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Texto para reflexão

Estes textos oferecem uma visão diferenciada e interessante sobre vários acontecimentos cuja análise pode ser feita por meio da sociologia.

A reflexão é um importante instrumento intelectual para fazer com que o indivíduo consiga perceber a relação entre as estruturas sociais e as biografias individuais.

Na Sociologia sempre esteve presente a discussão entre indivíduo e sociedade (agencia vs. estrutura), chegando ao ponto de estudiosos mais radicais, principalmente nas primeiras décadas do século XX, ignorar os estudos que tinham seu foco no
indivíduo. Simmel, por exemplo, foi um sociólogo renegado por anos por esse motivo.  Bauman e May nos ajudam a entender em quais condições o indivíduo é objeto da Sociologia. Para esses autores “atores individuais tornam-se objeto das observações de estudos sociológicos à medida que são considerados participantes de uma rede de interdependência .

Desse modo os textos para reflexão ensejam uma análise de como nós nos relacionamos com nossa estrutura e proporcionam um contraponto discurso do discurso dominante.

  • Carnaval politicamente correto

    Por Nelson Motta – O Estado de S.Paulo
    Como seu próprio nome antecipava, o bloco carnavalesco “Que merda é essa?”, usando camisetas com Monteiro Lobato abraçado a uma mulata, enfrentou protestos irados de militantes que denunciaram o escritor por racismo contra Tia Nastácia e recomendaram ao Ministério da Educação o seu banimento das escolas públicas.
    Com o avanço do politicamente correto, “Índio quer apito” será um dos próximos alvos, pela forma pejorativa de se referir aos nossos silvícolas, os verdadeiros donos da terra brasileira, enganados e explorados pelos brancos.
    Por seu desrespeito à diversidade sexual e sua homofobia latente, Cabeleira do Zezé não deverá mais ser cantada nas ruas e em bailes, por estimular preconceitos contra homossexuais. Nem Maria Sapatão, a correspondente feminina da violência homofóbica contra o Zezé (“Corta o cabelo dele!” ). Além da ofensa ao profeta Maomé, ao compará-lo a um gay cabeludo. Por muito menos Salman Rushdie teve de passar anos escondido da fúria islâmica.
    Precursor do politicamente correto, o fundamentalismo islâmico exigirá a proibição de Alá-Lá-Ô por usar com desrespeito o Nome Supremo em festas devassas e ofender o Islã. Um aiatolá dos Emirados Sáderes pode até emitir uma fatwa condenando os autores da blasfêmia à morte.
    Pelo uso do termo pejorativo e racista “crioulo” não escaparão da condenação nem os ilustres afro-brasileiros Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Nelson Sargento, Anescarzinho e Jair do Cavaquinho, criadores do clássico Quatro Crioulos, em 1965. Além da palavra maldita, a música diz que eles ocupam boquinhas públicas, em plena ditadura:
    “São quatro crioulos inteligentes / rapazes muito decentes / fazendo inveja a muita gente / muito bem empregados numa secretaria ?”
    O Samba do Crioulo Doido, de Sérgio Porto, é pior: por sugerir que a burrice e a ignorância seriam exclusivas dos negros e associá-las ao mundo do samba. Puro preconceito: a estupidez não escolhe cor e também abunda no rock, na política e no esporte. E cada vez mais nos meios acadêmicos racialistas e politicamente corretos.

    Bom carnaval multicultural!

    Fonte: https://www.estadao.com.br/

  • Combate à violência

    O leitor Sociólogo Jorge Willian em um de seus comentário neste blog nos fez lembrar do professor/sociólogo Michel Misse. Recorri a net para separar alguma coisa para eu ler posteriormente e me deparei com esse texto polêmico e interessante do referido professor.

     

    Michel Misse, sociológo, professor do Departamento de Sociologia da UFRJ e coordenador do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana da UFRJ – Rio de Janeiro).

    “O antiintelectualismo que aparece, com certa frequência, nas cartas de leitores [dos grandes jornais] e em outras manifestações, contém, a meu ver, certo ressentimento e dois erros sérios, fundados na nossa tradição individualista-hierárquica.

    O primeiro, decorrente de uma profunda ignorância a respeito de direitos civis, que se completa com uma situação inusitada, aquela em que a pessoa acha que a violência policial só chegará aos “outros” (bandidos, traficantes, assassinos), jamais a si mesma; daí a noção absolutamente equivocada de “direitos humanos dos bandidos”.

    O erro está em acreditar que os direitos que se erguem para defender suspeitos de crimes e criminosos da arbitrariedade praticada por agentes do Estado não são universais, isto é, não servirão para defender também o inocente da presunção de ser criminoso, inclusive a própria pessoa, que deve se achar completamente isenta desse risco.

