Dica de Filme: Indústria do sexo

 

Por Roniel Sampaio Silva

O Documentário “Indústria do sexo” traz um debate riquíssimo que pode ser amplamente problematizado em aulas de sociologia. O filme demonstra como a indústria cultural se apropria da sexualidade de crianças e adolescentes para tirar proveito comercial.

Além disso, é possível analisar como a propaganda naturaliza a sexualidade e banaliza a erotização infantil. Em um dado momento é mostrado uma foto de uma revista pornô e outra imagem extraída de uma revista para adolescentes. Tal imagem ajuda a construir padrões de comportamento e cria representações sociais porque “os meios de comunicação são agentes de socialização” e como tal, cria novos valores indesejáveis para sociedade ainda na socialização primária. Desta maneira, os padrões estéticos e morais ficam comprometidos em uma fase em que os indivíduos não desenvolveram

plenamente suas capacidades de discernimento e nem amadureceu do ponto de vista afetivo. Garotos e garotas constroem suas referências baseadas nos atores dos filmes e não sabem desenvolver uma relação porque aprendem apenas a chegar nos “finalmentes”.

O audiovisual mostra que o feminismo, da década de 1960, que pregava a liberdade sexual para mulheres é distorcido de tal modo que a mídia coloca a figura feminina como objeto sexual de reafirmação da dominação masculina; “incrementando a violência simbólica através do qual institui um padrão de consumo e estético o qual nem todas podem ter; incrementando a ‘violência econômica’ por conta o alto padrão de consumo exigido para ter determinada aparência; bem como, consolidando uma violência política uma vez que as autoridades políticas se negam a regulamentar leis que limitem as propagandas para o segmento.”[grifo meu]

A propaganda demonstra a sexualidade como sendo o único poder possível a mulher. Assim elas têm sua preocupação direcionada para aspectos meramente estéticos os quais passam a ser construídos como centro do interesse feminino. Por essa razão, a socialização transmitida pela indústria cultural reforça sutilmente valores da dominação masculina e a ideia que a mulher deve ocupar seu tempo para ficar bonita.

Tudo isso, ao mesmo tempo, cria um jogo cruel e círculo vicioso no qual a violência simbólica e o sistema de dominação masculina tanto aprisiona as mulheres, a partir da fase da infância, como também faz com que a propaganda e as empresas se favoreçam financeiramente dessa exploração.

Roniel Sampaio Silva

Doutorando em Educação, Mestre em Educação e Graduado em Ciências Sociais e Pedagogia. Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – Campus Teresina Zona Sul.

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