Produzir uma boa redação exige planejamento. Para isso, é necessário refletir sobre o tema proposto e organizar as ideias de forma estruturada. A seguir, veja um passo a passo que pode ajudar na construção de um texto eficiente:
1. Reflita Sobre o Tema
Antes de começar a escrever, pense com atenção sobre o tema da redação. Faça um levantamento do que você já sabe e o que pensa sobre o assunto. Anote todas as ideias, mesmo que pareçam desorganizadas. Se possível, elabore um rascunho com as principais informações.
Uma técnica útil é fazer perguntas básicas e respondê-las:
Exemplo – Tema: “O papel da sociedade no combate à violência nas escolas”
O que é? Violência nas escolas.
Como acontece? Conflitos entre alunos ou entre alunos, professores e funcionários.
Por que acontece? Falta de respeito, ausência de limites etc.
Desde quando? Casos vêm aumentando com o tempo.
Onde ocorre? Dentro e fora do ambiente escolar.
O que penso sobre isso? É um problema grave que compromete a vida escolar e social dos estudantes.
O que pode ser feito? A escola pode promover momentos de conscientização com a comunidade escolar.
Esse exercício ajuda a definir o foco do texto e evita que você fuja do tema. Aproveite também para pensar em exemplos, dados históricos ou citações que possam enriquecer sua argumentação.
Dica: Saiba distinguir assunto de tema.
Assunto: Violência nas escolas
Tema: O papel da sociedade no combate à violência escolar
Outros temas possíveis: Formação de professores para enfrentar a violência, causas da agressividade entre estudantes, etc.
2. Desenvolva as Ideias
Com as ideias organizadas, transforme seu rascunho em parágrafos bem construídos. Use dados, exemplos e citações para fundamentar seus argumentos. Esses elementos demonstram conhecimento e valorizam o texto.
Exemplo de parágrafo desenvolvido:
A violência nas escolas ocorre tanto entre alunos quanto entre alunos e professores. Esse problema vem se intensificando e exige atenção às suas causas. A ausência de limites no ambiente familiar é uma das principais origens. Além disso, as agressões ultrapassam os muros escolares, especialmente nas redes sociais, onde as vítimas continuam sendo atacadas. Para enfrentar esse cenário, é essencial promover ações de conscientização e engajamento da comunidade escolar, incentivando o respeito mútuo e a responsabilidade coletiva.
3. Estruture a Redação
A maioria das redações do Enem é do tipo dissertativo-argumentativo. Isso significa que você deve apresentar uma opinião e defendê-la com argumentos consistentes. A estrutura básica é:
Introdução: Apresente o tema e mostre o ponto de vista que será defendido, sem desenvolver ainda os argumentos.
Desenvolvimento: É a parte mais extensa. Aqui, você deve explorar suas ideias com argumentos, dados e exemplos.
Conclusão: Retome os principais pontos defendidos e proponha uma solução para o problema.
4. Use Conectivos e Mantenha a Coerência
Para que o texto tenha fluidez, é fundamental usar conectivos que estabeleçam relações entre as frases e parágrafos, como:
“Portanto”, “além disso”, “por outro lado”, “assim”, “entretanto”, “dessa forma” etc.
Evite contradições e mantenha o mesmo ponto de vista do início ao fim. Um texto contraditório prejudica a clareza e a coerência da argumentação.
5. Revise o Texto
Ao terminar, faça uma leitura cuidadosa. A revisão permite corrigir erros de ortografia, concordância, pontuação ou repetições desnecessárias. Um texto bem revisado transmite mais credibilidade e pode evitar a perda de pontos por distrações simples.
Exemplo de Redação Nota 1000 (Enem 2018)
Tema: “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”
Autor: Rodrigo Golvaçalves de Medeiros Alves e Silva
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O fim formal da escravidão em 1888 representou um marco importante na história do Brasil. No entanto, a desigualdade racial, enraizada por séculos de exploração e exclusão, permanece presente na sociedade. Apesar dos avanços legais e de políticas afirmativas, o combate ao racismo estrutural ainda representa um enorme desafio. Pode-se dizer, então, que a omissão do Estado e a naturalização da desigualdade por parte da sociedade são fatores que perpetuam esse cenário.
Em primeiro lugar, é necessário destacar a falta de políticas públicas eficazes e duradouras para enfrentar a desigualdade racial. Segundo o filósofo Jean-Jacques Rousseau, cabe ao Estado promover a igualdade entre os cidadãos por meio do contrato social. No entanto, o que se observa no Brasil é uma atuação limitada e muitas vezes simbólica. A ausência de acesso igualitário à educação, saúde e mercado de trabalho reflete a falha das autoridades em romper com a herança escravocrata. Essa negligência aprofunda a exclusão social da população negra, que representa a maior parcela dos grupos marginalizados do país.
Além disso, a própria estrutura social brasileira reforça a naturalização do racismo. De acordo com o pensamento de Frantz Fanon, o racismo não se sustenta apenas pela violência explícita, mas também por mecanismos cotidianos que inferiorizam e silenciam o outro. A predominância de estereótipos racistas na mídia, a baixa representatividade em cargos de poder e a violência policial seletiva são exemplos de práticas que revelam um preconceito institucionalizado. Dessa forma, a sociedade brasileira, ao normalizar essas desigualdades, torna-se cúmplice na manutenção de um sistema excludente.
Infere-se, portanto, que o combate ao racismo estrutural no Brasil exige ações urgentes e articuladas. Sendo assim, o Governo Federal deve ampliar e fortalecer políticas de inclusão racial, por meio de investimentos em educação pública de qualidade, ações afirmativas no ensino superior e programas de inserção no mercado de trabalho. Além disso, é fundamental que a sociedade civil promova campanhas de conscientização e educação antirracista, desde o ensino básico, a fim de transformar mentalidades e romper com os ciclos de exclusão. Somente com o comprometimento conjunto entre Estado e população será possível construir uma sociedade verdadeiramente igualitária.”
Esse exemplo mostra como uma boa redação combina introdução clara, argumentação consistente e conclusão com proposta de intervenção, obedecendo às exigências do Enem.