    O segundo erro é o de acreditar que a violência – ilegítima e ilegal – é necessária para conter os bandidos; nesse caso, a pessoa se esquece que o que define os bandidos é exatamente a prática de violências ilegítimas e ilegais e que de boas intenções, como essas, o inferno está cheio.

    Só a lei e o seu cumprimento pelos agentes do Estado pode separar alhos de bugalhos e controlar a criminalidade em limites razoáveis. Sem isso, estaremos no pior dos mundos – como muitos acham que efetivamente estamos.”

    Deixe nos comentários sua opinião referente a essa questão abordada por Misse.

    Conheça também um projeto desenvolvido em uma cidade de Minas Gerais que busca ressocializar os detentos. Aqui.

  • Ser universitário negro

    Ser universitário negro

    img
     O relato abaixo ocorreu na Universidade Estadual de Londrina, em julho de 2010. Não se refere ao passado de nosso país, mas a um exemplo – infelismente – cotidiando. O irônico é o nome do livro que estava sendo entregue “O genocídio do negro brasileiro”. Trata-de de um relato denúncia realizada pelo Blog Coletivo pró-cotas. (coletivoprocotasuel.blogspot.com)
    No dia 27 de julho de 2010, no campus da Universidade Estadual de Londrina, André Luis Barbosa dos Santos, negro, após entregar o livro O Genocídio do Negro Brasileiro, na biblioteca setorial do CLCH emprestado por Mariana Ap. dos Santos Panta, profissional do Projeto LEAFRO – Laboratório de Estudos e Cultura Afrobrasileiros, da mesma Universidade, percebeu uma movimentação por parte dos seguranças e ouviu pelo rádio dos mesmos “O suspeito acaba de sair da biblioteca”. Sendo abordado por 12 seguranças que estavam de motocicleta, carro e a pé. Um dos seguranças de nome Mauro questionou André acerca do que ele estaria fazendo na Universidade, nesse momento surgiu um aglomerado de pessoas incluindo um funcionário da UEL que tentou intervir naquela situação e ouviu do mesmo segurança para calar a boca e voltar ao trabalho. André começou argumentar que ele poderia, sim, estar dentro da universidade, disse aos seguranças “Eu não posso ser um negro dentro da universidade? Eu só vim entregar um livro; eu poderia ser um estudante, mas por que fui confundido com um bandido? Por que sou negro?”. Os seguranças afirmaram que havia acontecido o roubo de um celular dentro do campus e que André se encaixava no perfil do assaltante, essa afirmação se deu em um tom de acusação, fazendo a situação vexatória, humilhante e constrangedora. Os seguranças se confundiram ao tentar enquadrá-lo no perfil, dizendo que a bicicleta do assaltante era amarela como a de André, mesmo a bicicleta de André sendo vermelha. Quando André tentou ligar para a polícia, um dos seguranças retirou seu crachá do bolso, colocando-o no rosto de André, no sentido de intimidá-lo, dizendo “se quiser fazer alguma coisa, ta aqui meu nome, corra atrás de seus direitos. Eu estava fazendo meu trabalho.” Mesmo muito nervoso e até mesmo chorando, André continuou a argumentação, então, os seguranças perceberam a dimensão do ocorrido e dispersaram sem pronunciar nenhuma palavra mais. André foi chamado para conversar dentro da biblioteca, recebeu apoio de alguns funcionários que concordaram que aquela situação havia sido grave e se dispuseram a testemunhar. Outra funcionária da biblioteca, mesmo mostrando ter compreendido a situação, pediu a André que este não tornasse público o ocorrido e para que o caso fosse abafado.
    Indignado, André se dirigiu à delegacia para registrar o fato. No caminho, recebeu uma ligação da Reitora da Universidade, Nadina, pedindo desculpas pela situação e pedindo para que eles se encontrassem em seu gabinete, no mesmo dia, para uma conversa. Essa conversa se deu no sentido de um pedido de desculpas por parte da Instituição e a Reitora mostrou-se compromissada com o caso.
    Por meio deste relato gostaríamos de tornar público o ocorrido, para que a comunidade interna e externa possa estar ciente de que problemas de racismo ainda existem na nossa Universidade; gostaríamos também de propor que, a partir desse fato, as pessoas façam a seguinte reflexão: até que ponto essa universidade está preparada para receber os negros?!
  • A TRAGÉDIA NO RIO E A REFORMA DA TERRA

