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Sugestão de leitura: A importância da Sociologia no Ensino Médio
A importância da SociologiaIndicamos uma boa leitura referente a importância da Sociologia no Ensino Médio. Trata-se do texto de Aécio Cândido (Texto escrito em julho de 2008 para um seminário sobre Ensino de Sociologia, promovido pelo Centro Acadêmico de Ciências Sociais na Biblioteca Municipal de Mossoró)....A IMPORTÂNCIA DA SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIOPor Aécio Cândido.Todo mundo sabe, ou julga saber, para que serve a Biologia. Tanto que ela, como a Química, a Matemática e a Física, há mais de século, figura nos currículos de todos os níveis de ensino. A Biologia, ocupando-se do estudo dos seres vivos, das formas de vida, da organização e reprodução da vida, oferece uma gama de conhecimentos muito úteis para se compreender as doenças e seus tratamentos, por exemplo. Hoje, a toda hora, estamos expostos a um vocabulário médico que, para ser compreendido, carece de conhecimentos da Biologia: “Fulano é infértil”, “a mulher de fulano desenvolveu uma gestação fora das trompas”, “ele sofre de uma doença genética”, “seu problema é no esôfago”, “ela está perdendo glóbulos brancos”, “sua inflamação é causada por uma bactéria”, “talvez isso se deva ao consumo de transgênicos”. Conclusão: o aprendizado da biologia, em seus princípios gerais, é necessário para que o cidadão moderno possa melhor interagir com o mundo..As ciências exatas e naturais justificam a necessidade de seu aprendizado pelo poder de intervenção sobre o mundo, embora muito do que se aprende delas no Ensino Básico, como formação geral, tenha um caráter bastante abstrato. Com os conhecimentos da biologia curam-se doenças, processam-se intervenções no organismo (cirurgias, transplantes de órgãos) e recupera-se bem-estar, que é o que, afinal, importa para o homem. Com a matemática criam-se edifícios, pontes e estradas; a química nos dá remédios, tintas e patrocina, pela sintetização de adubos, a multiplicação da produção vegetal; a física está na raiz da geladeira, do motor do automóvel, da produção de energia elétrica, do vôo do avião e dos foguetes, dos radares. Todas estas ciências são ciências puras. De certo modo, elas existem para si mesmas, se justificam em si mesmas, expandindo-se pela curiosidade daqueles que se dedicam a elas. No entanto, elas têm uma capacidade tão grande de converter seus conhecimentos puros em intervenções úteis à vida humana que seu estudo nos diferentes níveis de ensino, como iniciação, é aceito por todos nós como necessária. E todos estamos convencidos de que ninguém que se julgue educado pode prescindir dos conhecimentos dessas ciências. Em outras palavras, nós aceitamos como uma verdade essencial que todos precisamos de uma boa educação científica e que dela, da educação científica, e delas, das ciências, dependem o avanço técnico da sociedade..As ciências sociais são mais desconhecidas. Seu papel não é evidente, ou seja, nem sempre se vê os fenômenos de interesse dessas ciências e nem se atina com a serventia de seus resultados. Historicamente, a sociologia tem sido vítima de reduções falseadoras. Já se imaginou que seu objeto de estudo, único e exclusivo, era a pobreza. Já se viu nela uma componente subversiva intrínseca: a sociologia se interessaria, só e somente só, pela tomada do poder. Já se achou que sua função era fazer a crítica do capitalismo ou a das “patologias sociais”. Em razão dessas hiperbolizações é que a sociologia foi menosprezada e mesmo proibida..Ver o restante do artigo do professor Aécio Candido encontra-se AQUI..Dica de música Problema Social
A música “Problema Social” pode ser usada em sala de aula para discutir as ideias de Durkheim e de Weber referente, respectivamente, a determinação e a influência da sociedade na formação do indivíduo, além de tratar alguns conceitos como socioalização.
Questão balizadora: A sociedade determina ou apenas influencia a formação do indivíduo enquanto ser social?
