Trabalhando como o cotidiano dos alunos. Isso já é de mais.

Venho reeditar esse post devido a uma notícia que vi hoje na net (embora antiga).

“Um professor de matemática de uma escola estadual de Santos, no litoral de São Paulo, é suspeito de fazer “apologia ao crime” por passar aos alunos do primeiro ano do ensino médio seis problemas que citam temas como tráfico de entorpecentes, prostituição, roubo de veículos, assassinato e uso de armas de fogo”.
Veja a reportagem completa em:
https://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/02/professor-de-matematica-e-acusado-de-apologia-ao-crime-em-santos.html

É comum educadores e pedagogos afirmarem que nós, professores, devemos adequar o conteúdo à realidade dos alunos. Mas isso é de mais.
Segue abaixo a prova “supostamente” adequada a realidade de alunos utilizada por um professor de matemática.
É claro que tal prova é um absurdo. Trabalhar a realidade do aluno para transformá-la é o desejável, mas tratar dessa forma apenas colabora para a naturalização tal realidade, bem como para colaborar para a alienação dos alunos e para a produção de esteriótipos preconceituosos.

O que acham?

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

4 Comments

  1. Olá Cristiano.

    Adorei a Prova… hahaha Bem na realidade do aluno, podemos até achar engraçado, brincar, mas acredito que se uma prova dessa fosse aplicada a alunos mesmo, a média de nota seria acima de 7 com certeza…rsrsrs

    Como seria uma prova de Sociologia seguindo esse mesmo padrão de "Realidade"? Seria bacana colocar uma aqui heim..rsrsrsrsrs

    Abraços

  2. Olá, vendo este post fiquei horrorizada, pois também acredito que os professores devem 'adequar-se' ao cotidiano dos alunos, mas acredito que essas atitudes podem provocar um efeito negativo. Por exemplo, nesta semana fui a uma palestra que contava a história da capoeira e a trajetória dos negros, enfim, durante a palestra um dos mestres de capoeira afirmou que usava a violência como método de educação, fiquei abismada com sua colocação e o mesmo repetia a fala por várias vezes, logo pensei ' e se um dos seus instrutores, que futuramente darão aulas e serão mestres, seguirem seus passos, qual a imagem que as pessoas terão da capoeira? Isso não contribuirá para sua marginalização?', e é pensando nisso que temo a interpretação que alguns educadores fazem da ideia de 'adequar-se ao mundo dos alunos'.

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