    A TRAGÉDIA NO RIO E A REFORMA DA TERRA

    imagens impressionantes da catastrofe no rio L DH0DcQ

    Abaixo um texto de Marisa Choguill, o qual recebi por email de um amigo. Como achei o texto muito pertinente, resolvi disponibilizá-lo aqui, e por fim fiz alguns comentários pessoais as já ricas colocações da ilustre Dr Choguill. Convido-o a ler o texto e fazer suas ponderações no espaço para comentários.
    A TRAGÉDIA NO RIO E A REFORMA DA TERRA
    Marisa Choguill*

    Tratar seriamente da tragédia dos deslizamentos de terra no Rio implica em tratar da necessidade de reforma da terra no Brasil como solução para o problema dos assentamentos urbanos em zonas de alto risco. Esta não foi a primeira vez que tal tragédia aconteceu, e não será a última se medidas urgentes e efetivas não forem tomadas.

    Aqueles que habitam zonas de risco por falta de outra opção pela qual possam pagar são sempre vítimas de desastres, como aconteceu nos recentes desabamentos de terra no Rio. Os ocupantes dessas zonas sabem do perigo que correm, mas não têm outra escolha. Somente uma política redistributiva da renda, incluindo a reforma da terra, poderia mudar essa situação.

    O Rio é famoso por suas enchentes e deslizamentos de terra (1). Sua topografia irregular está associada a zonas de risco, isto é, zonas inadequadas para habitação por se situarem em áreas sujeitas a deslizamentos de terra, enchentes e outros desastres naturais. Assentamentos em zonas inadequadas ocorrem também nas áreas rurais, ladeando rios e mangues, ou em escarpas. Um sistema de prevenção de desastres em zonas de risco, como o proposto pelo governo federal, seria uma medida meramente paliativa. Poderia salvar vidas, mas as moradias dos habitantes mais pobres continuariam a ser destruídas.

    Se, como informa o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, existem “500 áreas de risco no país, com cerca de 5 milhões de pessoas morando nessas áreas, e outras 300 regiões sujeitas a inundações”(2), a escala do problema é enorme e exige uma solução radical, efetiva, não apenas uma medida paliativa.

    Contudo, uma solução efetiva, neste caso, é necessariamente complexa; há muito a considerar se olharmos para outros aspectos do problema, como a estrutura da produção e da distribuição da renda no país, que resultam na expansão das metrópoles e no esvaziamento do campo.

    Em outras palavras, não se trata apenas de fazer reforma urbana; é preciso considerar também a baixa renda da grande maioria dos atingidos por essa tragédia – razão principal pela qual ocupam (ou ocupavam) zonas de risco. A reforma urbana em si talvez pudesse ajudar a realocá-los, mas, não podendo atender a todas as necessidades de locação, não lhes garantiria emprego ou renda adequada.

    E quanto à expansão das metrópoles, a ideia da descentralização urbana, vista como uma saída para se acalmar o crescimento desenfreado das grandes metrópoles e estimular a ocupação das cidades menores, não passa de utopia enquanto a terra não for redistribuída e os objetivos da produção nacional não forem repensados.

    O que se precisa, de fato, é de uma política nacional de desenvolvimento abrangente, que seja a base de suporte de um planejamento integral com foco não apenas no output econômico das empresas, mas também na distribuição da renda, na distribuição da terra – urbana e rural – de forma adequada para que, gerando oportunidades, atenda aos interesses de todos, e não apenas aos de uma minoria.

    Isso porque as cidades não são apenas locais de moradia e centros de atividades sociais e culturais. As cidades são essencialmente centros econômicos, postos de troca para a produção local e para as regiões produtivas que as cercam. São as atividades produtivas das cidades e do campo que viabilizam a adequada ordenação do território.

    Sem reforma agrária, e sem um redirecionamento da produção nacional para o atendimento das necessidades básicas do povo, não haverá produção local suficiente para estimular as trocas econômicas nas vilas e cidades menores, e as estradas continuarão a ser meros corredores de transporte para as exportações e para os emigrantes rurais e urbanos em direção aos grandes centros.

    No Brasil e na América Latina, desde o início da colonização européia, a ‘fazenda’ é o modelo social vigente e o ‘fazendeiro’ ainda é venerado como um ‘deus todo-poderoso’. Obviamente, as elites rurais, ‘proprietárias’ da terra, não querem mudanças.

    Mas a terra deve ser um bem-social, deve ser distribuída de acordo com as necessidades da sociedade, como acontece na grande maioria dos países hoje desenvolvidos e que, há séculos, realizaram sucessivas reformas agrárias distributivas. Por exemplo: França e Suécia realizaram reformas agrárias no século XVIII; Finlândia nos séculos XVIII, XIX e XX; EUA, Dinamarca, Canadá e Grécia no século XIX; Irlanda e Japão nos séculos XIX e XX; China no século XX.

