Tag: Eixo- Movimentos sociais/ cidadania/ democracia e políticas públicas

Eixo- Movimentos sociais/ cidadania/ democracia e políticas públicas

Em resumo, podemos entender a cidadania como toda prática que envolve reivindicação, interesse pela coletividade, organização de associações, luta pela qualidade de vida, seja na família, no bairro, no trabalho, ou na escola. Ela implica um aprendizado contínuo, uma mudança de conduta diante da sociedade de consumo que coloca o indivíduo como competidor pelos bens da produção capitalista.
 Mas é preciso não confundir a cidadania com as soluções individualistas estimuladas pelo próprio sistema de competição hoje vigente: ou seja, o indivíduo que prefere pagar por sua segurança em um condomínio fechado ou contratando “polícia” particular, não exigindo que o poder público forneça a segurança de ir e vir no espaço urbano, não está exercendo sua cidadania.

E um dos grandes problemas para o exercício da cidadania em nossa sociedade é exatamente o individualismo incentivado pela sociedade de consumo e pelo neoliberalismo. Ao nos preocuparmos apenas com nós mesmos, ao abandonar a defesa da coletividade, estamos enfraquecendo a cidadania em nosso país, assim como nossos próprios direitos

  • Somos todos “Jorges” – brasileiros e turcos juntos na luta

    Somos todos “Jorges” – brasileiros e turcos juntos na luta

    Protestos na turquia: solidariedade dos brasileiros

    Por Roniel Sampaio Silva
    São Jorge
    A Turquia tem passado por um momento de grande convulsão social e política. Pena que a novela das oito já acabou! Durante alguns meses a programação nobre esteve vidrada no cenário desse país e hoje nada de “importante” tem sido mostrado. Para o imaginário popular o país não representa nada além de meia dúzia de atores globais. Além da novela, o que temos a ver com a Turquia?
    Antes de chegar a análise gostaria de comentar sobre o tem acontecido nesse país. Apesar ter regime oficialmente democrático, parece que ele foi revogado por esses dias nesse país de maioria populacional muçulmana. Gezi  A aparente revogação da democracia inicialmente aconteceu porque o Parque Gezi, lugar de grande importância para muitos turcos, está sendo ameaçado de demolição para construção de um shopping center.A fim de resguardá-lo várias pessoas de religiões, regiões e idades diferentes seguiram para o local. Na medida em que a população tentava impedir a demolição
    do Parque, mais eram reprimidos pela violência policial. Tanto mais eram violentados, mais pessoas se somavam ao movimento e mais as reivindicações se ampliaram.
    Reza a lenda de São Jorge que esse homem foi torturado até a morte para que abrisse mão de seus sonhos e suas convicções.  O que tem acontecido com os “Jorges” de todo mundo não é muito diferente. Quase sempre que se vai contra os interesses do capital, temos como resposta um banho de sangue promovido pelos grandes interesses financeiros. Somos reprimidos com violência a abrir mão do sonho da democracia, justiça e direitos básicos. “As pessoas que marcham para o centro de Istambul estão exigindo seu direito de viver livremente, e de receber justiça, proteção e respeito do estado. Exigem estarem envolvidas nos processos de tomada de decisão sobre a cidade na qual vivem.” (Sumadef)
    salve jorge resumo novela capitulo episodio rede globo
    Diante dessa situação uma constatação:a contradição midiática do enfoque do São Jorge da Capadócia da novela das oito em contradição com o exército de tantos outros turcos que estão lutando agora contra o Dragão dos grandes interesses financeiros. Este Dragão voraz não é turco, ele tem várias nacionalidades e ameaça a paz também no Brasil. Como constatação disto reparamos o desdém que a grande mídia brasileira, turca e internacional dá sobre o assunto.A mídia televisiva está do lado do Jorge ou do Dragão?
    Aqui no Brasil a emissoras de TV nada têm a dizer sobre a Turquia,além das propagandas das pulseiras, pingentes e outros produtos “queima de estoque” por conta do término da novela. Quem vai salvar Jorge do Parque Gezi? A polícia brasileira que invadiu a boate da novela para resgatar as pobres mulheres escravizadas? Pelo contrário, o Brasil exporta o gás lacrimogêneo lançado criminosamente sobre os manifestantes em operações militares contra manifestações pacíficas, exportando sua tecnologia de repressão a movimentos sociais. Marx estava certo quando disse que o Capital não tem Nação. O Dragão o qual enfrentam os turcos também nos enfrenta por aqui sempre que lutamos por políticas públicas, participação e conta os abusos dos governantes e dos interesses financeiros.
    Na mesma situação dos “Jorges” turcos estão os “Jorges” brasileiros que apanham da polícia quando se manifestam, muitas vezes pacificamente,contra a derrubada de árvore (Porto Alegre); por um transporte público barato e de qualidade (GoiâniaTeresina e Vitória)e em tantas outras situações de abuso. Criminosamente os meios de comunicação desdenham nossas lutas para garantir a fome insaciável desse mesmo dragão que promove um banho de sangue na Turquia.
    A luta do Jorge contra o dragão não pode ser vista ou ouvida com clareza porque o barulho de tal monstro se propaga sorrateiramente silenciando financeiramente os que se dizem arautos da liberdade de informação. Liberdade para quem?
    Somos todos “Jorges”!Uma das armas que temos para combatê-los são as redes sociais. Elas são as nossas lanças e cavalos de combate. Isso porque sem uma mídia alternativa jamais saberíamos ao certo que o Dragão impiedoso da Turquia é o mesmo que cessa muitos de nossos direitos mais básicos aqui no Brasil.
    Seremos um exército quando percebermos que fazemos parte da mesma causa.  Para que isso aconteça basta com que aprendemos a filtrar os berros do Dragão e contemplar a lua.Essa lua chama-se redes sociais. Único local que o domínio do Dragão ainda não chegou completamente. Até o momento a lua das redes sociais é das poucas formas de nos sentir pertencente à mesma companhia. Com o brilho lunar, usaremos das armas que temos para derrotar esse dragão juntos!

