de pesquisa requer uma análise aprofundada.

    A Importância da Curiosidade e da Dúvida

    O processo de formulação de uma hipótese de pesquisa começa com a curiosidade e a dúvida. É aí que a jornada da pesquisa se inicia. A curiosidade é o ímpeto que leva os pesquisadores a explorar um tópico em primeiro lugar. Eles querem entender algo melhor, descobrir respostas para perguntas não respondidas e avançar o conhecimento existente.

    A dúvida desempenha um papel crucial, pois é a consciência de que não sabemos tudo e que existem lacunas em nosso entendimento. A dúvida nos leva a questionar o que já foi estabelecido e nos motiva a buscar respostas. Dessa forma, a curiosidade e a dúvida se entrelaçam para criar o impulso para a pesquisa.

    A Diferença Entre Lampejos, Premissas e Hipóteses de Pesquisa

    Muitas vezes, as pessoas confundem lampejos, premissas e hipóteses de pesquisa. Um lampejo é uma ideia repentina e brilhante que surge sem esforço consciente. Pode ser uma intuição ou uma revelação momentânea. No entanto, um lampejo, por si só, não é uma hipótese de pesquisa. É o ponto de partida, a centelha que inspira a investigação.

    As premissas são crenças iniciais, suposições ou concepções sobre um tópico. Elas são a base a partir da qual a pesquisa começa, mas também não são hipóteses de pesquisa. As premissas podem ser subjetivas e muitas vezes refletem o conhecimento prévio do pesquisador sobre o assunto.

    Uma hipótese de pesquisa, por outro lado, é uma afirmação específica que pode ser testada por meio de métodos empíricos. É uma resposta educada a uma pergunta de pesquisa e reflete a expectativa do pesquisador em relação ao resultado da pesquisa. Diferentemente das premissas, uma hipótese de pesquisa deve ser clara, mensurável e passível de verificação.

    O Processo do Insight ou Lampejo

    O insight, ou lampejo, desempenha um papel importante no processo de formulação de uma hipótese de pesquisa. É a súbita compreensão de uma perspectiva anteriormente não reconhecida em um tópico. O insight geralmente surge após uma imersão profunda em um assunto, seja por observação, experiência prática ou leituras extensas.

    No entanto, é importante notar que um insight não deve ser imediatamente considerado como uma hipótese de pesquisa. Embora possa ser um ponto de partida valioso, um insight inicial é mais uma descoberta pessoal do que uma afirmação que possa ser objetivamente testada.

    A tentação de adotar um insight como uma hipótese de pesquisa é compreensível, mas isso pode ser problemático. Quando estamos motivados por um insight, tendemos a buscar evidências que o confirmem, ignorando informações que possam contradizê-lo. Além disso, insights são frequentemente gerados pela experiência prática e podem não necessitar de pesquisa adicional para serem validados.

    A Hipótese de Pesquisa Adequada

    Uma hipótese de pesquisa adequada é uma afirmação testável que define a relação entre variáveis específicas. Ela deve ser formulada de maneira clara e precisa, para que possa ser submetida a testes empíricos. Uma hipótese de pesquisa geralmente inclui três componentes principais:

    1. Variáveis independentes e dependentes: A hipótese deve indicar quais variáveis o pesquisador está investigando. A variável independente é aquela que é manipulada ou alterada, enquanto a variável dependente é a que é afetada ou medida como resultado dessa manipulação.
    2. Predição ou relação: A hipótese deve afirmar uma relação específica entre as variáveis independentes e dependentes. Isso implica uma predição sobre como uma variável afeta a outra.
    3. Clareza e testabilidade: A hipótese deve ser formulada de maneira clara, para que possa ser testada por meio de métodos de pesquisa. Deve ser possível coletar dados que confirmem ou refutem a hipótese.

    Exemplos de Hipóteses de Pesquisa

    Para ilustrar o processo de formulação de uma hipótese de pesquisa, consideremos alguns exemplos:

    1. Exemplo 1: Variável independente: Exposição a anúncios de televisão; Variável dependente: Compra de produtos. Hipótese: “A exposição frequente a anúncios de televisão aumenta a probabilidade de compra de produtos anunciados.”
    2. Exemplo 2: Variável independente: Horas de estudo; Variável dependente: Desempenho acadêmico. Hipótese: “Estudantes que passam mais horas estudando tendem a ter um melhor desempenho acadêmico.”
    3. Exemplo 3: Variável independente: Exercício físico; Variável dependente: Saúde cardíaca. Hipótese: “A prática regular de exercício físico está positivamente associada à saúde cardíaca.”

    A Hipótese de Pesquisa no Contexto Acadêmico

    Em um contexto acadêmico, a formulação de hipóteses de pesquisa é particularmente relevante em projetos de pós-graduação, como dissertações de mestrado ou teses de doutorado. Nestes projetos, uma hipótese de pesquisa bem construída é essencial para guiar a pesquisa e contribuir para o conhecimento existente.

