Aula sobre meio ambiente

aula sobre meio ambiente

Para iniciar uma Aula sobre meio ambiente é preciso ter alguns pressupostos e noções em mente. O ensino médio é uma etapa crucial na formação cidadã dos jovens. É neste período que valores, identidades e posicionamentos ganham maior nitidez, abrindo espaço para reflexões que transcendam os limites da sala de aula e toquem diretamente na realidade cotidiana dos estudantes. Dentro desse contexto, promover uma aula sobre meio ambiente não deve ser apenas uma oportunidade para apresentar conceitos científicos, mas um ponto de partida para o exercício da criticidade, da empatia e da ação transformadora.

O 1º Caderno do Professor – Ensino Médio, desenvolvido pela Secretaria de Educação do Pará, em parceria com o Instituto Iungo, propõe uma abordagem inovadora, contextualizada e profundamente engajada com os desafios atuais da educação ambiental. A partir da perspectiva da Amazônia e das juventudes amazônidas, o material constrói um percurso didático que integra ciência, cultura, história e cidadania, articulando teoria e prática em um ciclo de 10 horas, dividido em cinco situações de aprendizagem.

Essa proposta vai ao encontro das diretrizes da BNCC, mobilizando competências gerais como o uso crítico e consciente dos saberes (CG1), o desenvolvimento do pensamento científico (CG2) e o exercício da argumentação ética com foco na sustentabilidade (CG7). Ao mesmo tempo, ela incorpora os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, com ênfase nos ODS 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis) e ODS 13 (Ação Contra a Mudança Global do Clima).

A importância da educação ambiental no Ensino Médio em Aula sobre meio ambiente

A educação ambiental é muito mais do que ensinar sobre reciclagem ou mudanças climáticas. Trata-se de um processo formativo contínuo que busca integrar conhecimentos, habilidades, valores e atitudes, com o objetivo de formar sujeitos capazes de refletir criticamente sobre sua relação com a natureza e com os outros seres humanos. Conforme definido na Declaração de Tbilisi (Unesco, 1977), a educação ambiental deve promover a percepção da interdependência entre os aspectos naturais e sociais do ambiente, visando à construção de uma nova ética planetária.

No Brasil, a Lei nº 9.795/1999 estabeleceu a Política Nacional de Educação Ambiental e consolidou os princípios que norteiam esse campo do saber. Entre eles, destaca-se a valorização da diversidade cultural, a promoção da participação social e a articulação interdisciplinar. Isso significa que uma aula sobre meio ambiente precisa dialogar com diferentes áreas do conhecimento, respeitando os contextos socioculturais dos alunos e incentivando sua atuação como agentes de transformação.

Situação de Aprendizagem 1: “Educação Ambiental: também estamos nesta história” para Aula sobre meio ambiente

A proposta didática do Caderno do Professor inicia com uma situação de aprendizagem que convida os estudantes a refletirem sobre o que é educação ambiental e qual o seu papel na sociedade contemporânea. Trata-se de uma aula introdutória, com duração de duas aulas, que busca mobilizar o repertório prévio dos jovens e provocar o debate sobre emergências ambientais, história das conferências internacionais e possibilidades de atuação cidadã.

A aula começa com um bate-papo instigante chamado “Educação ambiental tem a ver com…”. Por meio de frases provocativas, os estudantes são incentivados a tomar posicionamentos e justificá-los. Essa dinâmica cria um ambiente participativo e favorece o desenvolvimento da argumentação crítica. As frases propostas, como “Educação ambiental tem pouco a ver com questões individuais” ou “Educação ambiental tem mais a ver com Biologia do que com outras matérias”, abrem margem para análises que ampliam a visão dos estudantes sobre a amplitude e a complexidade da temática ambiental.

Durante essa atividade, é importante que o(a) professor(a) atue como mediador(a), incentivando a reflexão e promovendo conexões com o cotidiano dos estudantes. Ao final, propõe-se que eles reformulem uma das frases discutidas, incorporando os conhecimentos construídos no debate. Essa estratégia estimula a autonomia intelectual e valoriza o protagonismo estudantil no processo de ensino-aprendizagem.

Conexão com a realidade amazônica e os fóruns ambientais para Aula sobre meio ambiente

Outro ponto central dessa etapa introdutória é a apresentação dos principais fóruns internacionais sobre meio ambiente, como a Conferência de Estocolmo (1972) e a Rio-92. Em vez de uma abordagem expositiva e enciclopédica, o material propõe que os estudantes compreendam esses eventos a partir de uma perspectiva crítica: os fóruns surgem muitas vezes como reação a desastres ambientais, e não como prevenção. Daí a importância de desenvolver uma educação ambiental propositiva, que antecipe os problemas e promova mudanças de comportamento individuais e coletivas.

Nesse sentido, é fundamental contextualizar as emergências ambientais com exemplos locais e regionais. O Pará, por exemplo, tem vivenciado inúmeros conflitos socioambientais relacionados à mineração, à grilagem de terras e à degradação de ecossistemas. Ao mesmo tempo, o estado tem se destacado por iniciativas como o Programa Territórios pela Paz (TerPaz), que promove oficinas de educação ambiental com crianças e adolescentes em diferentes territórios da Grande Belém. Essas ações reforçam a ideia de que a Amazônia não é apenas vítima, mas também protagonista de soluções sustentáveis.

Proposta de rotação por estações: uma metodologia ativa para Aula sobre meio ambiente

Na segunda aula da situação de aprendizagem, o Caderno propõe uma metodologia ativa conhecida como “rotação por estações”. Os estudantes são divididos em pequenos grupos e passam por diferentes atividades temáticas, como:

  • Estação 1: O que são emergências ambientais?

  • Estação 2: Conferência de Estocolmo e o desastre de Minamata

  • Estação 3: Rio-92 e o desastre de Chernobyl

Essa dinâmica favorece a aprendizagem colaborativa, o uso de recursos tecnológicos e a análise crítica de contextos históricos e ambientais. Além disso, permite que os estudantes façam conexões entre o passado e o presente, reconhecendo-se como parte ativa da construção de um futuro mais justo e sustentável.

Ao final das atividades, realiza-se uma roda de conversa para sistematizar as aprendizagens e aprofundar as discussões. Algumas perguntas disparadoras sugeridas são: “Ainda acontecem emergências ambientais?”, “Como a educação ambiental pode evitar desastres?”, “Vocês se sentem parte da história ambiental do nosso planeta?”. Essas questões ajudam a consolidar os conhecimentos e a fortalecer o vínculo afetivo e ético com o meio ambiente.

Roniel Sampaio Silva

Doutorando em Educação, Mestre em Educação e Graduado em Ciências Sociais e Pedagogia. Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – Campus Teresina Zona Sul.

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