I – Durkheim afirmou que a sociedade deternima a formação da sociedade;
II -Max Weber afirmava que o indivíduo tem a capacidade de realizar escolhas, desde que tenha acesso ao conhecimento e informação necessária.Seu Jorge
Composição: Guará / FernandinhoSe eu pudesse eu dava um toque em meu destino
Não seria um peregrino nesse imenso mundo cão
E nem o bom menino que vendeu limão
E trabalhou na feira pra comprar seu pão
E nem o bom menino que vendeu limãoE trabalhou na feira pra comprar seu pão
Não aprendia as maldades que essa vida tem
Mataria a minha fome sem ter que roubar ninguém
Juro que eu não conhecia a famosa funabem
Onde foi a minha morada desde os tempos de neném
É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem
Se eu pudesse eu tocava em meu destino
Hoje eu seria alguém
É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem
Se eu pudesse eu tocava em meu destino
Hoje eu seria alguémSeria eu um intelectual
Mas como não tive chance de ter estudado em colégio legal
Muitos me chamam pivete
Mas poucos me deram um apoio moral
Se eu pudesse eu não seria um problema socialSe eu pudesse eu dava um toque em meu destino
Não seria um peregrino nesse imenso mundo cão
E nem o bom menino que vendeu limão
E trabalhou na feira pra comprar seu pão
E nem o bom menino que vendeu limão
E trabalhou na feira pra comprar seu pãoNão aprendia as maldades que essa vida tem
Mataria a minha fome sem ter que roubar ninguém
Juro que eu não conhecia a famosa funabem
Onde foi a minha morada desde os tempos de neném
É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem
Se eu pudesse eu tocava em meu destino
Hoje eu seria alguém
É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem
Se eu pudesse eu tocava em meu destino
Hoje eu seria alguémSeria eu um intelectual
Mas como não tive chance de ter estudado em colégio legal
Muitos me chamam pivete
Mas poucos me deram um apoio moral
Se eu pudesse eu não seria um problema socialAnomia
O conceito de Anonia diz respeito a palavra anomia tem origem grega e vem de a + nomos, donde a significa ausência, falta, privação, inexistência; e nomos quer dizer lei, norma. Etimologicamente, portanto, anomia significa falta de lei ou ausência de norma de conduta. Foi com esse entendimento que Durkheim usou a palavra pela primeira vez, em seu famoso estudo sobre a divisão do trabalho social, num esforço para explicar certos fenômenos que ocorrem na sociedade.Depois dele diversos autores têm abordado o conceito com variações quanto ao seu exato entendimento, conforme assinalado por Robert Bierstedt, segundo o qual o termo tem sido empregado com três significados diferentes, a saber:
1) desorganização pessoal do tipo que resulta em um indivíduo desorientado ou fora da lei, com reduzida vinculação à rigidez da estrutura social ou à natureza de suas normas;
2) conflito de normas, o que resulta em situações sociais que acarretam para o indivíduo dificuldades em seus esforços para conformar às exigências contraditórias.
3) ausência de norma, ou seja, situação social que, em seus casos limítrofes, não contém normas; e, em conseqüência, o contrário de sociedade, como anarquia é o contrário de governo.
Entendemos, todavia, que sociologicamente, a palavra pode ser usada em um quarto sentido, que é a síntese, ou pelo menos guarda perfeita correlação com os três primeiros, eis que em qualquer das variações do significado de anomia está presente a ideia da falta ou abandono das normas sociais de comportamento. Assim sendo, pode-se afirmar que a anomia indica desvio de comportamento, que pode ocorrer por ausência de lei, conflito de normas, ou ainda desorganização pessoal.2. Conceito de anomia: CAUSAS DE COMPORTAMENTO ANÔMICO (OU DE DESVIO)
Em qualquer sociedade do mundo, por mais eficientes que sejam as suas normas de conduta e bem estruturadas e aparelhadas as suas instituições jurídicas, vamos encontrar comportamento de desvio, como um verdadeiro fenômeno universal. Pode variar de intensidade – em uma sociedade vamos encontrar maior incidência de comportamento anômico que em outra; vamos encontrar em algumas, maior incidência de um tipo de desvio – mas o fenômeno sempre existirá.
Se as leis são boas, bem elaboradas, adequadas aos interesses sociais e se as instituições destinadas a manter a ordem jurídica são eficientes e bem estruturadas, em princípio não deveria ocorrer comportamento de desvio. Todos deveriam estar empenhados em manter um comportamento em harmonia com as normas de conduta social, de sorte a não existir desvio.