    Em uma sociedade democrática como é a nossa hoje, tal questão precisa e deve ser examinada com atenção. Talvez possamos pensar a ideologia da ‘propriedade rural’, do ‘fazendeiro’, em termos de uma estratégia de realocação, estimulando a descentralização urbana.

    A tragédia no Rio está a despertar um debate fundamental que precisa ser ampliado. Essa ampliação do debate somente ocorrerá à medida que nossa democracia se torne mais participativa, ampliando-se, e à medida que temas fundamentais passem a ser submetidos à população para sua análise e posicionamento, o que talvez somente seja possível através da democratização da comunicação no país, mas este é assunto para outro artigo…

    É preciso alargar o horizonte das demandas – não se trata de requerermos reforma urbana, apenas, mas reforma agrária também; ou seja, ampla reforma da terra. Há mérito em nos lembrarmos da necessidade e urgência da reforma urbana, entretanto, ao fazê-lo, apenas nos acercamos timidamente da ainda mais abrangente e explosiva questão, realmente crucial e que precisa ser abordada simultaneamente: a questão da reforma agrária.

    *Marisa Choguill é arquiteta, PhD em planejamento urbano, consultora, professora e editora assistente da revista acadêmica Habitat International.

    Breve comentário sobre o tema:
    A autora trata de questões pertinentes e fundamentais, mas passa por cima (de forma muito superficial) de uma questão fundamental: a ordenação territorial da produção industrial.

    É necessário o governo criar incentivos e/ou coerções, afim de, descentralizar a produção industrial e consequentemente a população.

    Milton Santos, saudoso geográfo brasileiro, já denunciava que a liberdade alocativa das grandes indústrias poderia gerar problemas graves sobre a alocação populacional, especialmente de pessoas de baixo status social, como o concentração de pobres em áres impróprias para a moradia.

    Poderiamos citar David Havey, sociólogo amaricano que trabalhou, em um de seus livros, com as consequências da liberdade alocativa das indústrias no território americano. Assim como aqui, o capitalismo cria um espaço muito típico: área central voltada para a indústria e o comércio e a periferia para as residências, e quanto mais pobre o indivíduo mais distante terá que residir (pelo menos legalmente). Como os custos com locomoção são grandes, preferem achar uma encosta (ou área sem valor comercial) qualquer para morar, desde que esse seja o mais perto possível do trabalho.
    Em se tratando em Reforma Agrária, é igualmente necessário descentralizar a produção industrial, uma vez que quem produz necessita escoar a produção. Não adianta ofertar terras distantes dos possíveis compradores em potencial. Vivemos em uma sociedade consumista, o indivíduo não deseja apenas a subsistência… a horta do fundo do quintal… Pensar em subsitência é pensar no século passado. O produtor ruaral quer produzir e vender para desfrutar de confortos e praticidades. As cooperativas tem buscado o mesmo objetivo: produzir para vender, para consumir.
    Volto a bater na mesma tecla: é necessário o governo criar incentivos e/ou coerções, afim de, descentralizar a produção industrial e consequentemente a população.

  • Direitos Humanos em Cordel

    Direitos Humanos em Cordel

    Direitos Humanos

    Segue abaixo uma dica para trabalhar os artigos dos Direitos Humanos de Forma descontraída – por meio da leitura de cordel.

    A Declaração Universal dos Direits Humanos (em Português) pode ser acessado em  tp://dh.educacaoadistancia.org.br/arquivos/textos/PDFonline_Preambulo.pdf

    ou se preferir pode baixar o original em:

    Segue abaixo o cordel:

    Introdução
    O pensamento humanitário
    Produziu transformação,
    Para o direito fundamental,
    Do homem ou cidadão.
    Americanos e franceses,
    Formalizam Declaração.

    Revoluções do século dezoito
    Vêm suscitar e favorecer,
    Os ideais filosóficos,
    De Rosseau e Montesquieu,
    Os quais contribuíram,
    Pró movimento crescer.

    A Declaração da França
    Foi universalizante,
    A iniciativa popular
    Foi sua representante.
    Hoje serve de modelo,
    Um documento marcante.

    A concepção francesa
    Era da individualidade,
    Mas num estilo lapidar
    Enfatiza a liberdade,
    A igualdade e o legal
    E ainda a propriedade.

    A Burguesia liberal
    Ajudou na revolução,
    Pois o absolutismo,
    Tinha a dominação,
    Mais adiante porém,
    Promoveu a opressão.

    O progresso industrial
    Acentua desigualdade,
    O trabalhador explorado,
    Ficou sem propriedade
    E sem salário condigno,
    Aumentou a gravidade.

