Tag: Eixo- Estratificação social/ Estrutura/ mobilidade e mudança social

  • Moradores de rua

    Segue um documentário produzido por Davi Vega denominado “Nossos Mortos”.
    O documentário apresenta depoimentos e imagens bem interessantes para pensarmos a condição de subcidadania de muitos brasileiros.

    “Com mais de 14.478 pessoas em vulnerabilidade, ou popularmente falando: moradores de rua, a cidade de São Paulo lidera o ranking das capitais brasileiras nesse aspecto. Em 2012, David Vega iniciou um trabalho voluntário nas ruas da capital paulista, tendo acesso a histórias incríveis, daqueles que nessa realidade estão devido às desilusões, o crack, o éter, à margem da insanidade ou simplesmente norteados por outros valores; o desapego, o nomadismo e a coragem de resgatar nossa condição natural humana frente à realidade artificial que impera no maior centro financeiro da América Latina.

    Os depoimentos nesse filme tem como intenção o registro e a introspecção acerca de suas entrelinhas” (DAVID VEGA).

  • Teoria da Curva do Sino e a naturalização das desigualdades sociais

    Teoria da Curva do Sino e a naturalização das desigualdades sociais

    Teoria da Curva do Sino e a naturalização das desigualdades sociais

    Cristiano das Neves Bodart[1]

     

    Você já ouviu falar da “Teoria da Curva do Sino”? Tal teoria defende, grosso modo, que negros e brancos têm Quociente de Inteligência (QIs) diferentes. Aponta, também, que judeus têm, em média, um Quociente de Inteligência maior que as demais “raças”. Afirma ainda que o QI dos brancos seria, em média, maior que dos negros.

    A teoria foi apresentada por James Watson e, posteriormente, em 1994, por Charles Murray e Richard Herrnstein na obra “The Bell Curve” (A Curva do Sino, Free Press, 1994).

    Em 2007, a Folha de São Paulo fez uma entrevista com Charles Murray (aqui), que apresentou suas ideias ligadas a eugenia. Nessa entrevista notamos contradições às teorias sociológicas culturalistas, aquelas que defende que somos fruto de nossa construção cultural, a qual se dá por meio do processo de aculturação.

    A “Teoria da Curva do Sino”, herdeira do etnocentrismo e do eurocentrismo, utiliza-se de testes psicológicos que supostamente avalia o QIs das pessoas para realizar comparações. Para a Sociologia, aqui já é identificado um erro metodológico: testar a capacidade intelectual de pessoas que viveram em contextos sociais diferentes (contextos degradantes e contextos abastados, com acesso a cultura, saúde e esporte) e depois comparar os resultados.

    Sem fazer a discussão sobre os limites dos testes psicológicos, pode-se dizer que a conclusão do estudo é falsa e tem efeitos políticos diretos. Sua falsidade reside em interpretar resultados, que podem ser questionáveis em si mesmos, por meio de críticas aos testes psicológicos, recorrendo a uma motivação difícil senão impossível de detectar – os genes – e desconsiderar dados históricos que podem ter levado a esses resultados devido à maior dificuldade de responder a testes com forte influência cultural (CROCHIK; MASSOLA; SVARTMAN, 2016, p. 2-3).

    Na entrevista dada ao jornal Folha de São Paulo, nota-se que o teórico se contradiz por várias vezes, reconhecendo a importância dos contextos sociais e das experiências de vida de cada pessoa.

    Em sua entrevista existe, ao meu entender, um ponto que merece ser levado em consideração: a questão de cotas raciais. Por reconhecemos que os problemas sociais estão ligados às situações sociais, tem-se criado cotas sociais/raciais em processos de ingressos em universidades, por exemplo. As cotas devem ser sociais (elemento primeiro) e raciais. Ou seja, o indivíduo só é deferido como cotista se sua condição social for desfavorável, sendo a questão de cor de pele usada como um peso favorável (somatória) sobre os brancos pobres, já que a ascensão social de um pobre negro é ainda mais difícil do que de uma pessoa pobre e branca. Lembrando que os sistemas de cotas são temporários (até que as desigualdades sejam reduzidas) e devem ser parte de outras políticas corretivas das disparidades de condições de acesso.