Muitos sociólogos têm se empenhado em encontrar as causas do comportamento anômico, existindo a respeito várias teorias, entre as quais vamos examinar a de Émile Durkheim e a de Robert Merton.
Antes de qualquer coisa, entretanto, é necessário distinguir causa de fator, coisas diferentes, mas que por muitos são confundidas. Por causa entende-se aquilo que determina a existência de uma coisa: a circunstância sem a qual o fenômeno não existe. É, portanto, o agente causador do fenômeno social, sua origem, princípio, motivo ou razão de ser. Eliminada a causa, o fenômeno haverá de desaparecer.
Por outro lado o fator, embora não dê causa ao fenômeno, concorre para sua maior ou menor incidência. É a circunstância que, de qualquer forma concorre para o resultado. Pode-se dizer, por exemplo, que a pobreza, a miséria, é um fator de incidência da criminalidade, porque, segundo as estatísticas, 90% ou mais da população carcerária é constituída de pessoas provenientes das classes sociais mais humildes. Mas não é certamente a causa de conduta delituosa, porque há um número muito grande de pessoas pobres que não delinqüem. Pode-se dizer, igualmente, que o analfabetismo, a ignorância, é outro fator de criminalidade, pois na mesma população presidiária encontramos 85% de analfabetos ou portadoras apenas de instrução primária. Mas não é causa de criminalidade, porque há milhões de analfabetos no Brasil que não enveredaram pelos caminhos do crime.
Como já ficou dito, preocupa-se o estudo da anomia, com as causas, e não simplesmente com os fatores que são inúmeros, mesmo porque de quase nada adianta combater os fatores sem eliminar as causas. É tentar secar a árvore daninha arrancando-lhe simplesmente as folhas, sem cortar-lhe a raiz.Revolução industrial: noções básicas e contexto histórico de surgimento
A Revolução Industrial consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Iniciada na Grã-Bretanha em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX. Ao longo do processo (que de acordo com alguns autores se registra até aos nossos dias), a era agrícola foi superada, a máquina foi suplantando o trabalho humano, uma nova relação entre capital e trabalho se impôs, novas relações entre nações se estabeleceram e surgiu o fenômeno da cultura de massa, entre outros eventos. Essa transformação foi possível devido a uma combinação de fatores, como o liberalismo econômico, a acumulação de capital e uma série de invenções, tais como o motor a vapor. O capitalismo tornou-se o sistema econômico vigente.
Contexto histórico da revolução industrial
Antes da Revolução Industrial, a atividade produtiva era artesanal e manual (daí o termo manufatura), no máximo com o emprego de algumas máquinas simples. Dependendo da escala, grupos de artesãos podiam se organizar e dividir algumas etapas do processo, mas muitas vezes um mesmo artesão cuidava de todo o processo, desde a obtenção da matéria-prima até à comercialização do produto final. Esses trabalhos eram realizados em oficinas nas casas dos próprios artesãos e os profissionais da época dominavam muitas (se não todas) as etapas do processo produtivo.
Com a Revolução Industrial os trabalhadores perderam o controle do processo produtivo, uma vez que passaram a trabalhar para um patrão (na qualidade de empregados ou operários), perdendo a posse da matéria-prima, do produto final e do lucro. Esses trabalhadores passaram a controlar máquinas que pertenciam aos donos dos meios de produção os quais passaram a auferir os lucros. O trabalho realizado com as máquinas ficou conhecido por maquinofatura.
Esse momento de passagem marca o ponto culminante de uma evolução tecnológica, econômica e social que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade Média, com ênfase nos países onde a Reforma Protestante tinha conseguido destronar a influência da Igreja Católica: Inglaterra, Escócia, Países Baixos, Suécia. Nos países fiéis ao catolicismo, a Revolução Industrial eclodiu, em geral, mais tarde, e num esforço declarado de copiar aquilo que se fazia nos países mais avançados tecnologicamente: os países protestantes.
De acordo com a teoria de Karl Marx, a Revolução Industrial, iniciada na Grã-Bretanha, integrou o conjunto das chamadas Revoluções Burguesas do século XVIII, responsáveis pela crise do Antigo Regime, na passagem do capitalismo comercial para o industrial. Os outros dois movimentos que a acompanham são a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa que, sob influência dos princípios iluministas, assinalam a transição da Idade Moderna para a Idade Contemporânea. Para Marx, o capitalismo seria um produto da Revolução Industrial e não sua causa.