    Nesse quadro avassalador
    Surge Marx o cientista
    Criticando a igualdade
    Feita por capitalista,
    Discutiu essas ideias,
    No Manifesto Comunista.

    A concentração de riquezas
    Na mão duma minoria,
    É o que provoca a miséria
    De toda uma maioria.
    Pra dividir esse bolo,
    Só com muita rebeldia.

    Assim continua o homem
    Em busca da perfeição,
    Pouco se preocupando
    Com a humanização,
    Apesar das deficiências
    Temos a Declaração.

    No ano de quarenta e oito
    Dia dez, mês do natal
    A Assembléia da ONU,
    De modo universal,
    Aprova os direitos do homem,
    Pra cumprimento integral.

    1
    Pelo artigo primeiro
    Somos iguais em dignidade,
    Direitos e nascemos livres,
    Pra agir com fraternidade.
    Fico triste em lhes falar,
    Que não é a realidade.

    2
    O segundo manda gozar
    Do direito e da liberdade,
    Sem utilizar distinção
    De raça , cor , religiosidade,
    Opinião política, riqueza…
    Será que isso é verdade?

    3
    As palavras do terceiro
    Nos diz o essencial,
    Todos têm direito a vida,
    A segurança pessoal
    E ainda a liberdade,
    Bonito! mais irreal.

    4
    O quarto é enfático,
    Proíbe a escravidão,
    Só que os juros pagos,
    Pra manter globalização,
    Está nos deixando servos,
    Eternizando a prisão.

    5
    Quinto vem ser o artigo
    Que não deixa torturar,
    Condena-se a Polícia
    Sem antes observar,
    Que a maior violência,
    É não poder se educar.

    6
    O sexto nos informar
    Que o homem tem o direito,
    Perante a lei do mundo,
    Ser tratado com respeito,
    Mas Países descumprem
    A regra deste preceito.

    7
    No sétimo somos iguais
    Não havendo distinção
    Diante a lei e o direito,
    Desses temos proteção,
    O forte ainda consegue
    Manter discriminação.

    8
    O oitavo nos ensina
    A procurar os Tribunais,
    Contra os atos que violem
    Os direitos fundamentais,
    Mas a suntuosa justiça,
    Pouco tem sido eficaz.

    9
    Ninguém, pelo artigo nono
    Será preso ilegalmente,
    Detido ou exilado,
    Se arbitrariamente,
    O descumprimento é flagrante,
    Analise historicamente!

    10
    O artigo dez não inventa
    Diz o fundamental,
    Igualmente temos direito
    A uma justiça imparcial,
    Tem País que ainda julga,
    Tem uma defesa legal.

    11
    Pelo onze não se acusa
    Sem devido processo legal,
    Tudo deve está previsto
    Na lei de cada local.
    Mas inocentes são vítimas,
    De bombardeio fatal.

    12
    Na regra do artigo doze
    Não haverá interferência
    Na vida privada, no lar
    Ou numa correspondência,
    Essas normas são violadas
    Até com muita insistência.

    13
    Fala o treze da liberdade
    De locomover e morar,
    Dentro de um território,
    Podendo sair e retornar,
    Mas existem ditaduras
    Que persistem em violar.

    14
    O quatorze dá direito
    A vítima de perseguição,
    Que pode procurar asilo,
    Em seja qual for a nação,
    Muitos Países descumprem
    E não dão essa proteção.

    15
    Pelo quinze fazemos jus
    A uma nacionalidade,
    Não podemos ser privados
    Dessa legal faculdade,
    Podendo até mudá-la,
    Se houver necessidade.

    16
    O dezesseis nos ensina
    Que maiores de idade,
    Podem contrair matrimônio,
    Por espontânea vontade,
    O duro é manter a família,
    Agregando-a a realidade.

    17
    O dezessete vem tratar
    Do direito à Propriedade,
    A qual não se deve violar
    Pela arbitrariedade,
    Poucos são donos de tudo,
    Muitos na precariedade.

    18
    Pelo dezoito somos livres
    Pra refletir e pensar,
    De cultuar religião
    Quando nela acreditar,
    Cristãos, judeus e outros,
    Teimam em se digladiar.

    19
    O dezenove complementa
    A ideia do anterior,
    Expressaremos opiniões
    Seja em que lugar for,
    Se não houver embaraços
    Com prepotente ditador.

    20
    O artigo vinte agrega
    Liberando reunião,
    Podemos pacificamente,
    Criar associação,
    Mas os ricos liberais,
    Preferem desunião.

    21
    O vinte e um nos indica
    Que podemos governar,
    Escolhendo representantes,
    Ou se um pleito conquistar,
    Mas voto é mercadoria
    E só ganha marajá.

