Bom carnaval multicultural!
Fonte: https://www.estadao.com.br/
Estes textos oferecem uma visão diferenciada e interessante sobre vários acontecimentos cuja análise pode ser feita por meio da sociologia.
A reflexão é um importante instrumento intelectual para fazer com que o indivíduo consiga perceber a relação entre as estruturas sociais e as biografias individuais.
Na Sociologia sempre esteve presente a discussão entre indivíduo e sociedade (agencia vs. estrutura), chegando ao ponto de estudiosos mais radicais, principalmente nas primeiras décadas do século XX, ignorar os estudos que tinham seu foco no
indivíduo. Simmel, por exemplo, foi um sociólogo renegado por anos por esse motivo. Bauman e May nos ajudam a entender em quais condições o indivíduo é objeto da Sociologia. Para esses autores “atores individuais tornam-se objeto das observações de estudos sociológicos à medida que são considerados participantes de uma rede de interdependência .
Desse modo os textos para reflexão ensejam uma análise de como nós nos relacionamos com nossa estrutura e proporcionam um contraponto discurso do discurso dominante.
Bom carnaval multicultural!
Fonte: https://www.estadao.com.br/
A jornalista Rachel Sheherazade, do Tambaú Notícias, tece comentário polêmico acerca das festividades de Carnaval.
“O antiintelectualismo que aparece, com certa frequência, nas cartas de leitores [dos grandes jornais] e em outras manifestações, contém, a meu ver, certo ressentimento e dois erros sérios, fundados na nossa tradição individualista-hierárquica.
O primeiro, decorrente de uma profunda ignorância a respeito de direitos civis, que se completa com uma situação inusitada, aquela em que a pessoa acha que a violência policial só chegará aos “outros” (bandidos, traficantes, assassinos), jamais a si mesma; daí a noção absolutamente equivocada de “direitos humanos dos bandidos”.
O erro está em acreditar que os direitos que se erguem para defender suspeitos de crimes e criminosos da arbitrariedade praticada por agentes do Estado não são universais, isto é, não servirão para defender também o inocente da presunção de ser criminoso, inclusive a própria pessoa, que deve se achar completamente isenta desse risco.
O segundo erro é o de acreditar que a violência – ilegítima e ilegal – é necessária para conter os bandidos; nesse caso, a pessoa se esquece que o que define os bandidos é exatamente a prática de violências ilegítimas e ilegais e que de boas intenções, como essas, o inferno está cheio.
Só a lei e o seu cumprimento pelos agentes do Estado pode separar alhos de bugalhos e controlar a criminalidade em limites razoáveis. Sem isso, estaremos no pior dos mundos – como muitos acham que efetivamente estamos.”
Deixe nos comentários sua opinião referente a essa questão abordada por Misse.
Conheça também um projeto desenvolvido em uma cidade de Minas Gerais que busca ressocializar os detentos. Aqui.
Abaixo um texto de Marisa Choguill, o qual recebi por email de um amigo. Como achei o texto muito pertinente, resolvi disponibilizá-lo aqui, e por fim fiz alguns comentários pessoais as já ricas colocações da ilustre Dr Choguill. Convido-o a ler o texto e fazer suas ponderações no espaço para comentários.
A TRAGÉDIA NO RIO E A REFORMA DA TERRA
Marisa Choguill*
Tratar seriamente da tragédia dos deslizamentos de terra no Rio implica em tratar da necessidade de reforma da terra no Brasil como solução para o problema dos assentamentos urbanos em zonas de alto risco. Esta não foi a primeira vez que tal tragédia aconteceu, e não será a última se medidas urgentes e efetivas não forem tomadas.
Aqueles que habitam zonas de risco por falta de outra opção pela qual possam pagar são sempre vítimas de desastres, como aconteceu nos recentes desabamentos de terra no Rio. Os ocupantes dessas zonas sabem do perigo que correm, mas não têm outra escolha. Somente uma política redistributiva da renda, incluindo a reforma da terra, poderia mudar essa situação.
O Rio é famoso por suas enchentes e deslizamentos de terra (1). Sua topografia irregular está associada a zonas de risco, isto é, zonas inadequadas para habitação por se situarem em áreas sujeitas a deslizamentos de terra, enchentes e outros desastres naturais. Assentamentos em zonas inadequadas ocorrem também nas áreas rurais, ladeando rios e mangues, ou em escarpas. Um sistema de prevenção de desastres em zonas de risco, como o proposto pelo governo federal, seria uma medida meramente paliativa. Poderia salvar vidas, mas as moradias dos habitantes mais pobres continuariam a ser destruídas.