Origem do capitalismo: Início do sistema, transição e consolidação
Origem do capitalismo: transição e consolidação
Trabalho manual / intelectual / qualificado /não qualificado
Cada vez mais pessoas percebem e se preocupam com a situação de injustiça, miséria, corrupção e exploração a que são submetidas. Poucos, porém, têm clareza sobre as origens e as causas desta situação. Queremos mostrar, como surgiram e o que defendem o Capitalismo e o Socialismo. E para o trabalho ficar mais completo, apresentamos uma análise crítica dos dois tipos de sociedade.A origem do capitalismo: Pensamento capitalistaOrigem do capitalismo renita à configurações que iniciaram na Idade Média, quando as antigas corporações feudais se desintegraram e, com isso, os mestres e aprendizes instalaram empresas de propriedade individual, com operários assalariados que fabricavam manufaturados em série.
Nasceu assim a burguesia (nome derivado de “burgo”, isto é “cidade”, pois os donos das empresas moravam na cidade, enquanto os senhores feudais, pelo fato de serem grandes proprietários de terra, moravam nos castelos rurais).
Nesta sociedade, as funções produtivas, as prerrogativas, os direitos e deveres de cada um eram pré-estabelecidos e definitivos do nascimento até a morte. Esta estrutura feudal padronizada e hereditária não era interessante para os novos empresários.Essa burguesia nascente não aceitou a sociedade feudal “fixa e fechada”, porque a liberdade de empresa (a liberdade de produzir e comercializar) inexistia, uma vez que todos os aspectos da vida social eram codificados e controlados pelos senhores feudais, a começar pelo primeiro deles, o rei, associados à Igreja (também grande proprietária de terras). Essa contestação colocou em dúvida também a origem divina do poder e colocou o indivíduo como devendo ser o articulador (com base num pacto com os outros indivíduos) da ordem social.Esta ideia de uma sociedade construída sobre a base de um “contrato” entre indivíduos livres e iguais (em oposição às desigualdades da sociedade feudal), que instituem o Estado, para serem por ele protegidos no exercício das respectivas liberdades individuais (compatíveis com a convivência social) encontra sua formulação mais clara na obra “O Contrato Social”, de J. J. Rousseau. Esta obra serviu como base teórica para a Revolução Francesa, mãe da sociedade capitalista.
Na Inglaterra, a burguesia tinha conquistado, aos poucos, a liberdade de empresa e o direito de participar das decisões políticas a partir de um pacto com o poder real e o dos senhores feudais.Na França, a revolução apoiada nas ideias do “Contrato Social”, de Rousseau, conseguiu abolir a estrutura de poder absoluto dos monarcas feudais, como também conseguiu abolir (na sua primeira fase) o poder temporal e espiritual da Igreja. A religião foi substituída pela filosofia (o “livre pensamento”) na determinação das pautas morais de convivência.
Foi assim que a Revolução Francesa marcou o nascimento da sociedade capitalista na sua plenitude.
As ideias básicas defendidas na Revolução Francesa foram: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Essas três palavras, em particular as duas primeiras, Liberdade e Igualdade, sintetizam a imagem que a sociedade capitalista tem de si mesma e a imagem que ela pretende que todo homem tenha dela.O Estado, nesta nova sociedade, teria a função de garantir o cumprimento dos direitos individuais. Neste Estado, o Poder Legislativo codificaria tais direitos nas leis, o Poder Judiciário julgaria os conflitos inter-individuais segundo esses direitos e leis, e o Poder Executivo faria com que fossem respeitados uns e outros, se necessário pelo uso da força, que a todos representaria face ao eventual infrator.A Origem do capitalismo está relacionado aos princípios que até hoje é defendidos pelos chamados “liberais”, para quem a sociedade capitalista é o modelo social que efetivamente os realizou e os realiza.Marx, numa abordagem crítica pessoal, pegou ao pé da letra os princípios de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, sobre os quais dizia descansar a sociedade capitalista, e fez um questionamento a fundo dessa sociedade a partir dos seus próprios princípios.
