Dica de como induzir o aluno a realizar uma leitura mais atenta dos textos

Leitura e aprendizagem

Por Cristiano das Neves Bodart

A leitura é fundamental para o processo de aprendizagem, porém vem sendo cada vez mais difícil induzir o aluno a realizar leituras atentas. Nesse post damos uma dica de como induzir o aluno a realizar uma leitura mais atenta. Trata-se de uma dica simples, mais bastante eficiente! 

Basta pegar o texto que deseja que seus alunos leiam e extrair deles palavras para serem completadas ao longo da leitura. As palavras excluídas podem ou não ser apresentadas aos alunos. Isso pode ser realizado com qualquer texto, inclusive para averiguar se os alunos conhecem bem os conceitos tratados em sala de aula. Segue um exemplo:

ATIVIDADE DE LEITURA INTRODUTÓRIA SOBRE RELAÇÕES DE GÊNERO

Leia o texto a seguir preenchendo os campos em branco com as palavras a seguir, dando-lhe o devido sentido às frases do texto.

mulherespoderteoria
cuidadoradivisão sexual do trabalhoorientação sexual
sociedaderelações de dominaçãopatriarcais
violênciaquestionarmulheres

Texto: Discutindo relações de gênero por meio de um curta-metragem. Por que não?

Por Cristiano das Neves Bodart

Algumas notas teóricas introdutórias

As relações de gênero estiveram na pauta dos estudos de Pierre Bourdieu e Simone Beauvoir e precisam estar nas escolas. Em 1947 Simone de Beauvoir lançava sua obra, “O segundo sexo”, que lhe renderia notoriedade acadêmica e influenciaria gerações de feministas e intelectuais dedicados aos estudos de gênero. Em 1990, o já consagrado sociólogo francês, Pierre Bourdieu, lançava “A dominação Masculina”; obra que intensificou às discussões em torno das relações de gênero no interior do campo científico, sobretudo sociológico, contudo, sem fazer menção às importantes colaborações de Beauvoir, o que lhe rendeu severas críticas. Ainda que Bourdieu não tivessem em sua obra dialogado abertamente com Beauvoir (1947), sua ___________ muito se aproximou das contribuições desta.

Trazer à sala de aula a temática “relações de gênero” certamente colabora para reduzirmos a discriminação sexual, a dominação masculina e, até mesmo, a ________________ contra a mulher.

Observando a estrutura social das sociedades _______________capitalistas notamos que os homens, em relação às __________________, são mais dotados de mais prestígio social e, consequentemente, ocupam estrato social superior, o que é observado de forma objetiva por meio das desigualdades de acesso ao mercado de trabalho, por exemplo. Exceto em sub-campos, ou espaços, que os homens não demonstram interesse em disputar por posições de distinção, tornando-se esses “espaços femininos”. Como destacou Bourdieu,

[…] Qualquer que seja sua posição no espaço social, as mulheres têm em comum o fato de estarem separadas dos homens por um coeficiente simbólico negativo que, tal como a cor da pele para os negros, ou qualquer outro sinal de pertencer a um grupo social estigmatizado, afeta negativamente tudo que elas são e fazem (BOURDIEU, 2010, p. 111).

Há, nas sociedades patriarcais, uma distribuição de poder simbólico que estrutura uma relação de ____________e posição social em situação desfavorável às _____________. Nesse sentido, a ordem social estabelecida por essa distribuição desigual tende a ratificar a dominação masculina que se materializa na divisão social do trabalho e na distribuição do produto (econômico) e do poder (político) (BOURDIEU, 2010). Na configuração estrutural das relações de poder coube à mulher o papel de________________, de sensível, de sexo frágil; características (re)produzidas socialmente. Como destacou Simone de Beauvoir, a passividade que caracterizará essencialmente a mulher “feminina” é um traço que se desenvolve nela desde os primeiros anos. Mas é um erro pretender que se trata de um dado biológico: na verdade, é um destino que lhe é imposto por seus educadores e pela ___________________(BEAUVOIR, 2009).

Para Bourdieu (2010) a família acaba assumindo o principal papel de reprodução da dominação masculina e toda a sua______________________, ainda que precocemente, o que direcionará, tanto nos homens quanto nas mulheres, a identidade de gênero e, consequentemente, o seu lugar. Parece que quanto mais clara a estratificação econômica, mais facilmente se observa as diferenças entre os gêneros na divisão social do trabalho e a percepção de que há campos onde os homens estão mais propensos a acumular mais capitais simbólicos do que as mulheres, como por exemplo, no campo político. No entanto, como bem destacou Beauvoir (2009), não se nasce mulher, torna-se mulher, o que significa dizer que há possibilidade de uma reconfiguração das _______________________e superação do habitus produzido sob a visão patriarcal, o que não é uma tarefa fácil e nem dependente apenas do indivíduo e, por outro lado, os papeis sociais das mulheres não são natas, antes são construções sociais (e por isso mesmo podem ser modificadas). É necessário _______________ as estruturas sociais, as quais tanto homens e mulheres são vítimas. Simone de Beauvoir por várias vezes destacou as dificuldades das próprias mulheres se libertarem de suas posições de “segundo sexo”, mesmo quando livra-se de tarefas “destinadas” às mulheres. Sobre essa situação, Beauvoir nos traz um exemplo bastante elucidativo da patroa que “[…] embora livrando-se do fardo de execução do trabalho, quer ter a responsabilidade dele e o mérito; ela quer imagina-se insubstituível, indispensável” (p. 312).

Discutir relações de gênero não é o mesmo que discutir __________________(tema também importante), antes é pensar os papeis sociais atribuído a cada gênero e as relações de poder (e opressão) contidas nesta divisão, o que nos leva a refletir sobre a necessidade da igualdade sexual.

 

 

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

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