    22
    Pretende o vinte e dois
    Dá segurança social,
    A que fazemos jus,
    Pelo esforço nacional,
    Mas educação e saúde,
    Estão num plano orbital.

    23
    Pelo artigo vinte e três
    O homem deve trabalhar
    Ter remuneração decente,
    E sindicato organizar,
    Os projetos globalizantes,
    Querem com isso acabar.

    24
    É no vinte e quatro
    Que podemos repousar,
    Ter lazer, férias com grana,
    E na Europa passear,
    Um sonho do operário,
    Que mal pode se alimentar.

    25
    É direito no vinte e cinco,
    Ter padrão de vida real,
    Alimentar-se, morar bem,
    Ter um bem-estar social,
    O difícil é ter acesso,
    Ao que é fundamental.

    26
    Agora pelo vinte e seis,
    Tenho que ter instrução
    Pra compreender a miséria
    E debater a questão,
    O poder sabendo disso,
    Destrói a educação.

    27
    O artigo vinte e sete
    Vem nos dá a proteção,
    Sobre o que se produz
    Pra cultura da nação,
    O nosso direito autoral,
    Não esboça reação.

    28
    O vinte e oito se apega
    Na ordem sócio-global,
    Pra que o estabelecido,
    Realize-se no total,
    O preceito é coerente,
    Mas não cumprem no final.

    29
    Prevê o vinte e nove
    A nossa obrigação,
    De respeitarmos as leis
    E também o nosso irmão,
    No entanto há violência,
    Por faltar compreensão.

    30
    Chego no artigo trinta
    Vejo nele a previsão,
    Que nenhum dispositivo
    Da presente declaração,
    Seja porém destruídos
    Por revoltosa nação.

    Analisei as premissas
    Dos direitos fundamentais,
    Mostrei a Declaração,
    Nos seus aspectos formais,
    Dissequei todos artigos,
    Fazendo críticas leais.

    O homem sempre lutou
    Pra reaver seu direito
    A história mostra isso
    De modo muito perfeito,
    Mas apesar do progresso,
    Persistimos no defeito

    Fiz um breve retrospecto
    Do que é primordial,
    Para que o homem viva
    Na sociedade ideal,
    Espero que no futuro
    Não existe desigual.

    Tenho medicação certa
    Pra que todos vivam bem
    Acabe com a ganância,
    Divida o que você tem,
    Pois na vida espiritual,
    Não precisará de vintém.

    Dedico esse trabalho
    A quem nele acreditar,
    A Deus referencio
    Por ele me ajudar.
    A Terra será um éden,
    Quando povo se agregar.

    Dados do autor:
    Salete Maria da SilvaEstudante do 7º período do Curso de Direito(noturno) na UFRN.
    Natal/RN, 20 de novembro de 1998.
    Editado pelo Projeto Mandacaru de Literatura de Cordel.
    Fonte: https://www.dhnet.org.br/direitos/deconu/textos/cordel.htm
    https://www.onu-brasil.org.br/documentos_direitoshumanos.php