    A pesquisa acadêmica muitas vezes começa com uma revisão da literatura, na qual o pesquisador examina estudos anteriores e identifica lacunas no conhecimento. Com base nessa revisão, a

  • O que é Luta de classe: noções básicas

    O que é Luta de classe: noções básicas

    O que é luta de classe? A teoria da luta de classes é um dos pilares fundamentais do pensamento marxista. Ela foi desenvolvida por Karl Marx e Friedrich Engels e é essencial para compreender a dinâmica das sociedades capitalistas e as possibilidades de transformação social. Neste texto, vamos explorar em detalhes o conceito de luta de classes, seu desenvolvimento ao longo da história e seu papel na teoria marxista.

    Origens do Conceito de Luta de Classes

    Marx e Engels introduziram a noção de luta de classes no “Manifesto Comunista” com a afirmação: “A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes.” Essa ideia central é crucial para a compreensão da visão marxista da sociedade. No entanto, Marx ressaltou que não foi o primeiro a identificar a existência das classes e suas lutas. Historiadores e economistas burgueses já haviam descrito o desenvolvimento histórico das lutas de classes e sua base econômica. O que Marx trouxe de novo foram três elementos essenciais:

    1. A relação das classes com o desenvolvimento da produção: Marx demonstrou que a existência das classes está intrinsecamente ligada a determinadas fases do desenvolvimento da produção. Isso significa que as classes emergem à medida que a produção se organiza em torno de diferentes modos de exploração do trabalho.

    2. A inevitabilidade da ditadura do proletariado: Marx argumentou que a luta de classes levará necessariamente à ditadura do proletariado, que é uma fase de transição em direção à abolição de todas as classes e à criação de uma sociedade sem classes.

    3. A transição para uma sociedade sem classes: A ditadura do proletariado é vista como um estágio intermediário no caminho para a eliminação de todas as classes sociais. Isso significa que a luta de classes tem o potencial de criar uma sociedade em que a exploração e a desigualdade se tornem coisas do passado.

    Desenvolvimento da Luta de Classes

    A existência econômica das classes não leva imediatamente à luta entre elas. Nas sociedades capitalistas, as contradições de interesses entre os trabalhadores assalariados (proletariado) e os empresários capitalistas gradualmente levam a confrontos individuais, que se transformam em lutas coletivas em níveis locais e nacionais. Essas lutas não se limitam a questões econômicas, mas também incluem a busca por direitos políticos.

    Os trabalhadores, instruídos por suas experiências práticas e motivados por uma consciência espontânea, começam a se organizar em sindicatos e movimentos políticos, buscando melhores salários, condições de trabalho e direitos políticos. Esse processo de organização e luta é fundamental para a formação da classe proletária como uma força política e social unificada.

    Marx e Engels também observaram que a transformação da classe proletária em uma força revolucionária requer a adoção de um programa de transformação socialista e a compreensão do contexto histórico em que estão inseridos. Isso significa que os trabalhadores precisam não apenas lutar por melhorias imediatas, mas também buscar uma compreensão mais profunda das condições em que vivem e do sistema que os oprime.

    Da Classe-em-si à Classe-para-si

    Marx introduziu o conceito de passagem da “classe-em-si” para a “classe-para-si” para descrever o processo pelo qual a classe proletária passa de uma condição de mera existência econômica para uma força política consciente. Isso ocorre à medida que os interesses dos trabalhadores se tornam mais claros e são defendidos de maneira organizada. A classe-em-si representa a classe em sua existência econômica, enquanto a classe-para-si é a classe que se torna consciente de seus interesses e busca ativamente sua transformação.

    Esse processo é fundamental na teoria marxista, pois marca a transição da classe proletária de uma classe explorada a uma classe revolucionária. A classe-para-si é capaz de agir de forma mais unificada e eficaz na busca de uma transformação socialista.

    O Papel dos Intelectuais na Luta de Classes

    Marx e Engels também reconheceram o papel dos intelectuais na luta de classes. Eles argumentaram que, nos momentos em que a luta de classes se intensifica, uma fração da classe dominante e intelectuais burgueses que compreendem o movimento histórico se juntam à classe revolucionária. Esses intelectuais desempenham um papel crucial na formação da consciência socialista e na organização dos trabalhadores.

    Esses intelectuais não atuam de forma independente ou separada dos movimentos proletários, mas se integram às lutas e às vidas dos trabalhadores. Eles contribuem para a construção da consciência socialista, a elaboração de estratégias e táticas e a formação de organizações sindicais e partidárias independentes.

    Desafios na Teoria das Classes de Marx

    Apesar da contribuição significativa de Marx e Engels para a teoria da luta de classes, há desafios e questões em aberto em sua abordagem. Por exemplo, Marx dedicou mais atenção ao estudo das sociedades capitalistas europeias, deixando em segundo plano as formações sociais anteriores. Além disso, as diferenças na formação da consciência de classe e no desenvolvimento da luta de classes em diferentes contextos estruturais permanecem pouco exploradas.

    Outra limitação é o fato de que Marx deixou inacabado seu estudo sobre a teoria das classes em “O Capital”. Isso deixou muitas questões em aberto e limitou a oportunidade de desenvolver sua própria concepção.