    Jorge sentou praça
    Na cavalaria
    Eu estou feliz porque eu também
    Sou da sua companhia

    Jorge sentou praça
    Na cavalaria
    Eu estou feliz porque eu também
    Sou da sua companhia

     

    PS:
    Esse texto é dedicado a todos os
    guerreiros que morreram em manifestações no Brasil e no mundo.
    Esse texto foi inspirado na
    tradução de Antonio Engelke ao texto de Sumafef. Disponível em <

     

  • Democratização do Ensino Superior: a questão das bolsas de estudo e das cotas.

    Democratização do Ensino Superior: a questão das bolsas de estudo e das cotas.

    Por Cristiano Bodart
    prouni faculdade
    Um dos leitores do blog Café com Sociologia, o Arnaldo S. Batista, estudante de jornalismo, me solicitou algumas respostas, as quais disponibilizo aqui, a fim de, promover uma reflexão a respeito de um tema tão complexo e de diversas opinião. Não apresento respostas acabadas, mas uma reflexão inicial e incipiente do tema. Segue:

    BATISTA: Você acredita que
    programas de concessão de bolsas de estudos para estudantes de baixa renda
     em universidades privadas são efetivos na democratização do acesso ao
    ensino superior? Por que?
    BODART: Com relação ao acesso,
    sim. 
    Democratizar (nesse
    contexto) é tornar acessível, o que as bolsas fazem aos alunos que não têm
    condições sociais para pagar as mensalidades. O desafio futuro possivelmente
    deixará de ser acessibilidade (como ocorre hoje com o ensino médio) para ser a
    qualidade.
    BATISTA:  – Algumas pessoas
    alegam que estes programas contribuem tanto para a queda na qualidade do ensino
    superior nestas instituições quanto para a

    desvalorização da universidade uma
    vez que os professores precisam refrear os conteúdos para que os bolsistas que
    vem de uma formação deficiente possam acompanhar as aulas e desta forma acabam
    por prejudicar os alunos pagantes. Qual a sua visão sobre isso? 
    BODART: No caso das faculdade
    privadas: O que prejudica a qualidade não é a existência de bolsas, mas a falta
    de fiscalização na qualidade dos cursos financiados e no controle por parte do MEC. Com as bolsas, pelo contrário, as
    faculdades não necessitam reduzir muito o valor da mensalidade para ter
    clientes (a redução de valor resulta em corte de custeios que afetam
    diretamente a qualidade), além de possibilitar os estudos de quem não teria outro meio.
    No caso da Faculdade pública: a
    bolsa não está, necessariamente ligada a inclusão de alunos mais pobres. A
    bolsa é uma seleção posterior ao processo seletivo. O que inclui estes na
    universidade são as cotas sociais e/ou raciais. As bolsas (que são de outras modalidades) podem, e muitas vezes são, uma forma do aluno de dedicar exclusivamente aos estudos.
    Com relação as cotas,
    o perigo na queda da qualidade é real, porém as universidades, em sua maioria,
    possuem um sistema de apoio pedagógico aos alunos com maiores dificuldades (uma
    espécie de reforço). Estudos mostram que alunos cotistas não têm resultados
    inferiores aos não cotistas (aqui,
    aqui,
    aqui
    e aqui). No
    caso da UFPR, o percentual de abandono do curso por cotista chega a ser 3 vezes
    menor em relação aos não cotistas (aqui),
    . O mesmo ocorre na Unb (aqui).  Estudos apontam que os cotistas
    possuem maior autoestima em relação a identidade de estudante (aqui), o que é fundamental na formação.
    BATISTA:  Essa
    “profusão” de programas de concessão de bolsas nos últimos anos
    estaria ligado a que aspectos históricos?
    BODART: Está ligado a dois
    pontos: acesso da “antiga esquerda” ao poder, a qual tem em seu
    escopo político políticas redistributivas e; todos (sejam de direita ou de
    esquerda) já perceberam que a economia não funciona com muita pobreza. O
    sistema econômico busca incluir, ainda que de forma superficial, todas as
    classes sociais no mercado. Crime, miséria, drogas, etc, não colaboram para o
    desenvolvimento econômico do país. Se o Brasil quiser se desenvolver, terá que
    qualificar e educar a população.
    BATISTA:  Você acredita que
    programas como o PROUNI e o Escola da Família são formas de privatização do
    ensino que deveria ser público?
    BODART: Em parte sim. Foi uma
    forma mais barata de tentar democratizar o ensino superior. Um aluno na
    Universidade Federal é bem mais caro que um aluno bolsista em uma faculdade
    particular. Maior quantidade de alunos matriculados no ensino superior em um
    país que não disponibiliza maiores recursos só é possível minimizando gastos. O
    que não é o ideal, mas já é um avanço significativo.
    BATISTA: Seriam estes
    programas uma das grandes soluções para a redução das disparidades sociais?
    BODART: Diria que é um passo
    importante, mas não único a ser dado. O desafio agora é ampliar o sistema educacional
    superior público e exigir maior qualidade das faculdade privadas. As atuais
    avaliações precisam ser repensadas.
    BATISTA: Você acredita que
    existam outras alternativas que viabilizem esta democratização que não estas
    políticas compensatórios?
    BODART: Como você mesmo
    coloca: “política compensatória”. Trata-se de uma compensação da histórica
    exclusão social praticada no país. Resta agora criar uma política educacional
    para viabilizar a expansão das universidades públicas e a melhoria da qualidade
    das faculdades particulares. O que temos não pode ser encarada como uma
    política para longo prazo.
  • Yoani Sánchez no Roda Viva

    Publicado em 25/02/2013
    A blogueira Yoani Sánchez participou do Roda Viva para falar sobre sua atuação, sobre o regime cubano, as relações com o Brasil, o poder da internet e seu plano de viagens em 2013.
    Segue o programa em 4 partes.

