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Carta de Marx amorosa e secreta para sua esposa Jenny

A carta de Karl Marx deixada para a esposa, Jenny, foi escrita por Marx pouco antes de sua morte, em 14 de março de 1883. Na carta, Marx expressa seu amor e sua gratidão por Jenny, bem como sua preocupação com o futuro dela e de seus filhos. Ele também faz uma série de recomendações sobre como ela deve cuidar de si mesma e de sua família.

A carta é conhecida por sua expressão de amor e preocupação pelos entes queridos, bem como por sua reflexão sobre a vida e a morte. Ela é considerada um documento histórico importante porque fornece uma visão íntima da vida pessoal de Marx e de suas preocupações na época em que estava prestes a morrer.

Além disso, a carta também é um testemunho da profunda ligação entre Marx e Jenny, que se casaram em 1843 e tiveram sete filhos juntos. Jenny foi uma figura importante na vida de Marx, apoiando-o em sua carreira política e intelectual e ajudando-o a cuidar de sua família enquanto ele se dedicava ao trabalho revolucionário. A carta deixada para ela é uma prova do amor e da gratidão que Marx sentia por ela.

 

Manchester, 21 de Junho de 1865

 

Minha querida,
Escrevo-te outra vez porque me sinto sozinho e porque me perturba ter um diálogo contigo na minha cabeça, sem que tu possas saber nada, ou ouvir, ou responder…
A ausência temporária faz bem, porque a presença constante torna as coisas demasiado parecidas para que possam ser distinguidas. A proximidade diminui até as torres, enquanto as ninharias e os lugares comuns, ao perto, se tornam grandes. Os pequenos hábitos, que podem irritar fisicamente e assumir uma forma emocional, desaparecem quando o objecto imediato é removido do campo de visão. As grandes paixões, que pela proximidade assumem a forma da rotina mesquinha, voltam à sua natural dimensão através da magia da distância. É assim com o meu amor. Basta que te roubem de mim num mero sonho para que eu saiba imediatamente que o tempo apenas serviu, como o sol e a chuva servem para as plantas, para crescer.
No momento em que tu desapareces, o meu amor mostra-se como aquilo que na verdade é: um gigante onde se concentra toda a energia do meu espírito e o carácter do meu coração. Faz-me sentir de novo um homem, porque sinto um grande amor. (…) Não o amor do homem FeuerBach, não o amor do metabolismo, não o amor pelo proletariado – mas o amor pelos que nos são queridos e especialmente por ti, faz um homem sentir-se de novo um homem.
Há muitas mulheres no mundo e algumas delas são belas. Mas onde é que eu podia encontrar um rosto em que cada traço, mesmo cada ruga, é uma lembrança das melhores e mais doces memórias da minha vida? Até as dores infinitas, as perdas irreparáveis… eu leio-as na tua doce fisionomia e a dor desaparece num beijo quando beijo a tua cara doce.
Adeus, minha querida, beijo-te mil vezes da cabeça aos pés,


Sempre teu,

Karl

(tradução da carta de Marx do inglês por António Santos)

Carta de Marx

Roniel Sampaio Silva

Doutorando em Educação, Mestre em Educação e Graduado em Ciências Sociais e Pedagogia. Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – Campus Teresina Zona Sul.

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