A primeira vez a gente nunca esquece!

Por Cristiano Bodart
A primeira vez a gente nunca esquece! Quase todo mundo lembra de sua primeira vez. Uns relembram com grande entusiasmo gostando de narrar cada detalhe, outros, por sua vez, preferem nem falar do assunto por ter sido marcado pelo nervosismo e por um desempenho abaixo do esperado. Uns acreditam que seu desempenho foi bem melhor do que realmente foi.
Na primeira vez, o coração bate acima do normal, o corpo derrama gotas de suor e as pernas tremem. É natural essas sensações frente à iniciação. O que apenas ouvíamos quando mais novos, agora precisávamos colocar em prática sem decepcionar.
Recordo de minha primeira vez. Eu, ao meu ver, era ainda muito novo. Talvez minha primeira talvez tenha sido precoce para alguns e tardio para outros. Eu tinha 19 anos. Meus pais esperavam que uma hora ou outra eu iria passar por aquilo, mas talvez não contavam que fosse tão cedo.
Meu desempenho foi dentro da média, embora eu tremia muito. Não me recordo dos detalhes devido ao nervosismo. Lembro apenas que estávamos entre quatro paredes. Eu buscava olhar para o teto ou para “o nada”, evitando o olho-a-olho. Me recordo apenas daquela garota sentada a minha frente esperando muito de mim. Eu tremia…
Passado a primeira vez, as coisas ficam mais fáceis. Vamos aprendendo novas técnicas que não conhecíamos, assim como o que falar e em qual momento falar, bem como o tom de voz a ser usado em cada instante.
Hoje me considero experiente. Dar aula ficou mais fácil. Agora encaro todos os alunos de frente com naturalidade e busco dar o meu melhor, embora a primeira vez tenha sido importante… hoje estou mais apto a prática docente. De qualquer forma, a primeira vez a gente nunca esquece.

 

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

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