Os movimentos sociais são ações coletivas de caráter sociopolítico e cultural que viabilizam formas distintas da população se organizar e expressar suas demandas (GOHN, 2011) e cujas formas de luta têm papel fundamental na conquista de direitos civis, políticos e sociais. Suas iniciativas são oriundas de diferentes classes e camadas sociais, articuladas em cenários de uma determinada conjuntura histórica.
O que são Movimentos Sociais?[1]
Alberto Alvadia Filho[2]
Walace Ferreira[3]
Segundo o sociólogo francês, Alain Touraine (1977), para que uma organização seja reconhecida como movimento social é preciso o cumprimento de três princípios:
a) o princípio da identidade: em um primeiro momento, o movimento social deve escolher uma identidade, sinalizando a quem representa, em nome de quem fala, quais são seus interesses e o que protege ou defende;
b) o princípio da oposição: o movimento social luta contra uma resistência ou um bloqueio, buscando vencer a oposição, a apatia ou a indiferença. Os anseios e demandas de um determinado movimento social estão em conflito com os interesses de outros segmentos da sociedade, em geral dominantes; e
c) o princípio da totalidade: um movimento social, mesmo que represente ou defenda os interesses de um grupo em particular, afirma fazê-lo em nome de valores universais ou reconhecidos pela coletividade como um todo.
Os movimentos dirigem suas ações para causas que ultrapassem interesses particulares. A intenção é que seus objetivos, quando alcançados, transformem a vida de muito mais pessoas do que aquelas envolvidas diretamente em suas iniciativas.
Até os anos 50, o conceito de movimento social esteve associado à luta de classes, cujo escopo envolve conflitos de base econômica, decorrentes das condições materiais de produção e ligados às desigualdades sociais e econômicas geradas pelo capitalismo. São os chamados movimentos clássicos (ou tradicionais), tendo como primeiro exemplo histórico o movimento operário, surgido no século XVIII e organizado em sindicatos e associações de trabalhadores. No Brasil, destacam-se, ainda, o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) (FERREIRA; ALVADIA FILHO, 2021).
Diante do avanço das novas tecnologias como instrumento de organização e das questões sociais e ambientais como insumo para a reflexão e a crítica, o horizonte de atuação das organizações coletivas e populares permanece em desenvolvimento, atento ao porvir, conectado à complexificação das sociedades e em busca de formas cada vez mais eficientes de atuação.
Referências Bibliográficas
FERREIRA, Walace; ALVADIA FILHO, Alberto. O que é Movimento Social? In: BODART, Cristiano das Neves. (Org.). Conceitos e categorias fundamental do ensino de Ciência Política. Maceió: Editora Café com Sociologia, 2021. pp.103-108.
GOHN, Maria da Glória Marcondes. Teoria dos movimentos sociais: paradigmas clássicos e contemporâneos. 9. ed. São Paulo: Loyola, 2011.
SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2016.
TOURAINE, Alain. Os movimentos sociais. In: FORACCHI, M. M.; MARTINS, J. de S. Sociologia e sociedade. Rio de Janeiro, 1977.
Como citar este texto:
FILHO, Alberto Alvadia; FERREIRA, Walace. O que são Movimentos Sociais? Blog Café com Sociologia. jun. 2021. Disponível em: https://cafecomsociologia.com/o-que-e-movimento-social/
Notas
[1] Texto derivado de “O que é Movimento Social?”, publicado em “Conceitos e categorias do ensino de Ciência Política” (2021).
[2] Doutorando em Ciências Sociais no PPCIS/UERJ e Professor de Sociologia do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), campus São João de Meriti.
[3] Doutor pelo IESP/UERJ e Professor de Sociologia do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-UERJ).
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