  • Feminismo: Histeria (Teaser)

    “Curta documentário sobre o feminismo no Brasil na atualidade e o papel da mídia nesse contexto, com a participação de representantes dos coletivos Marcha das Vadias SP e Femen Brazil; e com a filosofa e escritora Marcia Tiburi”. 

    Direção e Produção:

     Karina França | Imagens: Vinícius de Vinhedo e Denis Zanin | Edição: Vinícius de Vinhedo 

    São Paulo, Brasil,2012

  • Ignorância política

    Infelizmente grande parte da população brasileira não se interessa por questões políticas. O ator e comediante Marcelo Adnet fez um vídeo bem interessante para a nossa reflexão, especialmente aos “analfabetos políticos” de bertold brecht. Segue:

  • “democracia é difícil” – Sérgio Buarque de Holanda – Entrevista de 1976

    “democracia é difícil” – Sérgio Buarque de Holanda – Entrevista de 1976

    A democracia é difícil

    Entrevista: Sérgio Buarque de Holanda
    S rgio
    A caminho dos 74 anos, que completará em julho, Sérgio Buarque de Holanda é, ao mesmo tempo, um impecável historiador e um fascinante contador de histórias. Grande viajante, entremeia reflexões sobre o exercício da História com finas observações do tipo: “Me diverti muito quando estive na Grécia. Lá, os carregadores de bagagens são chamados metaphoras, e os que esperam na fila do ônibus estão em ekstasis. É agradável, mas também chocante, você se deparar de repente com as palavras sendo utilizadas em seu sentido rigoroso, não é?
    Seu primeiro livro, “Raízes do Brasil” (1936), forma, junto com “Casa-Grande & Senzala”, de Gilberto Freyre, e “Formação do Brasil Contemporâneo”, de Caio Prado Jr., o grande tripé básico da cultura brasileira no século XX. Começou a lecionar na Universidade do Distrito Federal, transferindo-se em 1938 para o Instituto Nacional do Livro. Dez anos depois passou a ocupar a cadeira de História Econômica do Brasil na Escola de Sociologia e Política de São Paulo. A partir de 1956, assumiu o posto de catedrático de História da Civilização na Universidade de São Paulo. Pronunciou conferências e deu cursos nos Estados Unidos, França, Itália, Suíça e Chile. Entre as universidades americanas, lecionou em Colúmbia, Harvard, Califórnia, Indiana, Yale e na New York State University.
    Desde 1960 dirige a “História Geral da Civilização Brasileira”, já em seu sétimo volume publicado: “Do Império à República”. Embora negue predileção pelo período do Segundo Reinado, Sérgio diz que “basicamente a coleção é um trabalho de equipe, mas este volume é apenas meu. Eu ia fazer apenas uma resenha do aspecto político do Império, mas ela acabou virando um livro, publicado como último tomo do século XIX. Um pouco cansado com o trabalho de coordenar uma coleção desse porte, pedi um sucessor para a parte da República. E Bóris Fausto foi o escolhido”. Contudo, ainda este ano Sérgio pretende publicar uma nova versão de “Do Império à República”, consideravelmente ampliada.
    Confortavelmente sentado em uma poltrona, numa das salas – todas literalmente atulhadas de livros – de sua casa normanda no bairro do Pacaembu, em São Paulo, Sérgio (ou o “pai do Chico Buarque”, como adora ser chamado) falou sobre a História. E também contou muitas outras.
    VEJA – O que o senhor modificaria, hoje, em seu livro “Raízes do Brasil“, escrito na década de 30?
    SÉRGIO BUARQUE – Muita coisa. Eu escrevi dois de seus capítulos na Alemanha, quando lá morei, entre 1928 e 1931. A ideia básica era a de que nunca houve democracia no Brasil, e de que necessitávamos de uma revolução vertical, que realmente implicasse a participação das camadas populares. Nunca uma revolução de superfície, como foram todas na História do Brasil, mas uma que mexesse mesmo com toda a estrutura social e política vigente.
    VEJA – E a ideologia brasileira do homem cordial, que vem da passagem do século e o senhor de certa forma adota, ainda valeria?
    SÉRGIO BUARQUE – Critica-se muito, mas poucos entenderam o verdadeiro sentido da expressão homem cordial. Quando falo cordial, não é no sentido de “cordiais saudações”, como Cassiano Ricardo o fez. A cordialidade com que caracterizei o brasileiro pode ocorrer mesmo em situações de confronto, fatos comuns em nossa história. Nesse sentido, ela tem sido incruenta. Tem havido muita discussão, recentemente, a respeito da História do Brasil, se ela é cruenta ou incruenta. Considero esse debate bizantino. É inegável, porém, que a independência, a proclamação da República e mesmo as revoluções de 1930 e 1964 se fizeram sem derramamento de sangue. Portanto, a cordialidade continua valendo para a nossa História.
    VEJA – O que o levou a tentar explicar globalmente o caráter nacional brasileiro?
    SÉRGIO BUARQUE – Hoje, eu não me aventuraria mais a tentar uma empreitada dessa espécie. Simplesmente porque os tempos são outros. Eu estava muito influenciado pelo sociólogo alemão Max Weber. Aliás, foi naquela mesma década de 30 que surgiram outras obras brasileiras cuja característica também era a de tentar a grande síntese: “Casa Grande & Senzala”, “Formação do Brasil Contemporâneo”. Há pouco tempo uma editora francesa, a Gallimard, me propôs a tradução de “Raízes do Brasil”. Pediram-me também um ensaio, que seria publicado na edição francesa, atualizando minhas ideias. Tentei, mas acabei desistindo. O livro está superado e plenamente datado. Minhas preocupações eram outras. Não tem sentido reescrever eternamente uma mesma obra.
    VEJA – Quando o senhor afirma que no Brasil nunca houve democracia, isso talvez signifique que, num certo sentido, as massas populares jamais participaram do jogo político nacional?
    SÉRGIO BUARQUE – Claro. No Brasil, sempre foi uma camada miúda e muito exígua que decidiu. O povo sempre está inteiramente fora disso. As lutas, ou mudanças, são executadas por essa elite e em benefício dela, é óbvio. A grande massa navega adormecida, num estado letárgico, mas em certos momentos, de repente, pode irromper brutalmente.
    VEJA – Em quais momentos esse despertar teria ocorrido?