Se, como informa o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, existem “500 áreas de risco no país, com cerca de 5 milhões de pessoas morando nessas áreas, e outras 300 regiões sujeitas a inundações”(2), a escala do problema é enorme e exige uma solução radical, efetiva, não apenas uma medida paliativa.
Contudo, uma solução efetiva, neste caso, é necessariamente complexa; há muito a considerar se olharmos para outros aspectos do problema, como a estrutura da produção e da distribuição da renda no país, que resultam na expansão das metrópoles e no esvaziamento do campo.
Em outras palavras, não se trata apenas de fazer reforma urbana; é preciso considerar também a baixa renda da grande maioria dos atingidos por essa tragédia – razão principal pela qual ocupam (ou ocupavam) zonas de risco. A reforma urbana em si talvez pudesse ajudar a realocá-los, mas, não podendo atender a todas as necessidades de locação, não lhes garantiria emprego ou renda adequada.
E quanto à expansão das metrópoles, a ideia da descentralização urbana, vista como uma saída para se acalmar o crescimento desenfreado das grandes metrópoles e estimular a ocupação das cidades menores, não passa de utopia enquanto a terra não for redistribuída e os objetivos da produção nacional não forem repensados.
O que se precisa, de fato, é de uma política nacional de desenvolvimento abrangente, que seja a base de suporte de um planejamento integral com foco não apenas no output econômico das empresas, mas também na distribuição da renda, na distribuição da terra – urbana e rural – de forma adequada para que, gerando oportunidades, atenda aos interesses de todos, e não apenas aos de uma minoria.
Isso porque as cidades não são apenas locais de moradia e centros de atividades sociais e culturais. As cidades são essencialmente centros econômicos, postos de troca para a produção local e para as regiões produtivas que as cercam. São as atividades produtivas das cidades e do campo que viabilizam a adequada ordenação do território.
Sem reforma agrária, e sem um redirecionamento da produção nacional para o atendimento das necessidades básicas do povo, não haverá produção local suficiente para estimular as trocas econômicas nas vilas e cidades menores, e as estradas continuarão a ser meros corredores de transporte para as exportações e para os emigrantes rurais e urbanos em direção aos grandes centros.
No Brasil e na América Latina, desde o início da colonização européia, a ‘fazenda’ é o modelo social vigente e o ‘fazendeiro’ ainda é venerado como um ‘deus todo-poderoso’. Obviamente, as elites rurais, ‘proprietárias’ da terra, não querem mudanças.
Mas a terra deve ser um bem-social, deve ser distribuída de acordo com as necessidades da sociedade, como acontece na grande maioria dos países hoje desenvolvidos e que, há séculos, realizaram sucessivas reformas agrárias distributivas. Por exemplo: França e Suécia realizaram reformas agrárias no século XVIII; Finlândia nos séculos XVIII, XIX e XX; EUA, Dinamarca, Canadá e Grécia no século XIX; Irlanda e Japão nos séculos XIX e XX; China no século XX.
Em uma sociedade democrática como é a nossa hoje, tal questão precisa e deve ser examinada com atenção. Talvez possamos pensar a ideologia da ‘propriedade rural’, do ‘fazendeiro’, em termos de uma estratégia de realocação, estimulando a descentralização urbana.
A tragédia no Rio está a despertar um debate fundamental que precisa ser ampliado. Essa ampliação do debate somente ocorrerá à medida que nossa democracia se torne mais participativa, ampliando-se, e à medida que temas fundamentais passem a ser submetidos à população para sua análise e posicionamento, o que talvez somente seja possível através da democratização da comunicação no país, mas este é assunto para outro artigo…
É preciso alargar o horizonte das demandas – não se trata de requerermos reforma urbana, apenas, mas reforma agrária também; ou seja, ampla reforma da terra. Há mérito em nos lembrarmos da necessidade e urgência da reforma urbana, entretanto, ao fazê-lo, apenas nos acercamos timidamente da ainda mais abrangente e explosiva questão, realmente crucial e que precisa ser abordada simultaneamente: a questão da reforma agrária.
Breve comentário sobre o tema:
A autora trata de questões pertinentes e fundamentais, mas passa por cima (de forma muito superficial) de uma questão fundamental: a ordenação territorial da produção industrial.
É necessário o governo criar incentivos e/ou coerções, afim de, descentralizar a produção industrial e consequentemente a população.
Milton Santos, saudoso geográfo brasileiro, já denunciava que a liberdade alocativa das grandes indústrias poderia gerar problemas graves sobre a alocação populacional, especialmente de pessoas de baixo status social, como o concentração de pobres em áres impróprias para a moradia.