    No entanto, a teoria da luta de classes continua sendo uma ferramenta fundamental para analisar a sociedade, compreender as dinâmicas do sistema capitalista e identificar possibilidades de transformação social. Ela fornece uma base sólida para a crítica das relações de classe e a busca por uma sociedade mais justa e igualitária.

  • O mundo ainda não acabou, nós é que acabamos

    O mundo ainda não acabou, nós é que acabamos

    O mundo ainda não acabou, nós é que acabamos

    Estamos diante de uma série de fatos históricos: guerras, ingerências econômicas, desigualdades sociais, hecatombes ambientais. Os telejornais me dizem que o mundo vai acabar nas próximas décadas e a mídia instalou um grande relógio do juízo final. Todos nós olhamos para ele e, ocasionalmente, nos distraímos com os bobos das cortes das redes sociais.

    Por Roniel Sampaio-Silva

    Uma parte dos intelectuais diz que a história acabou e que não há nada mais a se fazer. Eles dizem que não há alternativa e que a história humana está no fim da linaha. Criticam a materialidade e o determinismo de tal fim enquanto devaneiam acerca dos detalhes do Ragnarok. Suas etnografias fatalistas são cheias de adjetivos “metatransbiônicos”. Suas omissões são pautadas ou no idealismo delirante ou em uma indiferença idealista de uma ciência supostamente neutra. Pois eu lhes digo, a história não acabou e tampouco o mundo, ainda.

    O mundo ainda não acabou. Nós é que acabamos.

    Nós acabamos enquanto projeto civilizatório porque o nosso modo econômico e de vida não é –  e nunca foi – compatível com a civilização. Muitos dos modelos civilizatórios sucumbiram diante dos incontáveis genocídios. O veneno foi apresentado como remédio. Nós falhamos miseravelmente e ainda temos chance de correção, embora o mundo tente dizer que não temos alternativa. O capital segue impune enquanto uma dúzia de bilionários brincam de roleta russa com o mundo cujas apostagem dobram dia após dia. Essa dúzia de pessoas rifam vidas com tragédias as quais poderiam ser evitadas.  Tais pessoas promovem fome,  guerra e desigualdade. Eles inspiram os burocratas, que por sua vez, se regozijam com o aumento da produtividade e ritmo da nossa própria destruição. O sentido teleológico do mundo tem sido “caminhar para a autodestruição”. Estes burocratas amolam os chicotes para se certificar que todos acelerem rumo ao precipício. Os burocratas ignoram o abismo para o qual estamos correndo, todavia se extasiam com  gráficos da velocidade, aceleração e rimo dos passos rumo ao desfiladeiro do fim.

    Esta humanidade acabou, precisamos inventar uma nova

    A humanidade deixou de sonhar. Precisamos inventar uma humanidade que sonhe, que acredite em um mundo melhor. Que faça dessa crença um horizonte para mudar radicalmente o modo que vivemos.  Resgatemos a diversidade de civilizações exterminadas. Elas nos dão  pistas de como agir. Quem sabe assim, temos teremos alguma chance de protelar o juízo final para pensar melhor no rumo que devemos tomar enquanto espécie. Precisamos resgatar urgentemente uma humanidade que partilhe coletivamente das conquistas materiais e imateriais da humanidade, que emancipe o trabalho, que incentive o ócio e a criatividade, que conviva de forma respeitosa com a natureza porque percebe que faz parte dela. Quero dizer a você que não você não está sozinho e que estamos trabalhando na construção dessa nova humanidade. O mundo não acabou, nós acabamos e estamos criando uma nova humanidade.

  • Mídia tradicional: alguns apontamentos

    Mídia tradicional: alguns apontamentos

    A mídia tradicional, composta por jornais, revistas, rádio e televisão, desempenhou um papel fundamental na disseminação de informações e na criação de campanhas publicitárias ao longo de décadas (SANTOS, 2007). No entanto, com o advento das novas tecnologias e da internet, esse cenário midiático passou por transformações significativas, o que impactou tanto as formas de distribuição de conteúdo quanto a relação entre emissores e receptores de informações.

    Características da Mídia Tradicional

    As mídias tradicionais, como jornais, revistas, rádio e TV, sempre foram canais de comunicação amplamente acessados pela população. As campanhas publicitárias eram veiculadas em programas de TV e rádio que atingiam o público-alvo desejado, proporcionando uma ampla visibilidade para anunciantes. No entanto, a mídia tradicional tinha suas limitações em relação à interatividade e à capacidade de os indivíduos questionarem ou julgarem as informações veiculadas. Os consumidores eram principalmente receptores passivos de conteúdo.

    Mídia Virtual e Sua Evolução

    As mídias virtuais, por outro lado, estão intrinsecamente ligadas à internet e se caracterizam pela ampla interatividade e variedade de formas de distribuição de conteúdo. Nesse ambiente, a propaganda é veiculada por meio de banners, pop-ups, hot-sites, newsletters promocionais e várias outras formas, permitindo que as pessoas expressem suas ideias e troquem informações de maneira mais ativa.