    SÉRGIO BUARQUE – Até agora, todas as revoluções dentro da História do Brasil foram de elites, civis ou militares, mas sempre elites. E, quando a questão se restringe a querelas elitistas, o processo caminha como numa briga de família: aparece um primo, um tio, ou um amigo da família com bom relacionamento com ambas as partes capaz de contornar diplomaticamente o confronto direto. E é exatamente no conchavo que pode surgir a figura do homem cordial. Por isso a democracia, que nasceu aqui num mal-entendido, percorreu em nossa História um caminho inusitado. Ou seja, foi murchando aos poucos.
    VEJA – Como se deu esse esvaziamento?
    SÉRGIO BUARQUE – Pela Constituição de 1824, somente os escravos (porque dependiam do senhor), os religiosos em regime claustral, as mulheres e os menores não votavam. Ela permitia o voto dos analfabetos, dos libertos. O censo pecuniário (mínimo de renda mensal para poder votar) era de 100 mil-réis – esta quantia, só os indigentes não conseguiam obter. Era uma Constituição relativamente democrática. Em 1846, houve uma reforma, mas só para aumentar a renda mínima, devido à desvalorização da moeda, de 100 para 200 mil-réis. Havia duas espécies de participantes do processo eleitoral: os votantes, que tinham o direito de escolher os eleitores; e estes, que, por sua vez, elegiam os deputados e senadores. Os primeiros constituíam toda a massa ativa da população, mal ou bem participando realmente do jogo político. Na década de 70, em pleno Segundo Reinado, os partidos Liberal e Conservador se uniram para lutar por eleições totalmente diretas. Com a passagem dos votantes, grande maioria da população, para a condição de eleitores, entretanto, a democracia sofreu um golpe, pois a renda mínima foi muito aumentada (400 mil-réis, sujeitos a comprovação), que por sua vez era discutível. Isso alijou os antigos votantes e restringiu o número de eleitores de 1,5 milhão para pouco menos de 300 000. Tanto é que um estudo, coordenado por Santana Nery, publicado em Paris, em 1889, afirmava: “O Brasil é o país que tem menor número de votantes: apenas 1,5% da população tem esse direito”. Computando-se as habituais abstenções, não se chegava a 1 %. Somente em 1930, quando a massa popular votava, subiu-se para 5%. Então, veio o freio da revolução, que sustou o processo eleitoral por algum tempo.
    VEJA – Seria correto afirmar que no Brasil sempre se confundiram as palavras democracia e liberalismo?
    SÉRGIO BUARQUE – Evidente. O liberalismo pode perfeitamente sobreviver sem a prática da democracia, e isso é o que sempre aconteceu no Brasil. O substantivo liberal surgiu nas Cortes de Madrid, entendido como oposto ao servil, ou iliberal. Dicionarizado em 1803, no Brasil ainda significava pessoa generosa, dadivosa. Em toda a História do Brasil, porém, a palavra é freqüentemente usada como sinônimo de concessão por parte das elites dominantes. O próprio dom Pedro I, quando dissolveu a Assembléia Constituinte de 1823, afirmou que a Constituição que outorgaria era duplicadamente mais liberal do que a elaborada pelos constituintes. “Quero uma Constituição para o povo, não pelo povo”, chegou a dizer, deixando claro que apenas com sua permissão se podia praticar a liberdade. Isso pairou idealmente em todo o Segundo Reinado, embora jamais tenha existido na prática.
    VEJA – Quer dizer que a democracia sobreviveu no Brasil apenas quando era bom o humor das elites dominantes?
    SÉRGIO BUARQUE – Sim. E alguns políticos mais lúcidos perceberam isso já no século passado. Nabuco de Araújo, em 1869, dizia que nós tínhamos liberdade, ou liberalismo, mas só nas capitais. No interior, quem resolvia era o capanga, o prefeito ou o chefe de polícia. Em um discurso particularmente inflamado, chegou a afirmar que “a liberdade existe para nós, homens de gravata lavada, e não para o povo”. Na época, usava-se uma gravata de seda ou linho, com colarinho alto, com um nó triplo bastante saliente, colorindo o peito e forçando a pessoa a uma posição sempre altiva. E a cor, obrigatoriamente branca. Com o calor do Rio de Janeiro e sua situação urbanística (para chegar ao Senado, na antiga rua do Areal, era preciso passar pelo Campo de Santana, onde haviam capim, brejos e burro soltos), o consumo de gravatas diárias chegava a cinco ou seis. E naturalmente era preciso ter dinheiro para manter esse enorme estoque. Outro político contemporâneo de Nabuco de Araújo, Teófilo Otôni, cognominado o “Tribuno Liberal”, numa circular para seus eleitores mineiros, usou expressão semelhante: “O que eu quero é a democracia de classe média, a democracia de gravata lavada”.
    VEJA – Ao que parece, eles só pensavam numa democracia higienicamente asseptizada.
    SÉRGIO BUARQUE – Na verdade, a palavra democracia era mal vista pelos liberais brasileiros no começo do Império. Talvez devido a uma identificação com os ideais de Robespierre, o que, os levava a associar democracia com anarquia. Quando ganhou status, em meados do Império, a palavra já tinha perdido seu sentido original. E passou a significar liberalismo. Aliás, outro bom exemplo é o de frei Caneca, que em um de seus escritos afirmou: “É impossível viver com esta gentalha composta de mulatos e mestiços”, deixando entrever um nítido desprezo pelas classes populares.
    VEJA – E a partir da República? Continuou o processo de esvaziamento da democracia?
    SÉRGIO BUARQUE – Sim. O período republicano se iniciou entre nós com uma vitória de Rui Barbosa: o chamado censo literário, com que, finalmente, se barrou o acesso dos analfabetos ao voto. Um dos argumentos constantes do grupo vitorioso era o de que uma parte da população ainda não estava preparada para participar do jogo democrático. Era preciso esperar o progresso, que naturalmente elevaria a massa à condição de ‘alfabetizada e, portanto, apta a votar. Esta, no fundo, é uma ideia reacionária: não é preciso lutar, o progresso há de vir, independentemente de nossa vontade. Mais de oitenta anos se passaram e nem com o Mobral o problema foi resolvido. Aliás, José Bonifácio, “o Moço”, que adotou posição contrária à de Rui Barbosa (um seu ex-aluno a quem muito respeitava) usava argumentos bastante convincentes: “Por que os analfabetos não podem votar? Amanhã vão dizer que os surdos também não podem, depois os mudos, e depois ainda só votarão as pessoas formadas em universidades: depois os epilépticos, conhecidos ou desconhecidos”. Em seguida, dirigiu-se ao governo: “Eu sou a Democracia… fostes para as alturas e eu fiquei. Não vos acuso.., neste país há lugar para todos. Pois bem, deixai também lugar para mim”.