Poderiamos citar David Havey, sociólogo amaricano que trabalhou, em um de seus livros, com as consequências da liberdade alocativa das indústrias no território americano. Assim como aqui, o capitalismo cria um espaço muito típico: área central voltada para a indústria e o comércio e a periferia para as residências, e quanto mais pobre o indivíduo mais distante terá que residir (pelo menos legalmente). Como os custos com locomoção são grandes, preferem achar uma encosta (ou área sem valor comercial) qualquer para morar, desde que esse seja o mais perto possível do trabalho.
Em se tratando em Reforma Agrária, é igualmente necessário descentralizar a produção industrial, uma vez que quem produz necessita escoar a produção. Não adianta ofertar terras distantes dos possíveis compradores em potencial. Vivemos em uma sociedade consumista, o indivíduo não deseja apenas a subsistência… a horta do fundo do quintal… Pensar em subsitência é pensar no século passado. O produtor ruaral quer produzir e vender para desfrutar de confortos e praticidades. As cooperativas tem buscado o mesmo objetivo: produzir para vender, para consumir.
Volto a bater na mesma tecla: é necessário o governo criar incentivos e/ou coerções, afim de, descentralizar a produção industrial e consequentemente a população.
Segue abaixo uma dica para trabalhar os artigos dos Direitos Humanos de Forma descontraída – por meio da leitura de cordel.
A Declaração Universal dos Direits Humanos (em Português) pode ser acessado em tp://dh.educacaoadistancia.org.br/arquivos/textos/PDFonline_Preambulo.pdf
ou se preferir pode baixar o original em:
Segue abaixo o cordel:
Introdução
O pensamento humanitário
Produziu transformação,
Para o direito fundamental,
Do homem ou cidadão.
Americanos e franceses,
Formalizam Declaração.
Revoluções do século dezoito
Vêm suscitar e favorecer,
Os ideais filosóficos,
De Rosseau e Montesquieu,
Os quais contribuíram,
Pró movimento crescer.
A Declaração da França
Foi universalizante,
A iniciativa popular
Foi sua representante.
Hoje serve de modelo,
Um documento marcante.
A concepção francesa
Era da individualidade,
Mas num estilo lapidar
Enfatiza a liberdade,
A igualdade e o legal
E ainda a propriedade.
A Burguesia liberal
Ajudou na revolução,
Pois o absolutismo,
Tinha a dominação,
Mais adiante porém,
Promoveu a opressão.
O progresso industrial
Acentua desigualdade,
O trabalhador explorado,
Ficou sem propriedade
E sem salário condigno,
Aumentou a gravidade.
Nesse quadro avassalador
Surge Marx o cientista
Criticando a igualdade
Feita por capitalista,
Discutiu essas ideias,
No Manifesto Comunista.
A concentração de riquezas
Na mão duma minoria,
É o que provoca a miséria
De toda uma maioria.
Pra dividir esse bolo,
Só com muita rebeldia.
Assim continua o homem
Em busca da perfeição,
Pouco se preocupando
Com a humanização,
Apesar das deficiências
Temos a Declaração.
No ano de quarenta e oito
Dia dez, mês do natal
A Assembléia da ONU,
De modo universal,
Aprova os direitos do homem,
Pra cumprimento integral.
1
Pelo artigo primeiro
Somos iguais em dignidade,
Direitos e nascemos livres,
Pra agir com fraternidade.
Fico triste em lhes falar,
Que não é a realidade.
2
O segundo manda gozar
Do direito e da liberdade,
Sem utilizar distinção
De raça , cor , religiosidade,
Opinião política, riqueza…
Será que isso é verdade?
3
As palavras do terceiro
Nos diz o essencial,
Todos têm direito a vida,
A segurança pessoal
E ainda a liberdade,
Bonito! mais irreal.
4
O quarto é enfático,
Proíbe a escravidão,
Só que os juros pagos,
Pra manter globalização,
Está nos deixando servos,
Eternizando a prisão.
5
Quinto vem ser o artigo
Que não deixa torturar,
Condena-se a Polícia
Sem antes observar,
Que a maior violência,
É não poder se educar.
6
O sexto nos informar
Que o homem tem o direito,
Perante a lei do mundo,
Ser tratado com respeito,
Mas Países descumprem
A regra deste preceito.
7
No sétimo somos iguais
Não havendo distinção
Diante a lei e o direito,
Desses temos proteção,
O forte ainda consegue
Manter discriminação.
8
O oitavo nos ensina
A procurar os Tribunais,
Contra os atos que violem
Os direitos fundamentais,
Mas a suntuosa justiça,
Pouco tem sido eficaz.
9
Ninguém, pelo artigo nono
Será preso ilegalmente,
Detido ou exilado,
Se arbitrariamente,
O descumprimento é flagrante,
Analise historicamente!
10
O artigo dez não inventa
Diz o fundamental,
Igualmente temos direito
A uma justiça imparcial,
Tem País que ainda julga,
Tem uma defesa legal.
