Em particular, segundo Lev Vygotsky, o conceito de “conceito” na psicologia histórica e cultural revelou-se uma das ferramentas mais importantes para compreender como os indivíduos desenvolvem e constroem o conhecimento. Vygotsky analisa detalhadamente as relações entre linguagem, cognição e socialização, destacando que os conceitos são construções dinâmicas, interligadas às experiências e interações sociais.
O Conceito como Processo de Significação
Para Vygotsky, os conceitos são mais do que meras definições ou categorias mentais estáticas. É compreendido como um processo que envolve tanto a interpretação quanto a produção de sentido. Nesse sentido, os conceitos servem de ponte entre a realidade objetiva e a consciência subjetiva do indivíduo. Essa configuração não ocorre isoladamente. Em vez disso, é mediado pela interação social, uma série de eventos através dos quais ideias e significados são formados.
Vygotsky reitera que os conceitos são construídos em relações dinâmicas, não simplesmente em troca ou definição. A compreensão de um conceito vai além de sua definição literal porque está sempre imersa nas experiências de quem entende o conceito e nas condições históricas e sociais nas quais ele está inserido. Isso leva à ideia de que conceitos como semântica são polimórficos. Um conceito pode ter uma variedade de significados dependendo das experiências culturais e sociais de um indivíduo.
A Distinção entre Significado e Sentido
Baseado na filosofia do materialismo histórico-dialético o autor consolidou sua teoria sobre a consciência com base na realidade material. Partindo dessa premissa, Vygotsky distingue claramente entre o significado e a compreensão dos conceitos. Embora o significado se relacione com a parte mais objetiva e lógica de um conceito, o significado é como ele se relaciona com as experiências pessoais e coletivas de quem o utiliza. Isto é essencial para a compreensão de um conceito porque a relação entre os dois flui, em vez de se opor.
O significado de um conceito fornece a base lógica e categórica necessária para a comunicação e a compreensão geral. O sentido é conferir ao conceito complexidade, flexibilidade e adaptação a diferentes situações, dependendo da experiência e subjetividade de quem o utiliza. Vygotsky valoriza essa complexidade. Isso porque o conceito pode ser ampliado e adaptado às necessidades cognitivas e sociais de cada indivíduo.
A Imagem da Realidade no Conceito
Outro aspecto importante é a ideia de que os conceitos também são imagens da realidade. Vygotsky enfatiza que a imaginação e o pensamento prático não são processos opostos, mas complementares. Este conceito é uma fusão da experiência direta do mundo e da capacidade de criar imagens mentais, permitindo-nos lidar com conceitos abstratos que não existem imediatamente na realidade percebida. Segundo Vygotsky apud Castro (2016) p. 42 “a imaginação não pode ser considerada um “divertimento caprichoso do cérebro”, mas sim uma função vitalmente necessária, que se encontra em relação direta com a riqueza e a variedade da experiência acumulada pelo ser humano, porque “esta experiência é o material com que se constróem os edifícios da fantasia”.
Implicações Educacionais
O impacto conceitual desta teoria é profundo em contextos educacionais. Entender que os conceitos são processos sociais dinâmicos nos ajuda a pensar sobre como ensinamos e aprendemos. Os professores não devem apenas transmitir significados fixos, mas também permitir que os alunos experimentem e dêem o seu próprio significado aos conceitos que estão aprendendo. A educação deve, portanto, ser um espaço de construção ativa, onde os conceitos não são apenas aprendidos passivamente, mas também internalizados, questionados e reatribuídos.
A teoria de Vygotsky aponta que a educação deve visar a interação social. Conceitos são formados e transformados. Ao integrar o pensamento lógico e a imaginação criativa, a educação torna-se um campo fértil para o desenvolvimento intelectual e criativo dos alunos, não apenas em termos de aquisição de conhecimento, mas também em termos de transformação do conhecimento.
Vygotsky entende o pensamento não como um processo individual isolado, mas como um fenômeno social, moldado por relações históricas e culturais. Coisas culturais e históricas formadas nas relações humanas. É a intersecção de significado e compreensão onde a razão e a imaginação se encontram. Para os professores, isso significa a tarefa desafiadora e enriquecedora de construir um espaço onde os conceitos possam não apenas ser aprendidos, mas onde cada aluno possa vivenciar e ressignificar ao refletir sobre sua própria realidade e experiências.
Essa visão abre caminho para uma pedagogia dinâmica, que promove o desenvolvimento de indivíduos criativos, críticos e preparados para transformar a realidade ao seu redor.
Referências
VYGOTSKI, Lev S. Pensamento e Linguagem. Trad. A. Z. M. Almeida. São Paulo: Martins Fontes, 1993.