  • Anthony Giddens: Sociologia

    Anthony Giddens: Sociologia

    Anthony Giddens: Sociologia

    Tradução de Cristiano Bodart

    giddens
    1. O desenvolvimento de um ponto de vista sociológico
    Aprender a pensar sociológicamente – em outras palavras, usar um enfoque mais amplo – significa cultivar a imaginação. Como sociólogos, temos que imaginar, por exemplo, como experimentam o sexo e o matrimônio aquelas pessoas – a maioria da humanidade até a pouco tempo – para quem o amor romântico lhes é alheio e incluso lhes parece absurdo. Estudar sociologia não pode ser um processo rotineiro de aquisição de conhecimento. Um sociólogo é alguém capaz de liberar-se da imediatez das circunstâncias pessoais para por as coisas em um contexto mais amplo.  O trabalho sociológico depende do que o autor americano Wright Mills, em uma célebre expressão, denominou de imaginação sociológica (Mills, 1970).
    A imaginação sociológica nos pede, sobre tudo, que sejamos capazes de pensar nos distanciando das rotinas familiares de nossas vidas cotidianas para poder vê-las como se fosse algo novo. Consideremos o simples ato de beber uma cícara de café. Que poderíamos dizer, desde um ponto de vista sociológico, deste feito de comportamento, que parece ter tão pouco interesse?: Muitíssimas coisas. Em primeiro lugar, poderíamos apontar que o café não é só uma bebida, já que tem um valor simbólico como parte de uns rituais sociais cotidianos. Com freqüência o ritual a que vá unindo o beber café á muito mais importante que o ato em si. Duas pessoas que ficam para tomar um café provavelmente têm mais interesse em encontrar-se  e bater papo do que apenas beber. A bebida e a comida dão lugar em todas as sociedades a oportunidades para a interação social e a execução de rituais, e isto constituem um interessantíssimo objeto de estudo sociológico.
    Em segundo lugar, o café é uma droga que contem cafeína, a qual tem um efeito estimulante no cérebro. A maioría das pessoas na cultura ocidental não considera que os adeptos ao café consomem droga. Como o alcool, o café é uma droga aceitada socialmente, em outras que a maconha, por exemplo, não é. No entanto, há culturas que toleram o consumo de maconha, e inclusive de cocaína, mas preocupada sobre o café e o álcool. Aos sociólogos lhes interessa saber por que existem estes contrastes.
    Em terceriro lugar, um indivíduo, ao beber uma xícara de café, forma parte de uma série extremadamente complicada de relações sociais e econômicas que se estendem por todo o mundo. Os processos de produção, transporte e distribução desta substância requerem transações continuadas entre pessoas que se encontram a milhas de kilometros de quem o consome consume. O estudo destas transações globais constituem uma tarefa importante para a Sociologia, posto que muitos aspectos de nossas vidas atuais vêm sendo afetadas por comunicações e influências sociais que tem lugar na escala mundial.
          Finalmente, o ato de beber uma xícara de café supoe que anteriormente se tem produzido um processo de desenvolvimento social e econômico.
          Junto com outros muitos componentes da dieta ocidental agora habituais — como chá, bananas, batatas e açúcar branco, o consumo do café começou a se espalhar no final do século XIX, e embora tenha originado no Oriente Médio, a enorme demanda por este produto desde o período da expansão colonial ocidental meio século atrás. Atualmente, quase todos bebem café nos países ocidentais a partir de áreas (América do Sul e África) que foram colonizados pelos europeus, mas de jeito nenhum é um componente da dieta “natural” do Ocidente.
     Sociología del café
    1.  Valor simbólico: para muchos occidentales la taza de café por la mañana es un rito personal, que se repite con otras personas a lo largo del día.
    2. Utilización como droga: Muchos beben café para darse un «empujón adicional». Algunas culturas prohiben su uso.
    3. Relaciones sociales y económicas: el cultivo, empaquetado, distribución y comercialización del café son actividades de carácter global que afectan a diversas culturas, grupos sociales y organizaciones dentro de esas mismas culturas, así como a miles de individuos. Gran parte del café que se consume en Europa y los Estados Unidos se importa de Sudamérica.
    4. Desarrollo social y económico anterior: Las «relaciones en torno al café» actuales no siempre existieron. Se desarrollaron gradualmente y podrían desaparecer en el futuro.
  • Plano de aula de Sociologia