    A mídia independente, presente no ambiente virtual, está em constante evolução. Ela não está vinculada a grupos políticos ou instituições governamentais, o que lhe confere uma voz crítica e uma visão própria. No entanto, é fundamental que essa esfera mantenha a moderação e apure os fatos publicados, a fim de usar a liberdade de expressão com responsabilidade, especialmente quando se trata de indivíduos com poder e influência.

    A Ascensão da Internet e da Mídia Digital

    A introdução das novas tecnologias transformou radicalmente a paisagem midiática. A internet se tornou uma parte essencial da vida cotidiana, desempenhando um papel fundamental na disseminação de informações e na influência sobre as decisões dos cidadãos (SANTOS, 2007). Nesse novo cenário, a internet oferece várias características distintas:

    1. Velocidade nas Informações: A internet permite a disseminação instantânea de informações, tornando-a uma fonte primária de notícias e atualizações em tempo real.
    2. Interatividade: Os indivíduos podem participar ativamente das conversas e debates online, compartilhando opiniões e interagindo com outros usuários.
    3. Arquitetura da Rede: A estrutura da internet permite a conexão global de pessoas e informações, eliminando as barreiras geográficas.

    A Ascensão dos Blogs Políticos

    Uma das manifestações mais proeminentes desse novo cenário midiático é a ascensão dos blogs políticos, que se tornaram espaços de discussão sobre economia, política e eventos atuais (MAGALHÃES; ALBUQUERQUE, 2014). Com a vitória da esquerda nas eleições de 2002 e a ascensão de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência do Brasil, o relacionamento do governo federal com a grande mídia começou a mudar significativamente.

    O governo de Lula rompeu com a forma tradicional como a administração se relacionava com a grande mídia, abrindo espaço para uma mídia alternativa e independente. Essa mudança trouxe à tona duas questões cruciais:

    1. Autoridade Interpretativa: Jornalistas e blogueiros começaram a reivindicar autoridade interpretativa para suas atividades, questionando a autoridade da grande mídia em definir o que é notícia e como ela deve ser interpretada.
    2. Analogia entre Blogs e Jornalismo Tradicional: Surgiu o debate sobre a relação entre blogs políticos e o jornalismo tradicional. Muitos argumentaram que o verdadeiro jornalismo só poderia ser realizado fora da grande mídia, que muitas vezes era percebida como comprometida com interesses políticos e econômicos.

    Imprensa Alternativa e a Busca por Liberdade Editorial

    Essa nova conjuntura deu origem à imprensa alternativa, que buscava uma maior liberdade editorial e independência dos grandes patrocinadores e influências políticas e econômicas (MAGALHÃES; ALBUQUERQUE, 2014). A imprensa alternativa se tornou um espaço onde jornalistas e escritores podiam divulgar matérias de forma mais livre, sem a interferência de editores ou interesses corporativos.

    Essa busca por liberdade editorial também influenciou a forma como o público enxerga e consome notícias. Os leitores passaram a procurar fontes alternativas e independentes para obter uma visão mais imparcial e crítica dos eventos.

    Considerações Finais

    A evolução da mídia tradicional para a mídia virtual e a ascensão da imprensa alternativa são reflexos das mudanças sociais e tecnológicas que ocorreram nas últimas décadas. Essas transformações trouxeram uma maior diversidade de vozes e uma maior interatividade entre emissores e receptores de informações.

    É fundamental que, em meio a essas mudanças, os princípios éticos e a responsabilidade jornalística sejam mantidos. A busca por uma imprensa independente e crítica é um passo importante para a promoção da democracia e para garantir que os cidadãos tenham acesso a informações confiáveis e imparciais.

    Referências Bibliográficas:

    SANTOS, A. M. A. dos. Comunicação e Poder: a mídia tradicional versus a mídia digital. Revista Comunicação, Mídia e Consumo, v. 4, n. 10, p. 161-177, 2007.

    DE ALBUQUERQUE, Alfonso et al. Ciberativismo no Brasil. Cadernos Adenauer, v. 15, n. 3, p. 75-95, 2015.

    MAGALHÃES, L.; ALBUQUERQUE, A. Blogs políticos e a relação com a grande mídia: um olhar sobre a esfera pública na internet. Matrizes, v. 8, n. 1, p. 199-216, 2014.

  • Psicologia histórico cultural: noções básicas

    Psicologia histórico cultural: noções básicas

    A psicologia histórico cultural é uma vertente da psicologia que dá grande importância as interações sociais no desenvolvimento humano. Ela surge como contraponto da psicologia behaviorista e também a psicologia freudiana. Enquanto a psicologia behaviorista dá ênfase no comportamento individual no âmbito do estímulo-resposta e ignora o contexto social, a psicologia histórico cultural parte do contexto de significações de formação da mente a partir da apropriação dos objetos da cultura. Além disso, a psicologia histórico cultural se diferencia da psicologia freudiana por levar em contas aspectos materiais de existência e sem dar tanta e não apenas se deter aos aspectos simbólicos, os quais pode ser vistos como idealismo. Assim, nesta perspectiva da PHC mente e cultura são indissociáveis, uma vez que a mente se dá a partir da apropriação dos objetos da cultura.