Marx mostrou como a suposta igualdade era ilusória no Capitalismo, uma vez que todo homem, ao nascer, encontrava uma sociedade dividida em dois blocos desiguais: de um lado, o bloco dos proprietários dos meios de produção (empresas, terras, máquinas), e do outro lado, os proletários que, pelo fato de não serem proprietários destes, se viam obrigados a vender a sua força de trabalho aos donos das empresas, e desta forma ganhar o necessário para subsistir.Para Marx, o capitalista se enriquece apropriando-se, sem qualquer tipo de retribuição, de uma parte do produto do trabalho realizado pelo operário.
Marx mostrou, também, que a liberdade individual no Capitalismo estava condicionada pela divisão da sociedade em classes: de um lado, os proprietários dos meios de produção e, do outro lado, os trabalhadores.Nessas circunstâncias, o filho do operário, vindo ao mundo não tem escolha livre do seu projeto de vida; carente dos meios de produção, ele não tem outro remédio senão vender a sua força de trabalho ao capitalista (este sim tem a “liberdade” de contratá-lo ou não) e perpetuar a estirpe deste novo tipo de escravo moderno, gerado pelo Capitalismo. Escravo, porque uma vez vendida a sua força de trabalho, é o capitalista e não o operário quem decide pela vida deste (o que produzir, como produzir, horários, regulamentos da empresa com as devidas sanções e a sempre possível demissão e condenação ao desemprego).De fato, pensava Marx, o que defendem os capitalistas quando falam de “liberdade”, não é nada mais do que a sua “liberdade de empresa”, isto é, a sua “liberdade” de enriquecerem às custas do trabalho operário não remunerado.
Autor: Dr. Sírio Lopez Velasco
Programa de Pós-Graduação (Doutorado e Mestrado) em Educação Ambiental Universidade Federal do Rio Grande (FURG), RSA origem do capitalismo: questões para debate
1 – Por que os empresários liberais (burgueses) entraram em conflito com os senhores
feudais?2 – Qual a ligação (relação) entre o Capitalismo e a Revolução Francesa?3 – Como surgiu o Capitalismo?4- Qual a função do Estado no Capitalismo?5 – O que defende e propõe o Capitalismo, como nova sociedade, em oposição ao
Feudalismo?6- Qual é o conceito de trabalho na sociedade capitalista?7- Qual a origem do capitalismo?Conhecimento comum e Científico: diferenças e semelhanças
A investigação cientifica parte da percepção de que o conjunto dos conhecimentos disponível é insuficiente para manejar determinados problemas. Não começa do “ponto zero” visto que a investigação se ocupa de problemas e não é possível formular uma pergunta – e muito menos respondê –la – fora de algum corpo de conhecimentos.Uma porção do conhecimento prévio do qual parte toda investigação é conhecimento comum isto é, conhecimento não – especializado: outra opção é conhecimento científico, ou seja, conhecimento obtido mediante o método da ciência que pode ser submetido a prova, enriquecer – se e, se for o caso, ser abandonado. A investigação científica na medida em que progride, corrige ou até mesmo nega partes do acervo do conhecimento comum. Este último, por sua vez, incorpora alguns resultados da ciência: uma parte do conhecimento comum de hoje é resultado do conhecimento científico de ontem. A ciência cresce a partir do conhecimento comum e, no crescer, se distancia dele: de fato, a investigação científica começa onde a experiência e o conhecimento comum deixa de resolver problemas ou até mesmo de colocá – los.A ciência não é um mero refinamento ou uma prolongação do conhecimento comum, no0 sentido em que, por exemplo, o microscópio amplia o campo da nossa visão. A ciência é um conhecimento de natureza especial: trata sobretudo, ainda que não exclusivamente, de acontecimentos não – observáveis e insuspeitos pelo leigo: exemplos de tais acontecimentos são a evolução das estrelas e da duplicação dos cromossomas; a ciência imagina e arrisca conjecturas que ultrapassam o conhecimento comum, tais como as leis da mecânica quântica e dos reflexos condicionados, e submete estas hipóteses à contrastação experimental com a ajuda de técnicas especiais, como a espactroscopia ou o controle do suco gástrico, técnicas que, por sua vez, requeres teorias especiais.