    Plano de aula de Sociologia

    plano de aula
    Todo início de ano é comum professores de diversas ciências se depararem com a seguinte inquietude:
    Devo partir de que assunto? Como tornar minha disciplina mais atraente, assim como levar meus alunos a compreender sua importância?
    Com a Sociologia não é diferente! É sabido que para cada realidade social existe uma fórmula diferente. Mas, grosso modo, existem uma base que pode ser (tomando os devidos cuidados) replicados em vários contextos escolares.
    Os principais pensadores das teorias sociais, tais como Karl Marx, Emile Durkheim, Mauss, Spencer, Max Weber, entre outros, se debruçaram sobre a relação individuo e sociedade, sobre a dialética, a contradição, os nexos, a interdependência, enfim, sobre como os indivíduos criam as estruturas sociais e são criados por elas. Acredito que esse pode ser o ponto de início da disciplina. Desta forma, podemos partir da persanalidade dos alunos, levando-os a compreender quem são e como se formaram no que são. Buscando indicar de quais formas a sociedade influencia em nossa formação e de quais formas podemos construir ou transformar a sociedade.
    “A imaginação sociológica capacita seu possuidor a compreender o cenário histórico mais amplo, em termos de seu significado para a vida intima e para a carreira exterior de numerosos indivíduos. Permite-lhe levar em conta como os indivíduos, na agitação de sua experiência diária, adquirem freqüentemente uma consciência falsa de suas posições sociais. Dentro dessa agitação, busca-se a estrutura da sociedade moderna e dentro dessa estrutura são formuladas as psicologias de diferentes homens e mulheres. Através disso, a ansiedade pessoal dos indivíduos é focalizada sobre fatos explícitos e a indiferença do público se transforma em participação nas questões públicas.
    O primeiro fruto dessa imaginação _ e a primeira lição da ciência social que incorpora _ é a ideia de que o individuo só pode compreender sua própria experiência e avaliar seu próprio destino localizando-se dentro de seu período; só pode conhecer suas possibilidades na vida tornando-se cônscio das possibilidades de todas as pessoas, nas mesmas circunstâncias em que ele. Sob muitos aspectos, é uma lição terrível; sob muitos outros, magnífica. Não conhecemos os limites da capacidade que tem o homem de realizar esforços supremos ou degradar-se voluntariamente, de agonia ou exultação, de brutalidade que traz prazer ou deleite da razão. Mas em nossa época chegamos a saber que os limites da ‘natureza humana’ são assustadoramente amplos. Chegamos a saber que todo individuo vive, de uma geração até a seguinte, numa determinada sociedade; que vive uma biografia e que vive dentro de uma seqüência histórica. E pelo fato de viver, contribui, por menos que seja, para o condicionamento dessa sociedade e para o curso de sua história, ao mesmo tempo em que é condicionado pela sociedade e pelo seu processo histórico.
    A imaginação sociológica nos permite compreender a história e a biografia e as relações entre ambas, dentro da sociedade. Essa é sua tarefa e sua promessa. A marca do analista social clássico é o reconhecimento delas […]” (Mills, 1975, p.11-12).
    Entendendo que somos e como nos formamos e nos reformamos, podemos partir para a discussão dos problemas que nos afligem. É certo que, geralmente, não trata-se de apenas problemas pessoais, desconexos com a sociedade. Assim poderemos discutir os problemas sociais mais amplos e identificarmos o quanto é importante compreendermos a sociedade para compreendermos nós mesmos.
    “Talvez a distinção mais proveitosa usada pela imaginação sociológica seja a entre as ‘perturbações pessoais originadas no meio mais próximo’ e ‘as questões públicas da estrutura social’. Essa distinção é um instrumento essencial da imaginação sociológica e uma característica de todo trabalho clássico na ciência social.” (MILLS, 1975, p.14)
    […] Nessas condições consideremos o desemprego. Quando, numa cidade de cem mil habitantes, somente um homem está desempregado, isso é seu problema pessoal, e para sua solução examinamos adequadamente o caráter do homem, suas habilidades e suas oportunidades imediatas. Mas quando numa nação de 50 milhões de empregados, 15 milhões de homens não encontram trabalho, isso é uma questão pública, e não podemos esperar sua solução dentro da escala de oportunidades abertas às pessoas individualmente. A estrutura mesma das oportunidades entrou em colapso. Tanto a formulação exata do problema como a gama de soluções possíveis exigem que consideremos as instituições econômicas e políticas da sociedade e não apenas a situação pessoal e o caráter de um punhado de indivíduos.” (MILLS, 1975, p.15)

     

    Assim, podemos levar os indivíduos a descombrirem que os outros influenciam em nossa vida, assim como os influenciamos. Compreendermos que a imaginação sociológica é fundamental para sermos pessoas melhores.
  • Sociólogos

    Sociólogos

    Galeria sociolC3B3gica 
    Hobbes, Rousseau, Montesquieu, Locke, Tocqueville, Comte, Spencer, Freud, Gramsci, Karl Mannheim, Schumpeter, Adorno, Marcuse, Mead, Goffman, Mills, Habermas, Castells, Giddens, Honnet; Brasileiros: Ianni, Furtado, Faoro, Florestan, FHC, José Murilo Carvalho, Da Matta
    Fonte: Blog Fato Sociológico
  • piada globalização?

    piada globalização?

    Uma resposta irónica mas verdadeira

    escola globalizaC3A7C3A3o
    Pergunta: Qual é a mais correta definição de Globalização?
    Resposta: A Morte da Princesa Diana.
    Pergunta: Por quê?
    Resposta: Uma princesa inglesa com um namorado egípcio, tem um acidente de carro dentro de um túnel francês, num carro alemão com motor holandês, conduzido por um belga, bêbado de whisky escocês, que era seguido por paparazzis italianos, em motos japonesas. A princesa foi tratada por um médico americano, que usou medicamentos brasileiros.
    E isto é enviado a você por um brasileiro, usando tecnologia americana -(Bill Gates), e, provavelmente, você está lendo isso por ter sido escrito em um computador genérico que usa chips feitos em Taiwan, e um monitor coreano montado por trabalhadores de Bangladesh, numa fábrica de Singapura, transportado em caminhões conduzidos por indianos, roubados por indonésios, descarregados por pescadores sicilianos, reempacotados por mexicanos e, finalmente, vendido ao professor por judeus, através de uma conexão paraguaia.

    Isto é GLOBALIZAÇÃO!!!”

    Fonte: autor desconhecido