    VEJA – Como encarar a história brasileira, de 1930 em diante?
    SÉRGIO BUARQUE – Certamente como uma nova versão, modernizada, da democracia de gravata lavada. Falar em democracia, hoje, todo o mundo fala. Inclusive os países comunistas. Até durante o nazismo mais de 90% da população alemã votava. Claro que pressionada e num jogo de cartas marcadas. Mas votava. A fachada da democracia sempre está presente, inclusive nos regimes autoritários e totalitários.
    VEJA – Parecem coexistir hoje dois grandes grupos de historiadores preocupados com o Brasil. De um lado, os brasileiros, que, numa posição extremamente critica, procuram, grosso modo, reconstituir o que chamam de história da dependência. E, de outro, os chamados brazilianists, estrangeiros que têm dado preferência a certos temas da nossa História, como por exemplo, a escravidão, o Estado Novo e os governos da Revolução de 1964. Eles se completam, de alguma maneira?
    SÉRGIO BUARQUE – Primeiro, é preciso esclarecer que o interesse pelo Brasil não é novo. Na década de 40, quando o presidente Roosevelt pôs em prática o que chamou de política de boa vizinhança, houve muitas teses sobre o Brasil. Até eu fui convidado a visitar os Estados Unidos para participar de um congresso sobre estudos brasileiros, durante três meses. Em 1965, em nova ida aos EUA para dar cursos, vivi como um nababo: me hospedei no Waldorf Astoria, um carro do ano com motorista à disposição, tudo por conta do governo americano. Agora, porém, essa nova vaga parece ter raízes mais profundas e duradouras. Os historiadores Richard Morse, Thomas Skidmore (autor de “De Getúlio a Castello”), Stanley Stein e Richard Graham me parecem os melhores. A explicação para a escolha de determinados temas é relativamente fácil: a escravidão, por exemplo, é um dos temas americanos permanentes. Quando ouviram comentários de que tinha havido no Brasil o bom senhor, e escravos unidos – graças a um livro de Frank Tannembaum, “Slave and Citizen”, e a edição inglesa de “Casa Grande & Senzala”, de Gilberto Freyre -, rapidamente o assunto virou moda. Já quanto aos temas contemporâneos, de Getúlio para cá, tive uma boa resposta quando, na Universidade de Berkeley, Califórnia, fiz esta pergunta a um brazilianist. Sua resposta: “Cuba”. A posição do Brasil como país estratégico, política e militarmente, tem se reforçado cada vez mais nos últimos tempos e por isso é preciso, do ponto de vista americano, conhecê-lo muito bem.
    VEJA – Em que consistiu a contribuição dos brazilianists para a historiografia brasileira?
    SÉRGIO BUARQUE – Existe um preconceito com relação aos historiadores americanos de que são ingênuos e pouco teóricos. Isso não é muito correto mas tem um fundo de verdade. Um amigo me contou que um dia encontrou um rapaz numa biblioteca americana preparando uma tese sobre o Renascimento. Perguntou-lhe se ele já tinha lido o celebérrimo livro de Jacob Burckhardt a respeito e obteve esta resposta: “Ainda não cheguei lá. Estou nos autores cujos nomes começam por A”. Isso ilustra a capacidade de coleta de material deles, espantosa em seu rigor e meticulosidade.
    VEJA – Uma das críticas que se fazem, não somente ao historiador mas ao intelectual brasileiro em geral, é a de que ele tem a obsessão de ultrapassar rapidamente a realidade empírica e partir para a ensaística, ou interpretação teórica, sem bases sólidas.
    SÉRGIO BUARQUE – Concordo integralmente, e é por isso que eu jamais escreveria de novo “Raízes do Brasil”. Principalmente porque o livro ficou no nível do ensaio. Não sou contra a ensaística ou a interpretação, mesmo hoje. Mas a pesquisa deve ser rigorosa e exaustiva. Se não, o resultado são apenas elucubrações, às vezes brilhantes, mas desvinculadas da realidade.
    VEJA – De qualquer modo, não há jeito de escapar da ideologia?
    SÉRGIO BUARQUE – Não. E é engraçado observar como diversas vezes, na História do Brasil, pessoas mascararam suas verdadeiras posições em função do momento político. Quando Dom Pedro I abdicou, devido a inúmeras pressões, no período imediatamente seguinte – a Regência – os grupos dirigentes permaneceram unidos, porque tinham pavor da volta dele ao poder. Somente depois de 1834, quando dom Pedro morreu, é que se revelaram as verdadeiras posições. Tanto que os conservadores fundaram seu partido em 1837, opondo-se aos moderados. O próprio Gilberto Freyre, quando surgiu, era tido como altamente revolucionário apenas porque usava palavrão, falava da vida sexual e era contra os jesuítas e a maçonaria. Grande parte do clero se voltou, decididamente, contra ele e contribuiu para forjar dele uma falsa imagem revolucionária.
    VEJA – Os historiadores brasileiros têm tentado detectar as ideologias que determinam os fatos de nossa história e fazer uma revisão de tudo o que já foi dito?
    SÉRGIO BUARQUE – A revisão da História não tem que ser absolutamente um momento privilegiado. Ela tem que ser feita a todo instante. A história não é prisão ao passado. Ela é mudança, é movimento, é transformação. E por isso estamos irremediavelmente presos a ideologias que na maioria das vezes são exóticas, pois não nasceram aqui. A atual geração de historiadores considera que a ideologia representa um pensamento falso. Mas eu pergunto: será possível assumir uma ideia que seja válida? Cada um de nós tem, no fundo, uma certa ideologia, um certo conceito de tempo. Para transcender isso, somente um gênio. E não devemos ficar eternamente de braços cruzados à espera desse ser excepcional, devorador de ideologias, que assumiria o ponto de vista da eternidade.
    VEJA – Então, fazer história é reescrevê-la perpetuamente?
    SÉRGIO BUARQUE – Eu diria, junto com Benedetto Croce, que toda história é história contemporânea. Ou seja, nós sempre privilegiamos um aspecto em função de nossa realidade. Por exemplo, quando Bismarck governava todo-poderoso a Alemanha, a Escola Prussiana de História, ao estudar a Grécia antiga, privilegiou muito as qualidades de Alexandre Magno, o homem forte que dominou toda aquela região por um bom tempo. Tudo isso em função de Bismarck. Nós contamos a história a partir da vivência cotidiana de nossos problemas, de nossa realidade. Os historiadores sempre foram e serão presa fácil de seu tempo.
     