    Origem

    Esta vertente da psicologia surgiu no momento da consolidação da psicologia como ciência na União soviética, no começo do século XX. onde se buscava uma abordagem científica que fosse coerente com os pressupostos epistemológicos do materialismo histórico dialético.  Depois da Revolução Russa, Vygotsky reuniu pesquisadores da psicologia, incluindo seu grande colaborador – Leontiev – para elaborarem estudos que alinhassem a psicologia com os pressupostos de uma mente que fosse formada a partir das interações sociais, para se contrapor a noção liberal.

    Formação Humana

    A formação humana, para estes autores, parte da ideia de que a humanidade se transformou enquanto espécie a medida em que passou a se tornar social. Diferentemente das outras espécies, os seres humanos precisam do trabalho para satisfazer suas necessidades fundamentais e assim criar-se e recriar-se a partir de novas condições materiais criadas. Neste sentido, quando a humanidade inventa uma tecnologia como a agricultura, ela passa a transformar as condições materiais de existência as quais vão modificá-lo enquanto ser, fazendo assim uma transformação dialética que nos modifica como espécie. Ao longo de toda a história da humanidade, as mais diversas culturas produziram vários objetos que nos permitem transformar o mundo natural e social. Neste sentido, a formação humana diz respeito à apropriação desses objetos da cultura produzido pela humanidade ao longo desses milênios de existência. Portanto, a educação tem o papel fundamental neste processo.

    Influências Epistemológicas

    A principal influência da PHC são os trabalhos de Marx e Engels no que diz respeito à categoria trabalho e a dimensão ontológica dele. Por meio do trabalho e da análise do materialismo histórico dialético houve avanço para demonstrar e explicar como as interações influenciam a formação da mente e como se dá este processo. Além do Marx outro grande autor é Spinoza que por meio da sua teoria dos afetos influenciou profundamente Vygotsky.

  • Multiculturalismo o que é?

    Multiculturalismo o que é?

    O multiculturalismo é um fenômeno que tem ganhado destaque em nossa sociedade contemporânea. Ele se refere à convivência de diferentes grupos culturais em uma mesma sociedade, promovendo a coexistência e a interação entre essas diversas identidades. O termo “multiculturalismo” tem sido debatido por vários autores, e neste post, exploraremos as ideias de Stuart Hall, Peter Burke e Andréa Semprini para entender melhor esse conceito e sua relevância nos dias de hoje.

    Stuart Hall e o Multiculturalismo

    O sociólogo jamaicano inglês Stuart Hall é um dos principais pensadores que abordam o multiculturalismo. Para Hall, o multiculturalismo refere-se a estratégias e políticas adotadas para governar a diversidade gerada pelas sociedades multiculturais. Ele destaca que o multiculturalismo não é um fenômeno novo, mas algo que tem se intensificado nas últimas décadas, especialmente após a Segunda Guerra Mundial.

    Hall considera que existem muitos tipos de sociedades multiculturais, como os Estados Unidos, a Grã-Bretanha, a França e a África do Sul. Cada uma delas possui suas particularidades e desafios em relação à diversidade cultural. Ele também enfatiza que o multiculturalismo não é uma ideia consensual, sendo contestado por diferentes correntes ideológicas.

    Peter Burke e o Hibridismo Cultural

    Peter Burke, por sua vez, ressalta o conceito de hibridismo cultural. Ele argumenta que as tradições culturais estão constantemente em contato, e nenhum grupo cultural é uma ilha isolada. O hibridismo cultural ocorre quando diferentes tradições se misturam e influenciam umas às outras, criando novas formas culturais. Burke destaca o exemplo do carnaval, que, ao ser transplantado da Europa para o Novo Mundo, sofreu influências das culturas locais, tornando-se um evento híbrido e dinâmico.

    Burke também observa que as tradições culturais estão em constante mudança, especialmente devido às migrações e à pluralização de culturas. Ele destaca que todas as formas culturais são mais ou menos híbridas, o que é importante para entender o multiculturalismo e a diversidade cultural.

    Andréa Semprini e a Crise da Modernidade

    Andréa Semprini traz uma perspectiva diferente ao abordar o multiculturalismo. Ele observa que nos Estados Unidos, as controvérsias em torno desse fenômeno têm sido violentas e politizadas, enquanto na Europa, o multiculturalismo é frequentemente visto com maior condescendência.

    Semprini considera o multiculturalismo como um indicador da crise do projeto da modernidade. Ele aponta vários fatores que influenciaram a situação específica nos Estados Unidos, como a questão indígena, a escravidão, as migrações religiosas e a matriz anglo-saxônica.

    Multiculturalismo no Brasil

    No contexto brasileiro, o multiculturalismo também é relevante. Desde o início de nossa história, o Brasil se caracteriza pelo contato entre diferentes culturas. A cultura de origem europeia predominava, mas o hibridismo e o multiculturalismo foram negados por muito tempo. No entanto, atualmente, esses temas começam a ser mais reconhecidos e discutidos.

