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Eleições: momento de reflexão*

Por Maria Benedita de Paula e Silva Polomanei

 

Estamos vivendo mais um momento histórico com a chegada do dia 07 de outubro. Neste dia estaremos entregando a nossa cidade, Canoinhas, nas mãos de novos representantes políticos. Ou será dos mesmos? Não é minha intenção, nessas linhas, defender um candidato ou partido político embora tenha minha opinião formada. O objetivo é provocar uma reflexão sobre a importância de uma educação política para a formação do cidadão ativo que faz a diferença no meio em que está.
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O momento exige comprometimento político de quem vota e de quem pretende ser votado. Nos bares, nas ruas e rodinhas de discussões o tema parece ganhar ênfase. Uns demonstram responsabilidade ao afirmar que irão analisar propostas, as ações já realizadas. Outros não demonstram preocupações e pensam em como tirar proveito da situação e seguem conforme a força do vento. Esperam-se melhorias na educação, na saúde, em segurança e infraestrutura, pois a Princesa Gentil do Planalto clama por desenvolvimento econômico/ político/cultural. Sendo assim, faço o convite para buscarmos uma compreensão mais apurada desse processo. E inicio questionando: Você sabe o que é política? Ou é do tipo que torce o nariz e diz não gostar de política? Quem sabe, você se enquadre ao analfabeto político, àquele descrito por Bertolt Brecht que não ouve, não fala e nem participa dos acontecimentos. Se você está insatisfeito com a vida que leva, com a forma em que as coisas se acomodam, é necessário mudar, sair da zona de conforto momentâneo e correr atrás de melhorias que sustentem um amanhã mais significativo.
Hannah Arendt (filósofa política alemã de origem judia do século XX) pode nos ajudar nessas reflexões. Defende que a política baseia-se no fato da pluralidade dos homens. Ela deve, portanto, organizar e regular o convívio de diferentes, não de iguais. Surge não no homem, mas entre os homens, defendendo que a liberdade e a espontaneidade são pressupostos necessários para o surgimento de um espaço entre homens, onde só então se torna possível a política, a verdadeira política. O sentido da política é a liberdade que precisa ser construída, conquistada no diálogo, no exercício da Democracia que não se concretiza apenas no gesto de votar, mas na luta diária em prol de projetos que, embasados em políticas públicas coerentes e geridos com responsabilidade, possam contribuir para melhores condições humanas, bases para a conquista da liberdade almejada.
Continuando com as ideias defendidas pela autora já citada, o homem tem o dom de fazer milagres, pois, pode agir/tomar iniciativa/impor um novo começo deixando de ser marionete com destino fora do seu ser. E, reportando-me à canção de Almir Sater e Renato Teixeira, para melhor ilustrar o argumento, para poder exercer esse dom de ser capaz e de ser feliz, a que a letra se refere, dever-se-á fazer uso de uma ferramenta chamada pensamento. Essa ferramenta capaz de desbravar novos horizontes, gerar grandes ideias, ideias que possam tomar forma através de mãos responsáveis. E de quem poderão ser essas mãos? Respondo que poderão ser de pessoas lúcidas que, ao gerir um País, Estado ou Cidade, compreendam que política se faz num processo de trabalho conjunto para o bem comum. São ações que acontecem em público, pois o público, segundo Arendt, é o espaço original do Político.
Portando, não vamos votar em quem se esconde dentro de gabinetes, atrás de leis que não respeitam a cidadania daquele que, a seu modo, mas com ética também, ajuda a construir a nação. Não votemos naquele que, por meio de falsos discursos, levanta bandeiras que não se sustentam no campo da ação e continuam a ludibriar aqueles que, inocentemente, acreditam em falsos representantes. Está sendo dada mais uma chance para apostarmos nas lideranças corretas. Vamos analisar com cuidado. O momento exige discernimento, racionalidade. Caso contrário, serão quatro anos de arrependimento que poderão representar grandes prejuízos em termos de crescimento, de avanços qualitativos nas áreas já citadas: segurança, saúde, educação…
  • Publicado em:
BAZZANELLA (org). Crônicas do Desenvolvimento II. Conoinhas: Universidade do Contestado. 2013. 211p.

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

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