Preconceito Linguístico: práticas cotidianas
Por Cristiano das Neves Bodart
Considerações iniciais
Historicamente, o poder esteve nas mãos dos detentores do capital econômico, o que os possibilitavam, por meio dos aparelhos ideológicos, definir o que seria certo e errado, belo ou feio. Se nos reportamos às mudanças entre as classes que detiveram o poder (revoluções), veremos como essas definições de feio e bonito, certo e errado mudaram. O que era certo (e heroico) na época dos imperadores (invadir propriedades alheias e tomar os bens, ou os despojos) passa a não ser mais certo quando a burguesia toma o poder (interessava agora criar leis de preservação do patrimônio privado). Um bom livro que demonstra brilhantemente como se formam os gostos é a obra “O processo civilizador”, de Norbert Elias. Nesta obra fica claro a relação dessas classificações (que criam tais preconceitos contra os desprivilegiados) como fruto de ideologias das classes que detiveram no poder.
Que tal trabalhar a temática preconceito de forma conscientizadora?
A sugestão a seguir busca indicar uma estratégias didática-pedagógicas para promover um momento de reflexão em tono da presença de preconceito em nossa língua, bem como descontruir e reconstruir significados.
Primeiro inicie a aula questionando aos alunos de que forma o preconceito está presente e onde e como ele se manifesta. A ideia é identificar a presença de preconceitos na língua portuguesa utilizada no cotidiano.
Conduza os alunos para o laboratório de informática e os oriente a buscar os significados nos dicionários das seguintes palavras, e ver se eles não capazes de identificar o preconceito que muitas vezes essas palavras carregam em seus verbetes e/ou nos sentidos atribuídos no cotidiano. Peça que eles indiquem outras palavras/expressões que não estão na lista a seguir:
Mulherzinha
Denegrir
Negro
Mulata
Traveco
Vadia
Macaco
Caipira
Cigano
Baiano
Judeu
Turco
Ceguinho
Crioulo
Feito o levantamento dos significados pejorativos dos verbetes, peça que criem novos verbetes (com as mesmas palavras) para essas palavras sem que estejam carregadas de preconceitos.
O professor pode substituir a internet por dicionários impressos ou solicitar que os alunos baixem previamente em seus aparelhos aplicativos de dicionários para celular.
A atividade pode ser realizada também com expressões, contudo seus sentidos pejorativos deverão ser de conhecimento do professor e/ou dos alunos.
Quando um afro descendente queria ter vontade própria ou estava com algum problema de saúde psicológico como depressão, era usada a expressão ” CRIOLICE ” ! Eu ouvi muito isso na minha infância (sou caucasiano ) Influenciado pelos adultos, pensava e falava que estava certo.