    Publicada originalmente na Revista Veja, em Janeiro de 1976,  sendo republicada em Setembro de 2003. Segue uma breve apresentação de Sérgio Buarque de Holanda e a entrevista realizada a ela por João Marcos Coelho:
  • Políticas públicas na obra de Sergio de Azevedo

    Políticas públicas na obra de Sergio de Azevedo

    Políticas públicas de Sergio de Azevedo

    As políticas públicas são medidas adotadas pelo governo para atender a demandas da sociedade e solucionar problemas públicos. Tais políticas podem ser tanto relacionados à ações como omissões.

    As políticas públicas abrangem uma ampla gama de áreas, incluindo saúde, educação, habitação, segurança, transporte e meio ambiente. Por exemplo, uma política pública de saúde pode incluir a implementação de programas de vacinação ou a criação de centros de atendimento médico em áreas carentes. Uma política pública de educação pode incluir a criação de programas de bolsas de estudo para estudantes de baixa renda ou a reforma de escolas públicas.

    Resumo realizado por Cristiano Bodart 
    ……………………………………………..

    sergio de azevedo

    Sobre o autor:Professor Titular em Política
    Doutor em Sociologia / Université Catholique de Louvain
    Pós-Doutorado em Ciência Política / Stanford University
    (… e meu professor no curso de doutorado)

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    Nesse artigo o professor Dr. Sergio de Azevedo objetivou apontar questões relativas aos diversos objetivos das políticas públicas, assim como suas diferentes características e formatos institucionais.

    Azevedo inicialmente, apresenta o conceito de política pública para posteriormente apresentar os seus tipos, os quais são:

    Políticas Públicas: Tipos

    i) redistributivas; ii) distributivas e; iii) regulatórias.

    Para ele “Política Pública é tudo que o governo faz, deixa de fazer e os impactos de suas ações e de suas omissões” (p.1). Com relação aos tipos de políticas públicas Azevedo apresenta suas principais características, especialmente seus objetivos.