    O multiculturalismo no Brasil se opõe ao etnocentrismo, que valoriza os preconceitos raciais e se opõe à relativização. O reconhecimento das diferentes identidades culturais e étnicas é um passo importante em direção a uma sociedade mais inclusiva e respeitosa.

    Atividade para o Ensino Médio: Explorando o Multiculturalismo

    Uma atividade interessante para o ensino médio é promover um debate em sala de aula sobre o tema. Os alunos podem ser divididos em grupos e instruídos a pesquisar e apresentar os pontos de vista de Stuart Hall, Peter Burke e Andréa Semprini sobre o multiculturalismo. Eles podem discutir como esses autores abordam a diversidade cultural, o hibridismo e as mudanças na sociedade contemporânea.

    Além disso, os alunos podem apresentar exemplos de situações multiculturais em sua própria comunidade e discutir como o multiculturalismo é vivenciado no cotidiano. O objetivo é estimular uma reflexão crítica sobre a diversidade cultural e sua importância para a sociedade.

    Referências dos Autores Citados

    BURKE, Peter. Hibridismo cultural. São Leopoldo: Ed. Unisinos, 2003.

    Hall, Stuart. “Da Diáspora: Identidades e Mediações Culturais.” Editora UFMG, 2003.

    HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A Ed. 2000. (Original
    1992)

    SEMPRINI, Andréa – Multiculturalismo. Bauru. SP: EDUSC, 1999.

    CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. A presença do autor e a pós-modernidade em Antropologia.. In:Novos Estudos CEBRAP. São Paulo: Julho 1988, nº 21, pp 133-157.

  • Verba para cultura 2023

    Verba para cultura 2023

    Verba para cultura 2023 teve um incremento significativo, principalmente no que diz respeito ao setor audiovisual com a lei Paulo Gustavo.Em 2023 houve um aumento de 10 bilhões de reais em função dos contratempos gerados pela pandemia de COVID.

    O Ministério da Cultura está prestes a vivenciar uma revolução financeira no próximo ano, com a aprovação da verba para cultura 2023, que destina uma quantia impressionante de recursos para a área. O montante totaliza incríveis R$ 10 bilhões, um marco histórico para a pasta. Isso representa uma virada de página após quatro anos de aperto orçamentário na gestão anterior.

    Desse montante, R$ 5,7 bilhões são destinados à reconstrução do Ministério da Cultura, que havia sido reduzido a uma secretaria do Ministério do Turismo no governo anterior. Além disso, parte desse valor será direcionada para cumprir a Lei Aldir Blanc 2, que garante R$ 3 bilhões de repasse da União para estados e municípios. Essa é uma notícia muito aguardada pela comunidade artística e cultural do Brasil, que enfrentou desafios nos últimos anos.

    Um dos destaques desse orçamento é a inclusão de R$ 3,8 bilhões da Lei Paulo Gustavo, que visa fortalecer a atividade cinematográfica do país. Além disso, há um aporte de R$ 1,2 bilhão destinado à Condecine, uma contribuição essencial para o financiamento do cinema brasileiro. A preservação do teto de incentivo da Lei Rouanet também contribui para a soma desses recursos.

    Essa notícia foi recebida com entusiasmo, especialmente pela futura Secretária Especial da Cultura, Margareth Menezes, que destacou o papel vital da cultura no desenvolvimento econômico, na geração de empregos e na promoção de renda. Ela ressaltou a visão do presidente Lula de reconhecer o setor cultural como uma força econômica, indicando a importância que ele terá em seu governo.

    No entanto, algumas preocupações surgiram com relação à alocação dos recursos no Orçamento. A deputada Jandira Feghali, do PCdoB, apontou inconsistências, alegando que cerca de R$ 2 bilhões que deveriam ser destinados à Lei Aldir Blanc foram erroneamente direcionados para o Fundo Setorial do Audiovisual. Para resolver essa questão, será necessária a apresentação de uma portaria para realocar os recursos, um procedimento burocrático simples.

    O secretário de Cultura do PT e futuro secretário-executivo da pasta, Márcio Tavares, esclareceu que a alocação inicial dos recursos considerou a incerteza quanto à aprovação de valores adicionais para o setor audiovisual, e a previsão de recursos para a Lei Paulo Gustavo era necessária. Ele enfatizou o compromisso do ministério em resolver a questão por meio de uma portaria, garantindo o cumprimento das duas leis. Assim, a verba para cultura 2023 ganhou aumento significativo.

     

  • Empirismo x Racionalismo: Abordagens Fundamentais

    Empirismo x Racionalismo: Abordagens Fundamentais

    Empirismo x Racionalismo são duas vertentes que se polarizam historicamente a partir do debate cujo centro é a filofofia. A história da filosofia é repleta de debates sobre a origem do conhecimento e a maneira como os seres humanos adquirem informações sobre o mundo que os cerca. Dois dos principais pontos de vista que surgiram nesse contexto são o empirismo e o racionalismo. Ambos oferecem abordagens distintas para entender como o conhecimento é obtido e como ele se desenvolve ao longo do tempo. Neste artigo, exploraremos essas duas perspectivas e suas implicações na formação do conhecimento humano.