11
Pelo onze não se acusa
Sem devido processo legal,
Tudo deve está previsto
Na lei de cada local.
Mas inocentes são vítimas,
De bombardeio fatal.
12
Na regra do artigo doze
Não haverá interferência
Na vida privada, no lar
Ou numa correspondência,
Essas normas são violadas
Até com muita insistência.
13
Fala o treze da liberdade
De locomover e morar,
Dentro de um território,
Podendo sair e retornar,
Mas existem ditaduras
Que persistem em violar.
14
O quatorze dá direito
A vítima de perseguição,
Que pode procurar asilo,
Em seja qual for a nação,
Muitos Países descumprem
E não dão essa proteção.
15
Pelo quinze fazemos jus
A uma nacionalidade,
Não podemos ser privados
Dessa legal faculdade,
Podendo até mudá-la,
Se houver necessidade.
16
O dezesseis nos ensina
Que maiores de idade,
Podem contrair matrimônio,
Por espontânea vontade,
O duro é manter a família,
Agregando-a a realidade.
17
O dezessete vem tratar
Do direito à Propriedade,
A qual não se deve violar
Pela arbitrariedade,
Poucos são donos de tudo,
Muitos na precariedade.
18
Pelo dezoito somos livres
Pra refletir e pensar,
De cultuar religião
Quando nela acreditar,
Cristãos, judeus e outros,
Teimam em se digladiar.
19
O dezenove complementa
A ideia do anterior,
Expressaremos opiniões
Seja em que lugar for,
Se não houver embaraços
Com prepotente ditador.
20
O artigo vinte agrega
Liberando reunião,
Podemos pacificamente,
Criar associação,
Mas os ricos liberais,
Preferem desunião.
21
O vinte e um nos indica
Que podemos governar,
Escolhendo representantes,
Ou se um pleito conquistar,
Mas voto é mercadoria
E só ganha marajá.
22
Pretende o vinte e dois
Dá segurança social,
A que fazemos jus,
Pelo esforço nacional,
Mas educação e saúde,
Estão num plano orbital.
23
Pelo artigo vinte e três
O homem deve trabalhar
Ter remuneração decente,
E sindicato organizar,
Os projetos globalizantes,
Querem com isso acabar.
24
É no vinte e quatro
Que podemos repousar,
Ter lazer, férias com grana,
E na Europa passear,
Um sonho do operário,
Que mal pode se alimentar.
25
É direito no vinte e cinco,
Ter padrão de vida real,
Alimentar-se, morar bem,
Ter um bem-estar social,
O difícil é ter acesso,
Ao que é fundamental.
26
Agora pelo vinte e seis,
Tenho que ter instrução
Pra compreender a miséria
E debater a questão,
O poder sabendo disso,
Destrói a educação.
27
O artigo vinte e sete
Vem nos dá a proteção,
Sobre o que se produz
Pra cultura da nação,
O nosso direito autoral,
Não esboça reação.
28
O vinte e oito se apega
Na ordem sócio-global,
Pra que o estabelecido,
Realize-se no total,
O preceito é coerente,
Mas não cumprem no final.
29
Prevê o vinte e nove
A nossa obrigação,
De respeitarmos as leis
E também o nosso irmão,
No entanto há violência,
Por faltar compreensão.
30
Chego no artigo trinta
Vejo nele a previsão,
Que nenhum dispositivo
Da presente declaração,
Seja porém destruídos
Por revoltosa nação.
Analisei as premissas
Dos direitos fundamentais,
Mostrei a Declaração,
Nos seus aspectos formais,
Dissequei todos artigos,
Fazendo críticas leais.
O homem sempre lutou
Pra reaver seu direito
A história mostra isso
De modo muito perfeito,
Mas apesar do progresso,
Persistimos no defeito
Fiz um breve retrospecto
Do que é primordial,
Para que o homem viva
Na sociedade ideal,
Espero que no futuro
Não existe desigual.
Tenho medicação certa
Pra que todos vivam bem
Acabe com a ganância,
Divida o que você tem,
Pois na vida espiritual,
Não precisará de vintém.
Dedico esse trabalho
A quem nele acreditar,
A Deus referencio
Por ele me ajudar.
A Terra será um éden,
Quando povo se agregar.
Dados do autor:
Salete Maria da SilvaEstudante do 7º período do Curso de Direito(noturno) na UFRN.
Natal/RN, 20 de novembro de 1998.
Editado pelo Projeto Mandacaru de Literatura de Cordel.
Fonte: https://www.dhnet.org.br/direitos/deconu/textos/cordel.htm
https://www.onu-brasil.org.br/documentos_direitoshumanos.php
Isto é GLOBALIZAÇÃO!!!”
Fonte: autor desconhecido