Conseqüentemente, o conhecimento comum não pode ser juiz autorizado do conhecimento científico, e o propósito de valorizar as ideias e os métodos científicos a partir do conhecimento comum apenas é absurdo: a ciência elabora seus próprios critérios de validade e, em muitos casos, encontra – se muito longe do conhecimento comum. Imaginemos a esposa de um físico recusando uma nova teoria de seu marido sobre as partículas elementares porque esta teoria não é intuitiva para ou biólogo que se prendesse à hipótese da natureza hereditária dos caracteres adquiridos porque esta hipótese coincide com a experiência comum no que diz respeito à evolução cultural.Parece clara a conclusão que os filósofos devem inferir de tudo isto: não tentar reduzir o conhecimento científico a conhecimento comum, mas aprender um pouco de ciências antes de filosofar sobre elas.A descontinuidade radical entre conhecimento comum e conhecimento científico em numerosos aspectos, sobretudo no que diz respeito ao método, não deve ocultar – nos à sua continuidade em outros aspectos, ao menos se fazemos coincidir o conhecimento comum com o que se chama “bom senso”. De fato, tanto o bom – senso quanto à ciência desejam ser racionais e objetivos: são críticos e visam ser coerentes (racionalidade) e tentam adaptar – se aos fatos em vez de permitirem – se especulações sem controle (objetividade).
Mas o ideal de racionalidade, isto é, a sistematização coerente de enunciados fundados e contrastáveis, é conseguido por meio de teorias e as teorias são o núcleo do conhecimento científico: o conhecimento comum, por seu lado, é uma acumulação de informações fortemente vinculadas entre si. O ideal de objetividade, isto é, a construção de imagens da realidade que sejam verdadeiras e impessoais, não pode ser atingido se não ultrapassarmos os estreitos limites da vida cotidiana e da experiência provada, abandonando o ponto de vista antropocêntrico, formulando a hipótese da existência de objetos físicos além de nossas limitadas e exóticas impressões e contrastando tais conjecturas por meio da experiência inter – subjetiva, planejada e interpretada com a ajuda de teorias. O conhecimento comum não pode conseguir mais do que uma reduzida objetividade visto estar demasiadamente vinculado na percepção e na ação; apenas o conhecimento científico inventa teorias que, ainda que não se limitem a condensar nossas experiências, podem ser contrastadas com esta para serem verificadas ou falsificadas.Um aspecto da objetividade comparado pelo bom-senso e a ciência é o naturalismo, ou seja, a negação da identidade não-natural (por exemplo: um pensamento desencarnado) é fonte de conhecimento não-naturais (por exemplo: a intuição metafísica). Porém, o bom-senso, reticente como é diante do não-observável, tem, às vezes um efeito paralizador sobre a imaginação científica. O conhecimento científico de sua parte, lida com entidades não-observáveis e não as afasta desde que possa mantê-las sob controle; a ciência com efeito possui meios muito peculiares – nem estéricos, nem infalíveis – para submeter a tese tais entidades.
Uma conseqüência da vigilância crítica e da recusa dos modos de conhecimento esotérico é o falibilismo, ou seja, o reconhecimento de que nosso conhecimento do mundo é provisório e incerto, fato que não exclui o progresso científico, mas antes, o exige. Os enunciados científicos, do mesmo modo que os enunciados do conhecimento comum, são opiniões, mas opiniões fundadas e contrastáveis em vez de informações arbitrárias e não suscetíveis de contrastação ou prova. Apenas os teoremas da lógica ou da matemática ou enunciados triviais, como “este volume é pesado”, podem ser provados para além de toda dúvida razoável.
Os enunciados referentes à experiência imediata não são essencialmente incorrigíveis, mas raramente são dignos de dúvida: ainda que sejam conjecturas, na prática, nós o manejamos como se fossem certezas. Precisamente por esta razão são cientificamente irrelevantes: se podem ser manejados com segurança pelo conhecimento comum porque recorrer à ciência? É esta a razão pela qual não existe uma ciência da mecanografia ou da conduta de automóveis. Ao contrário, os enunciados que se referem a algo além da experiência imediata são duvidosos e, que se referem a algo além da experiência imediata são duvidosos e, portanto, vale a pena submete-los várias vezes à contrastação e dar-lhes fundamento. Na ciência porém, a dúvida estimula a investigação, a busca de hipóteses que expliquem os fatos de uma modo cada vez mais adequado. Assim se produz um conjunto de opiniões científicas de peso desigual: algumas delas estão melhor fundadas a mais detalhadamente contrastadas do que as outras. Em vista de tudo isto, o cético tem razão quando duvida de uma coisa em particular mas erra quando duvida de tudo na mesma medida.