    O Empirismo: A Experiência como Fonte Primária de Conhecimento

    O empirismo é uma abordagem filosófica que enfatiza a experiência sensorial como a fonte primária de conhecimento. Os empiristas acreditam que todo o nosso conhecimento se origina da observação direta do mundo ao nosso redor. Para os empiristas, a mente humana é uma “tábua rasa” no nascimento, e todas as ideias e conceitos são adquiridos por meio da experiência.

    Um dos principais defensores do empirismo foi John Locke. Ele argumentou que a mente humana começa sem ideias inatas e, à medida que interagimos com o mundo, desenvolvemos nossos conhecimentos e conceitos. Locke também introduziu a ideia de que a experiência é dividida em duas categorias: sensação (percepções sensoriais diretas) e reflexão (percepções internas e pensamentos). Essa distinção ajuda a explicar como os empiristas veem a origem do conhecimento.

    David Hume, outro filósofo empirista, levou a ideia do empirismo ainda mais longe. Ele argumentou que as relações de causa e efeito, que são fundamentais para a compreensão do mundo, são construções da mente com base nas repetidas observações de eventos que ocorrem juntos. Portanto, de acordo com Hume, não podemos ter certeza de que as relações de causa e efeito são inerentes ao mundo; em vez disso, elas são o resultado de nossas experiências.

    O Racionalismo: A Razão como Fonte Primária de Conhecimento

    Em contraste, o racionalismo é uma abordagem que coloca a razão no centro do processo de aquisição de conhecimento. Os racionalistas acreditam que a razão é a fonte primária do conhecimento humano e que certas verdades podem ser conhecidas independentemente da experiência sensorial.

    René Descartes, um dos principais defensores do racionalismo, é famoso por sua afirmação “Cogito, ergo sum” (Penso, logo existo). Ele argumentou que a existência do pensamento é indubitável e, portanto, serve como uma base sólida para o conhecimento. Descartes também defendeu a ideia de que as verdades matemáticas, como os teoremas geométricos, podem ser conhecidas através da razão, sem depender da experiência.

    Outro racionalista notável foi Baruch Spinoza, que acreditava que a razão era a única maneira de alcançar o verdadeiro entendimento das coisas. Ele argumentou que a mente humana é capaz de compreender as leis naturais e divinas por meio da razão, e que a experiência sensorial é limitada e enganosa.

    Empirismo e Racionalismo em Conflito

    As diferenças fundamentais entre o empirismo e o racionalismo levaram a debates significativos ao longo da história da filosofia. Por um lado, os empiristas argumentam que o conhecimento deve ser fundamentado na experiência real, e que a razão sozinha não é suficiente para garantir a validade das alegações. Por outro lado, os racionalistas sustentam que a razão é a chave para a compreensão profunda do mundo e que a experiência sensorial pode ser enganosa.

    Esses debates tiveram implicações significativas em áreas como a epistemologia, a filosofia da mente e até mesmo a ciência. Por exemplo, a revolução científica do século XVII, liderada por figuras como Isaac Newton, baseou-se em grande parte em princípios racionais, mas também fez uso extensivo da observação empírica. Isso levanta a questão de até que ponto o empirismo e o racionalismo podem ser reconciliados. Neste ponto de disputa entre Empirismo x Racionalismo, houve maior peso para o empirismo.

    Reconciliação e Complementaridade

    Na verdade, muitos filósofos modernos reconhecem que tanto o empirismo quanto o racionalismo têm méritos e que, em muitos casos, eles se complementam. Por exemplo, a ciência moderna depende da observação empírica e da experimentação, mas também utiliza a lógica e a razão para formular teorias e fazer previsões.

    Além disso, a revolução da informação e da tecnologia trouxe à tona novas questões sobre a natureza do conhecimento. Como lidamos com grandes quantidades de dados e informações que não podem ser diretamente observadas, mas exigem análises e inferências lógicas? Como a inteligência artificial e a aprendizagem de máquinas impactam nossa compreensão do conhecimento?

    Portanto, o debate entre empirismo e racionalismo continua a ser uma questão central na filosofia e na sociologia, à medida que buscamos entender como os seres humanos adquirem conhecimento e como isso molda nossa compreensão do mundo. Ambas as abordagens têm suas forças e fraquezas, e a resposta para a pergunta sobre qual é a fonte verdadeira do conhecimento pode muito bem residir na combinação e complementaridade dessas perspectivas. Neste sentido Empirismo x Racionalismo fazem parte de um debate que fundou a ciência como tipo de conhecimento.

  • Revolução 4.0: Alguns apontamentos

    Revolução 4.0: Alguns apontamentos

    A Revolução 4.0 tem sido considerada por críticos como uma das mais significativas transformações que a humanidade está enfrentando. Essa revolução está acontecendo em uma velocidade e intensidade sem precedentes e terá um impacto profundo na forma como as pessoas vivem, trabalham e se relacionam. Essa transformação ocorrerá em uma escala e complexidade nunca antes vistas e afetará todos os setores da sociedade.