    Na segunda seção Azevedo busca pontuar alguns problemas relativos à implementação das políticas públicas, as quais, afirma ele, devem ser levadas em consideração no planejamento e monitoramento das mesmas.

    Mediante aos problemas existentes em torno das políticas públicas, o autor aponta alguns caminhos em busca de sua superação. Frente a existência de problemas relacionado a inter-relação entre as diversas políticas, aponta a necessidade ampliar a cooperação e coordenação entre elas. Referente aos efeitos não esperados é necessário buscar minimizar os riscos buscando prevê o comportamento provável dos atores que serão influenciados pela política e realizando os ajustes necessários.

    Outro problema destacada por Azevedo é a visão de que não realizar determinada ação é uma atitude neutra, quando na verdade trata-se de um posicionamento que pode beneficiar uns em detrimento do prejuízo de outros. O professor Azevedo aponta ainda o problema da redundância, que trata-se de dois ou mais órgãos públicos atuam no mesmo programa (embora em alguns casos tal situação seja desejável). Um outro desafio se dá quando o recurso é escasso e é vital escolher onde e como agir, podendo ser uma escolha equivocada. Nesse caso, afirma o autor, é necessário o governo buscar adquirir legitimidade por meio da participação popular, o que pode aliviar a culpa em uma possível falha. O governo ao executar suas políticas públicas deve ter consciência que a maximização dos interesses individuais pode gerar situação de perda para todos (tragédias dos comuns).

    Azevedo apontar alguns caminhos de superação dos problemas relacionados a implementação e monitoramento das políticas públicas, mas adverte que existem diversas possibilidades de ações.
    Atenção, frente a um determinado problema não existe apenas uma solução em termos de políticas públicas. Há várias gamas de alternativas muito boas, muito ruins e razoáveis.
    Na última seção de seu artigo, Azevedo apresenta os tipos de associativismo e de participação em políticas públicas. Entre os tipos de associativismo destacou o “associativismo restrito ou societal”, o “associativismo reivindicativo” e o “associativismo social clássico (movimentos sociais).

    O associativismo restrito caracteriza-se por “não necessitar de contato com o poder público”, como, por exemplo, os Rotary Clubes. O associativismo reivindicativo caracteriza-se pelo seu caráter reivindicatório, como sugere seu nome. Já o associativismo social clássico é caracterizado pela associação em torno de valores.

    “Atenção: Um movimento de um tipo pode se transformar em um outro tipo por diversos motivos. É preciso lembrar sempre que existem motivos muito diferentes que juntam as pessoas. Assim, para pensar a participação em políticas públicas, é importante pensar esses diferentes tipos de associações” (AZEVEDO, 2003, p.7).

    Ao destacar os tipos de participação, aponta para a existência de dois grandes tipos de participações: i) a participação restrita ou instrumental e; ii) a participação ampliada ou neo-corporativista. A primeira caracteriza-se por apresentar relação com um projeto específico e possuir um foco espacial. A segunda “diz respeito à definição de diretrizes gerais para as políticas públicas setoriais, tais como a política de saúde, a política de educação, os programas municipais, o plano diretor” (p.8), etc.

    Para Azevedo “a mobilização e a participação da população é um desafio que depende de vários fatores, entre os quais a cultura cívica” (p. 8).

    REFERÊNCIA:

    AZEVEDO, Sergio de. POLÍTICAS PÚBLICAS: DISCUTINDO MODELOS E ALGUNS PROBLEMAS DE IMPLEMENTAÇÃO. Artigo publicado em 2003 em coletânea preparada pela FASE para cursos de gestores municipais direcionados para lideranças populares das metrópoles brasileiras.
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    In this article Professor Dr. Sergio de Azevedo aimed to point to various issues of public policy goals, as well as their different characteristics and institutional forms. Anderson initially introduced the concept of public policy to further present their types, which are: i) redistributive ii) distributive and iii) regulatory.
    For him “Public Policy is everything the government does, does not do and the impacts of their actions and their omissions” (p.1). With regard to the types of public policies Azevedo presents its main characteristics, especially their goals.
    In the second section Azevedo search scoring some problems concerning the implementation of public policies which, he says, should be taken into account in planning and monitoring of same.
    Through the existing problems around public policy, the author points out some ways in search of their overcoming. Faced with evidence of problems related to inter-relationship between different policies, highlights the need to expand cooperation and coordination between them. Referring to the unintended effects is necessary to seek to minimize the risk seeking behavior expected of the players likely to be influenced by politics and making the necessary adjustments.
    Another problem highlighted by Anderson’s vision is to perform a particular action is not a neutral attitude, when in fact it is a position that may benefit some at the expense of injury to others. Professor Anderson also points out the problem of redundancy, that it is two or more public agencies operating in the same program (although in some cases this would be desirable). Another challenge is when the resource is scarce and is vital to choose where and how to act and may be a wrong choice. In this case, the author says, you need the government to seek to acquire legitimacy through popular participation, which can alleviate the blame on a possible failure. The government to implement public policies should be aware that the maximization of individual interests may generate a loss situation for everyone (tragedy of the commons).
    Azevedo point out some ways of overcoming problems related to implementation and monitoring of public policies, but warns that there are various possibilities for actions.
    Attention, compared to a given problem there is only one solution in terms of public policy. There are various ranges of alternatives very good, bad and very reasonable.
    In the last section of his article, Anderson presents the types of partnerships and participation in public policy. Among the types of associations highlighted the “limited or societal associations,” the “association that claims” and the “classic social associations (social movements).
    The association is characterized by restricted “does not require contact with the public,” such as the Rotary Clubs. The association that claims it is characterized by its character of claims, as its name suggests. Already the classic social associations is characterized by the association around values.
    “Warning: A movement of one type can transform into another type for several reasons. Always remember that there are different reasons that people join. So to think of participation in public policies, it is important to consider these different types of associations” (Azevedo, 2003, p.7).
    By highlighting the types of participation points to the existence of two types of shares: i) limited participation or instrumental and ii) the expanded participation or neo-corporatist. The first is characterized by having relationship with a specific project and have a spatial focus. The second “concerns the definition of general guidelines for the sectoral public policies, such as health policy, education policy, municipal programs, the Master Plan” (p.8), etc..
    Azevedo for “the mobilization and participation of the population is a challenge that depends on several factors, including the civic culture” (p. 8).
    REFERENCE:
    AZEVEDO, Sergio de. PUBLIC POLICY: DISCUTINDO MODELS AND SOME PROBLEMS OF IMPLEMENTATION. Paper published in 2003 in compilation prepared by PHASE courses for municipal managers targeted for popular leaders of Brazilian metropolises.
  • Dica de música para aula: Cidadão de papelão