As opiniões científicas, mais do que as do bom-senso, são racionais e objetivas. Enfim, o que – se é que existe algo – torna o conhecimento científico superior ao conhecimento comum? Não é, certamente, a substância, ou o tema, visto que um mesmo objeto pode ser considerado de modo científico, de modo não científico e até mesmo de modo anti-científico. A hipótese, por exemplo, pode ser estudada de modo não-científico quando se descrevem casos sem a ajuda de teorias, de experimentos; pode ser estudada de modo anti-científico, se é considerada um fato sobrenatural que não implica nenhuma razão dos sentidos nem do sistema nervoso; enfim, pode ser estudada de um modo científico, se o constroem hipóteses e estas hipóteses são controladas e contrastadas no laboratório. Em princípio, pois, não é nem o objeto nem o tema que distingue o conhecimento científico, deverá sê-lo a forma e o objetivo; à especificidade da ciência consistirá no modo como opera para alcançar algum objetivo determinado, isto é, no método científico e na finalidade para a qual este método é aplicado.
in Bunça, Mario, La Investigacion Científica Ed. Ariel, Barcelona,1972,pgs
O “menino selvagem de Aveyron”: texto de Anthony Giddens
Texto do sociólogo Anthony Giddens de seu manual de Sociologia.No dia 9 de Janeiro de 1800 uma estranha criatura surgiu dos bosques próximos ao povoado de Saint-Serin, no sul da França. Apesar de andar em posição ereta se assemelhava mais a um animal do que a um ser humano, porém, imediatamente foi identificado como um menino de uns onze ou doze anos. Unicamente emitia estridentes e incompreensíveis grunhidos e parecia carecer do sentido de higiene pessoal, fazia suas necessidades onde e quando lhe apetecia. Foi conduzido para a polícia local e, mais tarde, para um orfanato próximo. A principio escapava constantemente e era difícil voltar a capturá-lo. Negava-se a vestir-se e rasgava as roupas quando lhes punham. Nunca houve pais que o reclamassem.O menino selvagem foi submetido a um minucioso exame médico no qual não se encontrou nenhuma anormalidade importante. Quando foi colocado diante de um espelho parece que viu sua imagem sem reconhecer-se a si mesmo. Em uma ocasião tratou de alcançar através do espelho uma batata que havia visto refletida nele (de fato, a batata era segurada por alguém atrás de sua cabeça). Depois de várias tentativas, e sem voltar a cabeça, colheu a batata por cima de seu ombro. Um sacerdote que observava ao menino diariamente descreveu esse incidente da seguinte forma: Todos estes pequenos detalhes, e muitos outros que poderiam aludir, demonstram que este menino não carece totalmente de inteligência, nem de capacidade de reflexão e raciocínio. Contudo, nos vemos obrigados a reconhecer que, em todos os aspectos que não tem a ver com as necessidades naturais ou a satisfação dos apetites, se percebe nele um comportamento puramente animal. Se possui sensações não desembocam em nenhuma ideia. Nem sequer pode comparar umas as outras. Poderia pensar-se que não existe conexão entre sua alma ou sua mente e seu corpo. (Shattuck, 1980, p.69; veja-se também Lane, 1976).Posteriormente, o menino selvagem foi enviado para Paris, onde se ocorreram tentativas sistemáticas de transformar-lhe “de besta em humano”. O esforço resultou só parcialmente satisfatório. Aprendeu a utilizar o quarto de banho, aceitou usar roupa e aprendeu a vestir-se sozinho. No entanto, não lhe interessavam nem as brincadeiras nem os jogos e nunca foi capaz de articular mais que um reduzido número de palavras. Até onde sabemos pelas detalhadas descrições de seu comportamento e suas reações, a questão não era a de que fosse retardado mental. Parece que ou não desejava dominar totalmente a fala humana ou que era incapaz de fazê-lo. Com o tempo fez escassos progressos e morreu em 1828, quando tinha por volta de quarenta anos.Sem dúvida, devemos ter cuidado na hora de interpretar casos deste tipo, pois é possível que não se consiga diagnosticar uma anormalidade mental. Por outra parte, as experiências as quais o menino foi submetido poderiam ter-lhe causado danos psicológicos que lhe impediram de alcançar as habilidades que a maioria dos meninos adquire numa idade muito menor. Ainda assim, existe uma similitude suficiente entre este caso e outros que se conhecem como para poder sugerir quão limitadas estariam nossas faculdades si precisamos, desde o princípio, de um período prolongado de socialização.Fatos sociais e o surgimento da Sociologia