    As primeiras discussões sobre a Revolução 4.0 remontam a 2011, na Alemanha, durante a Feira de Hannover. Nesse evento, discutiu-se como as “fábricas inteligentes” iriam revolucionar organizações e sistemas operacionais globais (SCHWAB, 2016, p. 12).

    Essa transformação é impulsionada por novas tecnologias, com destaque para a tecnologia da informação e as técnicas de organização e logística, que oferecem novas perspectivas para a produção industrial, melhoram os serviços e criam novas formas de fazer negócios (HOZDIû, 2015, p. 28).

    O governo alemão lançou o programa “Industrie 4.0”, com o objetivo de interconectar todas as etapas de um processo de produção por meio de redes inteligentes. Isso representa um desafio à produção industrial em nível global, visando resolver problemas de produção e torná-la mais eficiente e competitiva. Esse programa foi o ponto de partida para a 4ª Revolução Industrial (RODRIGUES; DE JESUS; SCHÜTZER, 2016, p. 33).

    Outros países também reagiram e estão desenvolvendo programas e políticas para se adaptarem à Revolução 4.0. A China, como uma grande potência econômica, lançou o programa “Made in China 2025” em março de 2015, com foco no aumento da participação do país na cadeia global de produção, abrangendo inovação, melhoria das indústrias tradicionais e promoção de serviços modernos, com ênfase em normatização, fábricas inteligentes e inovações disruptivas em equipamentos, entre outros (FIRJAN, 2006, p. 8).

    Na Europa, a União Europeia implementou a iniciativa “Factories of The Future (FoF) Public-Private Partnership (PPP)” em 2013, com o objetivo de ajudar as empresas industriais, especialmente as menores, a se adaptarem e competirem globalmente. As ações visam aumentar a base tecnológica industrial dos países da UE, por meio do desenvolvimento e integração de tecnologias facilitadoras e TIC para a fabricação (FIRJAN, 2016, p. 8).

    Na França, foi lançado o projeto “The Industry of the Future” em 2015, como a segunda fase do programa “New Face of Industry”. O objetivo é incentivar as empresas a modernizar sua base de produção e utilizar tecnologias digitais para transformar seus modelos de negócios. Isso faz parte de uma ambição mais ampla de capitalizar os ganhos obtidos por meio do plano “Factory of the Future” (FIRJAN, 2016, p. 9).

    É importante destacar que essa revolução teve origem na globalização, na disseminação do conhecimento e, principalmente, na consolidação da internet como um meio ágil de comunicação e transmissão de dados. A partir de 1969, os primeiros dados foram transmitidos pela internet, conectando dois computadores. Desde então, a internet evoluiu e passou a conectar computadores pessoais e dispositivos móveis, ultrapassando o número de pessoas no planeta até 2010. Esses números evidenciam a evolução contínua e sem fronteiras dessa transformação na sociedade (XU et al., 2018, p. 92).

    O termo “Indústria 4.0” tornou-se uma visão proeminente sobre o futuro do setor industrial, baseada nas narrativas da evolução humana em direção à industrialização. Ele descreve a combinação das três “revoluções técnicas” (motor a vapor, linha de produção e eletrônica) com a inovação em curso das tecnologias da informação (MONIZ; KRINGS; FREY, 2018, p. 3).

    Schwab (2015, p. 1) destaca que a Revolução 4.0 está ocorrendo em um ritmo de transformações tecnológicas sem precedentes na história, especialmente em comparação com as revoluções industriais anteriores. Ela está progredindo de maneira exponencial e não linear, afetando quase todos os setores em praticamente todos os países. A amplitude e profundidade dessas mudanças indicam a transformação de sistemas completos de produção, gestão e governança, graças aos avanços tecnológicos emergentes em áreas como inteligência artificial, robótica, Internet das Coisas, veículos autônomos, impressão 3D, nanotecnologia, biotecnologia, ciência de materiais, armazenamento de energia, computação quântica, entre outros.

    Referências

    FIRJAN. Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. Panorama da Inovação Indústria 4.0. Abril/2016. Disponível em: <www.firjan.com.br/lumis/portal/file/
    fileDownload.jsp?fileId…> Acesso em: 03 abr. 2019.

    HOZDIû, Elvis. Smart factory for industry 4.0: A review. International Journal of Modern Manufacturing Technologies, v. 7, n. 1, p. 28-35, 2015.

    MONIZ, António Brandão; KRINGS, Benna Krings; FREY, Philipp. Indústria 4.0 implicações de um conceito para o trabalho. X Encontro Nacional do Trabalho “As
    mudanças no chão da fábrica”, Lisboa, Maio/2018. Disponível em: <https://www.bloco.org/media/ ABMonizET2018.pdf> Acesso em: 02 mar. 2019.

    RODRIGUES, Leticia F.; DE JESUS, Rodrigo Aguiar; SCHÜTZER, Klaus. Industrie 4.0: Uma revisão da literatura. Revista de Ciência & Tecnologia, v. 19, n. 38, p. 33-45, 2016.

    SCHWAB, Klaus. The Fourth Industrial Revolution: what it means and how to respond. Snapshot, n. 12, December/2015.