    O Teatro Mágico
    Composição: Fernando Anitelli/Maíra Viana

    O cara que catava papelão pediu
    Um pingado quente, em maus lençóis, nem voz
    Nem terno, nem tampouco ternura
    À margem de toda rua, sem identificação, sei não
    Um homem de pedra, de pó, de pé no chão
    De pé na cova, sem vocação, sem convicção
    À margem de toda candura
    À margem de toda candura
    À margem de toda candura
    Um cara, um papo, um sopapo, um papelão
    Cria a dor, cria e atura
    Cria a dor, cria e atura
    Cria a dor, cria e atura
    O cara que catava papelão pediu
    Um pingado quente, em maus lençóis, à sós
    Nem farda, nem tampouco fartura
    Sem papel, sem assinatura
    Se reciclando vai, se vai
    À margem de toda candura
    À margem de toda candura
    Homem de pedra, de pó, de pé no chão

    Não habita, se habitua
    Não habita, se habitua

  • Para refletir…

    Para refletir…

    betinho

    “Não cabe às ONGs brasileiras acabar com ou pretender substituir o Estado, mas colaborar para a sua democratização. Não cabe às ONGs produzir para o conjunto da sociedade os bens e serviços que o mercado não é capaz de produzir, mas propor uma nova forma de produzir e distribuir que supere os limites da lógica do capital”. [ Betinho ]
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    Comentário:
    Acredito que Betinho ao pronunciar a presente frase compreendia que o mercado estava induzindo o fortalecimento das ONGs a fim de enfraquecer o Estado. É a ideia do Estado Mínimo.
    Para este sociólogo as ONGs não deveriam assumir o papel paternalista, mas colaborar juntamente com o Estado na busca de soluções ótimas.
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    Sugestão para aula:
    Utilizando-se desse pensamento proponha aos alunos um debate em torno da temática: o papel das ONGs e do Estado na contemporâneidade.
  • CONTRIBUIÇÕES CRÍTICAS DE FÁBIO WANDERLEY REIS À TEORIA DA AÇÃO COLETIVA DE MANCUR OLSON

    Por Cristiano Bodart

    Wanderley apresenta algumas considerações importantes para a compreensão da ação coletiva. Ao analisar a obra intitulada “A Lógica da Ação Coletiva” de Mancur Olson busca realizar algumas observações importantes referente as ideias deste autor. Wanderley parte de dois conceitos chaves para a questão da Public Choice: Egoísmo e altruísmo. Para este autor, trata-se de dois conceitos que se confundem dependendo do ângulo de análise da ação, ou seja, o que seria egoísmo ou altruísmo? Um movimento em prol da melhoria da cidade seria altruísmo uma vez que o benefício é coletivo? Não seria, nesse mesmo caso, egoísmo, uma vez que o indivíduo estaria pensando em seu bem estar?

    Olson aponta o individualismo como chave para a compreensão da ação social. Para ele o bem comum não seria suficiente para induzir a ação do indivíduo (seria necessário “incentivos seletivos”). Nesse sentido, Wanderley aponta que é de fundamental importância considerar outros fatores propulsores da ação coletiva (Olson apenas cedeu um pequeno espaço para eles em nota de rodapé), como a solidariedade. Wanderley aponta que não se deve negar a relevância analítica dos aspectos de qualquer natureza que possam ser vistos como produtores de solidariedade.

    Para Wanderley, Olson recusa a enxergar que os grupos sociais podem ser formados efetivamente com objetivos partilhados e aptidão a mobilizar-se pela causa coletiva do grupo. Isso é possível identificar em grupos formados por ideologias de grupo ou por afetos reais. Assim como seria enganoso falar em ação solidária desprezando a existência de ação interessada, igualmente não se pode falar, como fez Olson, em ação interessada desprezando a possibilidade de existência da ação solidária. Nesse caso o jogo de escala de análise acarreta possibilidades de análise com foco na solidariedade ou no interesse individualista.

    Nas palavras de Wanderley, “Olson contribui para esclarecer certos aspectos importantes desse problema em determinado tipo de situação, e não há dúvida de que sua análise se ajusta empiricamente a casos de falhas na obtenção de interesses comuns”.

    Comentários a partir de:
    WANDERLEY, Fábio Reis. Política e racionalidade: problemas de teoria e método de uma sociologia crítica da política. 2ª ed. ver. atual. Belo Horizonte. Ed. UFMG, 2000.
    OLSON, Mancur. A Lógica da Ação Coletiva. Trad. Fabio Fernandez. São Paulo. Edusp, 1999. pp. 13-64.