Fatos sociais e o surgimento da Sociologia
Fatos sociais é um conceito desenvolvido pelo francês Émile Durkheim na busca por definir um objeto de estudo da Sociologia. Tal conceito ainda é amplamente presente nas pesquisas sociológicas, seja se apropriando dele, seja refutando-o. A seguir, disponibilizamos um trecho que ajuda na compreensão desse conceito.Essa postagem é u trecho extraído de: Pérsio Santos de Oliveira, Introdução à Sociologia, São Paulo, Ática, 2000, p. 13:O surgimento da SociologiaAugusto Comte (1798-1857) é tradicionalmente considerado o pai da Sociologia. Foi ele quem pela primeira vez usou essa palavra, em 1839, no seu Curso de Filosofia Positiva. Mas foi com Emile Durkheim (1858-1917) que a Sociologia passou a ser considerada uma ciência e como tal se desenvolveu.
Durkheim formulou as primeiras orientações para a Sociologia e demonstrou que os estes fatos sociais têm características próprias, que os distinguem dos que são estudados pelas outras ciências. Para ele, a Sociologia é o estudo dos tais sociais.Fatos sociais
Um exemplo simples nos ajuda a entender o conceito de fato social, segundo Durkheim. Se um aluno chegasse à escola vestido com roupa de praia, certamente ficaria numa situação muito desconfortável: os colegas ririam dele, o professor lhe daria uma enorme bronca e provavelmente o diretor o mandaria de volta para pôr uma roupa adequada. Existe um modo de vestir que é comum, que todos seguem. Isso não é estabelecido pelo indivíduo. Quando ele entrou no grupo, já existia tal norma, e, quando ele sair, a norma provavelmente permanecerá. Quer a pessoa goste, quer não, vê-se obrigada a seguir o costume geral. Se não o seguir, sofrerá uma punição. O modo de vestir é um fato social. São tais sociais também a língua, o sistema monetário, a religião, as leis e uma infinidade de outros fenômenos do mesmo tipo.
Para Durkheim, os fatos sociais são o modo de pensar, sentir e agir de um grupo social. Estes fatos sejam exteriores, eles são introjetados pelo indivíduo e exercem sobre ele um poder coercitivo. Resumindo, podemos dizer que os fatos sociais têm as seguintes características:>
1. generalidade – o fato social é comum aos membros de um grupo;
2. exterioridade – o fato social é externo ao indivíduo, existe independentemente de sua vontade;
3. coercitividade – os indivíduos se sentem obrigados a seguir o comportamento estabelecido..Em virtude dessas características, para Durkheim os fatos sociais podem ser estudados objetivamente, como “coisas”. Da mesma maneira que a Biologia e a Física estudam os fatos da natureza, a Sociologia pode fazer o mesmo com os fatos sociais....Fonte: Pérsio Santos de Oliveira, Introdução à Sociologia, São Paulo, Ática, 2000, p. 13.Fatos Sociais
BREVE COMENTÁRIO
A sociedade é regida por normas, leis e regras. Desta forma somos “estimulados” a agir como todos agem. Esse vídeo apresenta muito bem os estímulos sociais que sofremos para agirmos de forma “padronizada”. Desta forma torna-se claro que os Fatos Sociais são externos a nós, e apresenta uma coercitividade muito forte para que venhamos a agir de forma padronizada (generalizada).Pensamento: interpretando o mundo… ?!
PhD em Sociologia pela Universidade de Saarbrücken, Alemanha, 1967-1971, e pós-doutor pela University of California at Los Angeles (UCLA), 1999 – 2000. Atualmente, Professor Titular Aposentado da Universidade de Brasília (UnB), Departamento de Sociologia (Mestrado e Doutorado em Sociologia).Breve comentário:Geralmente interpretamos os fatos sociais a partir de nossos valores e crenças, o que acaba acaretando a discriminação do diferente, do outro.