    Teorias como a Teoria da Curva dos Sinos têm sido utilizadas para justificar históricas explorações do homem sobre o homem. São usadas para justificar o status quo, naturalizando as desigualdades sociais, como se estas não fossem resultados de uma excludente história política/econômica, mas alegando que são fenômenos puramente biológicos; erro grave e de impactos perversos. Seus efeitos podem ter um caráter político conservador muito grande (CROCHIK; MASSOLA; SVARTMAN, 2016), contribuindo para a manutenção das desigualdades sociais.

    Referências Bibliográficas

    Murray, C., & Herrnstein, R. The bell curve. New York, NY: Free Press, 1994.

    CROCHÍK, José Leon; MASSOLA, Gustavo Martineli; SVARTMAN, Bernardo Parodi. Editorial: Ciência e Política.Psicologia USP, v. 27, n. 1. p. 1-5, 2016.

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    Como citar este texto:

    BODART, Cristiano das Neves. Teoria da Curva do Sino e a naturalização das desigualdades sociais. Blog Café com Sociologia. jan. 2013 (atualizado em mar. 2021). Disponível em: < https://cafecomsociologia.com/teoria-da-curva-do-sino-e-naturalizacao/> .

     

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    Nota

    [1] Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP). Professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

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    Versão do texto em PDF[button link=”https://cafecomsociologia.com/wp-content/uploads/2021/03/Teoria-da-curva-do-sino.pdf” icon=”Select a Icon” side=”left” type_color=”button-background” target=”” color=”b70900″ textcolor=”ffffff”]AQUI[/button]

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  • Vítimas da sociedade – Debate sobre violência e desigualdade social

    Vítimas da sociedade – Debate sobre violência e desigualdade social

    Vítimas da sociedade é uma música do sambista Bezerra da Silva composta em parceria com Crioulo Doido. Essa é uma boa sugestão para trabalhar temas ligados à discriminação social e espacial, assim como mitos ligado ao “Tipo do Verdadeiro Ladrão” é a música “Vítimas da Sociedade” de Bezerra da Silva.

    Abaixo a letra da música, um vídeo com o áudio da música e questões para debate.

     

    Letra
    “Vítimas da Sociedade” de Bezerra da Silva.

    Se vocês estão a fim de prender o ladrão
    Podem voltar pelo mesmo caminho
    O ladrão está escondido lá embaixo
    Atrás da gravata e do colarinho
    O ladrão está escondido lá embaixo
    Atrás da gravata e do colarinho

    Só porque moro no morro
    A minha miséria a vocês despertou
    A verdade é que vivo com fome
    Nunca roubei ninguém, sou um trabalhador
    Se há um assalto à banco
    Como não podem prender o poderoso chefão
    Aí os jornais vêm logo dizendo que aqui no morro só mora ladrão

    Se vocês estão a fim de prender o ladrão
    Podem voltar pelo mesmo caminho
    O ladrão está escondido lá embaixo
    Atrás da gravata e do colarinho
    O ladrão está escondido lá embaixo
    Atrás da gravata e do colarinho

    Acesse a letra completa aqui

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    Questões para debate:

    1 – Quais os fatores colaboradores para a criação do mito de que “quem mora na favela é ladrão”?

    2 – Seria um mito afirmar que “o ladrão está escondido lá embaixo atrás da gravata e do colarinho”? Justifique.

     

  • O Bicho: poema de Manuel Bandeira sobre a dignidade humana

    Vi ontem um bicho
    Na imundície do pátio
    Catando comida entre os detritos.
    Quando achava alguma coisa,
    Não examinava nem cheirava:
    Engolia com voracidade.
    O bicho não era um cão,
    Não era um gato,Não era um rato.
    O bicho, meu Deus, era um HOMEM.

    Manuel Bandeira
  • Estrutura social

    Estrutura social

    Imagem de reflexão sobre estrutura social

    sociedade atual 3653
    A ilustração ao lado mostra de forma bem humorada as consequências de uma estrutura social. Por meio da imagem é possível perceber que a hierarquia criada favorece certos grupos e pessoas.
    Para compreender teoricamente o conceito de estrutura social, acesse aqui